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Resíduo retirado na dragagem do Porto de Santos pode gerar energia

Um engenheiro ambiental em Cubatão (SP) descobriu que os resíduos retirados da dragagem no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, possuem um potencial elétrico que podem acender pequenas lâmpadas e carregar celulares, por exemplo. O estudo foi baseado em pesquisas no Porto do Rio Grande, onde também foi feita a dragagem. Porém, o resultado encontrado na Baixada Santista deu resultados bem melhores. Segundo o estudo, quanto mais resíduo, mais energia elétrica.

O jovem engenheiro ambiental Gabriel Estevam, do Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (CEPEMA), começou a realizar estudos com os resíduos que estavam sendo retirados do Porto de Santos durante a dragagem de aprofundamento do canal de navegação. A ideia partiu de uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Os sedimentos da dragagem realizada no Porto do Rio Grande, separados, podiam produzir eletricidade já que o material continha grandes quantidades de ferro e enxofre. Por isso, há cerca de 3 anos, Estevam resolveu descobrir se o mesmo acontecia no Porto de Santos, o maior da América Latina, e que fica próximo a um Polo Industrial, em Cubatão, o que gera mais poluição ambiental nos mares e rios.

Com um equipamento e um barco, ele passou a coletar amostras dos sedimentos portuários e analisá-los em laboratório. “São restos de areia de matéria orgânica, conchas, pedras, uma série de materiais que encontramos no sedimento natural. O que torna ele resíduo é a contaminação por conta do Polo Industrial. Todos os rios da região deságuam no estuário e eles carregam o sedimento”, explica Estevam.

Os resíduos contêm bactérias e foi preciso mantê-las vivas dentro do laboratório para realizar a pesquisa. O engenheiro ambiental teve que simular o ambiente natural desses micro-organismos. “Como elas não estão no canal, eu jogo restos de peixe, vou alimentando a bactéria, com boas condições de temperatura e de oxigênio para que elas possam fazer essa síntese de energia elétrica”, explica.

Após o monitoramento de muitas amostras, o jovem descobriu que os resíduos localizados no canal do Porto de Santos também tem um potencial elétrico, assim como os do Porto de Rio Grande, porém com um nível mais elevado. “Estamos captando uma faixa de 1,0 volts. Lá, o máximo que eles captam é 0,25 volts. O resíduo é o mesmo, o que vai interferir é a quantidade de contaminantes. Com 1 volts conseguimos acender lâmpadas menores de led ou até carregar um celular”, explica ele.

O mestre em engenheira elétrica Mauro Sergio Braga criou um sistema para monitorar os elétrons provenientes das bactérias dos resíduo e manter o fornecimento de energia elétrica. Braga explica que a bactéria em laboratório, como está em pequenas quantidades, tem pouca capacidade de fornecimento de correntes elétricas. “Porém, levando isso em larga escala, a produção de geração de energia será muito maior e capaz de gerar fornecimento contínuo de energia”, diz.

De acordo com Braga, por meio de sistemas de controle e armazenamento desses microorganismos, pode ser possível condicionar essa energia em bateria. “A ideia é que essa energia possa ser aproveitada, assim como hoje existem as placas solares” afirma o especialista.

De acordo com os pesquisadores, a colônia de bactérias que produz a energia foi apelidada de ‘micróbio elétrico’ e não tem nome científico. Ela é composta por uma série de bactérias. Por isso, Estevam e Braga estão tentando separá-las para entender cada uma delas e identificar qual tem o maior potencial elétrico. “Uma vez que você identifica uma bactéria que tem maior potencial de energia, isolar essa bactéria é uma forma de mostrar que ela tem maior eficiência. Ela será predominante no sistema”, explica Braga.

De acordo com a Secretaria de Portos, já foram removidos 13,5 milhões de m3 de material na etapa de aprofundamento, que aconteceu entre setembro de 2009 a agosto de 2012. Anualmente, se estima a necessidade de dragar o volume aproximado de 6 milhões de m3 em razão do assoreamento natural, volume que pode variar considerando as condições meteorológicas observadas ao longo do ano. O material é removido e despejado a a 15,5 milhas náuticas de distância em uma área devidamente licenciada pelo IBAMA.

Estevam diz ainda que este resíduo está sendo despejado em algumas áreas de mar aberto próximas a baia de Santos e poderiam ser aproveitados para a produção de energia elétrica. De acordo com ele, o mesmo sistema utilizado em laboratório funciona em larga escala. “Uma escala maior seria um projeto piloto. Nós temos tanques e um eletrodo para a captação de elétrons. Esses elétrons, quando você o converte em fluxos contínuos, é a energia elétrica. Não é uma coisa complicada”, afirma. Além da produção de energia, a reutilização dos resíduos auxiliaria na preservação dos mares e do meio ambiente na Baixada Santista. “Seria um material que seria despejado no mar e vamos utilizar isso para fins de produção de energia. Aqui seria um cenário muito promissor para isso”, comenta Braga.

Fonte: G1
Veja mais: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/03/residuo-retirado-na-dragagem-do-porto-de-santos-pode-gerar-energia.html

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