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Aterro do DF recebe 62 mil toneladas de lixo por mês e terá capacidade atingida em 2027

Aterro do DF

Por: Jade Abreu

Mais de 2 mil toneladas de lixo chegam todos os dias ao aterro do Distrito Federal. Em um mês, são, em média, 62 mil toneladas de resíduos.

Desse quantitativo, apenas 10% teriam a destinação correta no local.

O mau uso e o descarte incorreto impactaram a capacidade do aterro, que deve chegar ao limite em maio de 2027, de acordo com o SLU 

O mau uso e o descarte incorreto impactaram a capacidade do aterro, que deve chegar ao limite em maio de 2027, de acordo com as últimas estimativas do Serviço de Limpeza Urbana (SLU).

Para suprir a necessidade que virá nos próximos 47 meses, o Governo do Distrito Federal segue com licitação para mais uma área de 60 mil metros quadrados de aterro.

A capacidade total do aterro é de 8,13 milhões de toneladas de rejeitos, e o plano era que durasse até 2030, tendo 13 anos de vida útil.

Com uma coleta seletiva, ela poderia aumentar ainda dois anos, como revelou o Metrópoles.

O SLU alegou que a falta de conscientização da população em separar o lixo seco do úmido tem impactado diretamente a capacidade do aterro. Especialistas apontam que falta planejamento a longo prazo para projetos sustentáveis.

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Divisão do Aterro

O aterro foi dividido em quatro módulos: a etapa 1, já executada; a etapa 2, atualmente em operação; a etapa 3, quando finalizada, deve ter vida útil de 1 ano e 6 meses; e a etapa 4, maior, com previsão de 3 anos de vida útil.

De acordo com relatório do SLU, com o espaço adicional, a área total será de 320 mil metros quadrados, possibilitando volume de 4,42 milhões de metros cúbicos.

Isso significa que a área do aterro pode chegar a aproximadamente 30 campos de futebol, o suficiente para abastecer 1.766 piscinas olímpicas.

O espaço destinado ao lixo chama a atenção de especialistas, que apontam soluções sustentáveis e tecnológicas. “Claro que um aterro é finito”, destaca a professora Izabel Zanetti, do Centro de Desenvolvimento Sustentável, da Universidade de Brasília (UnB).

Para a especialista, as campanhas sobre o descarte de lixo devem ser constantes, ensinando e estimulando a separação dentro de casa, em mercados e hortas para compostagem. “Como educadora, acredito em políticas que conversem e que apresentem diferentes olhares para a sustentabilidade.”

Soluções

O presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), Yuri Schmitke, afirma que pensar em uma solução a longo prazo é fundamental. “O assunto é crítico e o DF precisa tratar o resíduo, sob pena de ter de exportar o lixo para ser enterrado no Entorno, no futuro, com elevados gastos de transporte e emissão de gases de efeito estufa dos caminhões.”

Schmitke aponta que o GDF poderia ser pioneiro ao investir em projetos de usinas de recuperação energética. Segundo dados da Abren, essas usinas possuem sistemas para filtrar os gases provenientes do processo, de maneira que, ao final, restam apenas vapor d’água e quantidades insignificantes de poluentes. “Atualmente, o processo é tão moderno que, em termos proporcionais, uma churrascaria causaria mais dano ao meio ambiente que o vapor exalado de uma chaminé de uma usina de recuperação energética de resíduos”, comparou.

De acordo com dados da associação, o modelo de recuperação energética, que consiste na incineração de resíduos, é adotado em diversos países.

O Japão lidera, com 1.026 plantas de incineração, a China vem em segundo lugar, com 622, e a Coreia do Sul em terceiro, com 256.

De acordo com a chefe da Unidade de Medição e Monitoramento do SLU, Andrea Almeida, são feitas campanhas educativas para que a população se conscientize da importância do descarte correto.

“O que chega ao aterro hoje é cerca de 65% de orgânico, 25% de reciclável e apenas 10% é considerado rejeito. O aterro sanitário seria para receber só rejeito, porque o orgânico pode ser destinado a fazer compostagem e o reciclável, para cooperativa, para voltar ao ciclo produtivo”, destaca.

Segundo ela, a coleta seletiva está disponível em todas as regiões administrativas, exceto no Sol Nascente, que está em processo. A população pode acompanhar pelo site do SLU ou baixar o aplicativo SLU-Coleta DF, disponível em iOS e Android.

Almeida ainda reforçou que o GDF tem trabalhado com a Secretaria de Planejamento Estratégico para levantar alternativas para os descartes. A pasta desenvolve estudos de modelagem para a realização de gestão e manutenção adequadas do aterro com aumento da sua vida útil, tratamento do chorume, captação do gás de aterro e geração de 30 MW de energia limpa para o DF, além de redução substancial da emissão de gases nocivos ao meio ambiente (GEE) e da contaminação por chorume.

Na literatura

A preocupação com o acúmulo do lixo não é novidade. No livro Cidades Invisíveis, o escritor Ítalo Calvino descreveu Leônia, um lugar fictício que todo dia se reinventa, com artigos luxuosos e novos para a época. No entanto, ele levanta a questão do destino do que rapidamente se torna obsoleto.

“Ninguém se pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar para mais longe; (….) a imundice de Leônia pouco a pouco invadiria o mundo se o imenso depósito não fosse comprimido, do lado de lá de sua cumeeira, por depósitos de lixo de outras cidades que também repelem para longe montanhas de detritos. Talvez o mundo inteiro, além dos confins de Leônia, seja recoberto por crateras de imundice, cada uma com uma metrópole no centro, em ininterrupta erupção…”

O livro é um supostos diálogo entre Marco Polo e o imperador Kublai Khan, em que o explorador veneziano contaria suas viagens ao monarca. A trama, aparentemente ambientada nos tempos medievais, trata da busca por uma cidade ideal para o presente.

Veja nota do SLU na íntegra:

‘O SLU informa que o aterro sanitário foi pensando em módulos. Informa também que opera nessa área de aterramento de 32 hectares. A previsão inicial era de durar pouco mais de 13 anos, o que seria até 2030. Contudo, a operação da atual área irá até maio de 2027, devido ao descarte incorreto e a falta de consciência da população em separar o lixo seco e úmido. O SLU informa ainda que já tem uma área adjacente pensada em expansão do atual aterro sanitário.

Como parte do planejamento, desde os anos 2000, o SLU conta com uma área de cerca de 60 hectares, que já está reservada para demais etapas e expansão do aterro sanitário de Brasília. Somando as duas áreas, a ideia é que dure 30 anos, contudo, a consciência da população é fundamental, pois o aterro sanitário é um local onde deveria chegar somente rejeito. Atualmente, grande parte do que chega poderia ser destinado a coleta seletiva, que já é bem estabelecida. A pasta destaca que o cidadão precisa entender seu papel ativo e fundamental na gestão de resíduos sólidos.”

Fonte: Metrópoles.

 

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