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Em conferência híbrida, realizada no Quênia entre os dias 28 de fevereiro e 2 de março de 2022, ocorreu a 2ª parte da 5ª Sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA 5.2). Seu tema foi “Fortalecer Ações pela Natureza para Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, e as discussões tiveram entre seus focos: plástico, soluções baseadas na natureza e economia circular, dentre outros.
A preocupação com a reciclagem efetiva do plástico tem se manifestado como prioritária em diversos fóruns de discussão, e a indústria brasileira ensaia sua resposta.
A preocupação com esses três temas é natural, visto que a indústria do plástico despeja cerca de 11 milhões de toneladas deste material nos oceanos anualmente, com a previsão de triplicar esse volume até 2040, sendo ainda responsável por 85% da poluição marinha.
O evento tenha gerou a resolução considerada histórica, aprovada por 175 nações, intitulada “Acabar com a poluição plástica: rumo a um instrumento juridicamente vinculante internacionalmente”. Segundo a mesma fonte e no sentido da solução para o problema, a ONU estima que ações no sentido de fortalecimento da economia circular podem reduzir em até 80% o volume de plástico enviados aos oceanos. Só o futuro e as ações a serem realmente estabelecidas pelas pessoas e pelos países determinarão o sucesso ou não para o planeta.
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Responsabilidade da indústria brasileira
O fato é que o Brasil tem sua responsabilidade, já que somos, segundo o Banco Mundial, o 4º maio produtor de lixo plástico do mundo, que produz 11,3 milhões de toneladas e que recicla efetivamente somente 1,28% desse total. Nosso país é ainda o 4º país do mundo que mais polui o mar com plástico. Os dados citados são todos de estudos recentes, sendo o mais antigo de 2019, e que transmitem a ideia do quanto podemos contribuir para a redução da poluição plástica no mundo.
Há, contudo, diversas iniciativas que buscam entender e reverter esse cenário pessimista. Um que vale destacar é o organizado pela Firjan SENAI (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), envolvendo parceiros como os Institutos SENAI de Tecnologia e Inovação, Universidades, associações e empresas multinacionais e nacionais, nomeado Aliança AgendaTech.
O projeto envolve um estudo científico da economia circular no contexto da cadeia do plástico, identificação das boas práticas existentes e o estabelecimento de um roteiro (roadmap) de soluções possíveis, lançando-os como desafios para as empresas participantes. A expectativa é que, ainda em 2022, os estudos sejam concluídos e sejam iniciadas melhorias de forma a aumentar significativamente a circularidade do plástico em nosso país.
O levantamento foi iniciado com empresas participantes da Aliança e o projeto caminha para sua segunda etapa, com a expansão das empresas pesquisadas e o desenvolvimento de Trilha de Design Circular, que envolve métodos ágeis para tornar os negócios das instituições participantes mais circulares. Em paralelo, ainda, serão mapeados indicadores para aumentar a circularidade dos plásticos e então estabelecer o Plano de Ações em busca de novas oportunidades de modelos de negócio e estratégias de design circular, minimizando desperdícios.
O desafio é acreditar no método científico, priorizar o comprometimento com o desenvolvimento e efetivamente implantar melhorias que representem o aumento da gestão eficaz do plástico, deixando de o tratar muitas vezes como vilão poluidor, e estendendo ao máximo sua vida útil pelo reprocessamento, de forma a preservar sua utilidade para a economia mundial.
O mundo vem se manifestando no sentido da redução da poluição dos mares e rios, o que reflete na indústria e nos consumidores em geral. Cabe aos incomodados estudarem a fundo as causas, agindo pro ativamente no sentido de identificar melhorias que sejam ambiental, social e economicamente possíveis, potencializando as virtudes do plástico e evitando seu destino incorreto na natureza.
Fonte: Food Connection.