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Reajuste de 13,9% na tarifa de água é considerado baixo por Sabesp

A Sabesp considera insuficiente o aumento de 13,87% proposto pela agência reguladora dos serviços de saneamento do Estado de São Paulo, para 2015. O percentual foi divulgado em resposta à solicitação de uma revisão extraordinária das tarifas em decorrência da crise hídrica, quatro meses após uma alta de 6,49%.

“A Sabesp identificou itens a serem revistos em relação ao que a agência reguladora propôs. A nossa visão é que esse aumento está aquém daquele que nós tínhamos calculado para garantir o equilíbrio econômico-financeiro”, disse nesta terça-feira (31) o diretor econômico-financeiro e de relações com investidores, Rui Affonso, em conferência por telefone com acionistas, analistas e jornalistas.

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Os 13,87% propostos pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) já incluem um aumento de 8% referentes à inflação acumulada entre março de 2014 e março de 2015, e uma revisão extraordinária de 6,36% decorrente da crise hídrica.

O índice é preliminar e o aumento efetivo só deverá ocorrer a partir de maio. Até o dia 15 de abril, a população opinar sobre o assunto por e-mail ([email protected]), fax (11-3293-5107) ou carta (Avenida Paulista, 2.313, 4º andar). Depois disso, a Arsesp divulgará o reajuste válido e a Sabesp só o poderá aplicar após 30 dias.

Companhia não revela o que pede
A Sabesp se recusa a informar qual é o percentual ideal. Segundo Affonso, a Sabesp tem um número específico mas evitou divulgá-lo pois “se eu começo a discutir um percentual, ninguém vai prestar a atenção ao mérito.”

Para a companhia, o fundamental é debater os dois fatores que a levaram a pedir a revisão extraordinária: a diminuição no volume de água vendida à população em razão da crise hídrica e o aumento das tarifas de energia elétrica.

“A nossa discussão não é de porcentagem, mas dos pleitos: o que eles [Arsesp] consideraram de energia elétrica, com que norma foi feito o cálculo da queda de volume”, afirmou o diretor. “Nossa discussão não é de porcentagem, mas dos pleitos.”

A seca que atingiu a Região Metropolitana em 2013, 2014 e início de 2015 levou a Sabesp a restringir a oferta de água à população a implementar um sistema de bônus para forçar os consumidores a diminuir o consumo.

As medidas contribuíram para o lucro da companhia a cair 53% no ano passado, para R$ 903 milhões. Esse foi o mesmo percentual de recuo nos lucros e dividendos que deverão serão pagos aos acionistas – o governo de São Paulo é o maior deles.

Já os gastos com energia elétrica devem ficar maiores do que havia sido previsto anteriormente pela Sabesp, em razão do aumento dos custos da eletricidade no país. De acordo com a Arsesp, as altas em relação às projeções iniciais serão de 55,5% em 2015 e 96,2% em 2016.

A Arsesp chegou aos 13,87% de aumento a partir da soma desses dois fatores e do desconto do aumento da produtividade da Sabesp (item chamado de fator x). As perdas com o bônus, que custou R$ 376,4 milhões à companhia em 2014, não foram levadas em conta.

Governo Alckmin considera tarifa baixa

O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, entende que as tarifas pagas pelos clientes são insuficientes para cobrir os investimentos necessários em oferta de água e coleta e tratamento de esgoto. Por isso, inclusive, esse segundo serviço receberá menos recursos este ano em comparação com 2014.

“Os consumidores não pagam tarifa suficiente para atender aos dois objetivos”, afirmou Kelman, durante a conferência por telefone. “Temos uma quantidade de recursos limitados para investimento. Estamos investindo mais em água e menos em saneamento.”

O percentual de redução não foi divulgado. A companhia informou, entretanto, que investiu R$ 1,9 bilhão em coleta e tratamento de esgoto em 2014, e projeta aplicar R$ 843 milhões em 2015, o que significaria uma queda de 56%. Os valores voltarão ao patamar de 2014, R$ 1,9 bilhão, em 2017.

A tese de que a tarifa baixa encontra respaldo dentro governo Alckmin (PSDB). Perguntada, em 18 de março, se considerava que os valores cobrados pela Sabesp eram baixos, a secretária-adjunta de Recursos Hídricos, Mônica Porto, concordou. Ela defende uma revisão completa no sistema de tarifação da Sabesp.

 

Fonte: IG

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