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Competitividade da indústria é afetada por alta na tarifa de energia

Os custos de produção da indústria brasileira cresceram 5% em 2014, influenciados, entre outros fatores, pelo aumento no custo da energia elétrica, que apresentou uma alta de 12,6%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). E, para este ano, as perspectivas do setor são de reajustes ainda maiores. Aqui na Bahia, somando-se o reajuste anual de 13,34% para a atividade, que entrou em vigor ontem, e o extraordinário, aprovado em fevereiro, de 6,9 %, a atividade acumula este ano uma alta de custos com o insumo de 21,16%.

Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), desde fevereiro, o Brasil ocupa um indesejável primeiro lugar, em um ranking de 28 países, como o que oferece ao setor produtivo a energia elétrica mais cara. O custo do megawatt hora para a atividade custa, em média, R$ 537,40 e os sinais de mudança são para cima. A Índia, que ocupa a segunda posição, apresenta um custo de R$ 504,10. A China e a Rússia, outros integrantes dos Brics, grupo de países em desenvolvimento, têm custos de R$ 336,4 e R$ 133,1, respectivamente.

Em comparação com a vizinha Argentina, cuja média é de R$ 51, o Brasil cobra da indústria nacional uma energia 10 vezes mais cara. Ainda que não seja a única explicação, o elevado custo de energia ajuda a entender por que o Brasil vem perdendo espaço no comércio internacional. Por causa deste problema, e de outros que compõem o chamado custo brasil, o país acumula um déficit de US$ 5,66 bilhões na balança comercial – a despeito do dólar acima dos R$ 3 desde o início do ano.

O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa, considera a situação atual muito grave. “A indústria brasileira vem perdendo competitividade. A nossa produção industrial caiu significativamente e o momento é gravíssimo.

Claro que a energia não é o único fator a colocar o Brasil nessa situação, mas tem um papel muito importante neste cenário, principalmente para as indústrias eletrointensivas”, diz, referindo-se ao setor que tem um consumo energético correspondente a até 40% do custo final de produção.

Pedrosa explica que, através da indústria de base, os custos da energia se propagam para toda a economia. “Não é só uma questão relacionada ao custo da energia em si, mas aos encargos setoriais aos quais o setor produtivo está sujeito”, destaca. Segundo ele, é o setor produtivo quem paga a maior parcela das contas de políticas públicas, através da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético, usada para bancar os programas sociais na área).

Segundo o presidente da Abrace, existem situações em que o custo está alcançando patamares tão elevados que acabam comprometendo a rentabilidade de alguns negócios: “Nós temos o caso de uma empresa em que o aumento por conta da CDE vai representar este ano 200% do lucro obtido no ano passado”.

Impacto na cadeia

A chefe do Departamento de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan, Julia Nicolau, ressalta que o custo da energia é muito importante para a indústria porque está presente em toda a cadeia de produção. Paga-se na produção do insumo mais básico, até a última etapa de transformação. “É algo que pode deixar o produto mais caro logo de cara”, argumenta.

Julia explica que o uso da energia térmica está na raiz do problema. “Estamos entrando no chamado período seco com o nível dos reservatórios muito abaixo do que seria o ideal. Intensificamos bastante a nossa dependência em relação à energia térmica e hoje o país vive uma situação de vulnerabilidade em relação à hidreletricidade, que sempre foi a base do nosso sistema”, afirma.

Para evitar prejuízos com o cenário, as empresas precisam adotar algumas estratégias, acredita o coordenador do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado da (Fieb), Marcos Galindo. “Mais do que nunca, é hora de buscar a eficiência energética, nos mais diversos níveis de operação”, afirma. Entre as ações defendidas estão a avaliação da rede interna das empresas, para evitar perdas de energia, melhoria nos processos de produção, busca pela inovação, além do investimento em microgeração. “O governo está finalizando o arcabouço legal para estimular que a indústria produza parte da energia consumida a partir de pequenas centrais. Essa pode ser uma boa alternativa”, acredita.

“Essas ações podem trazer benefícios da porta da indústria para dentro, mas é preciso que o governo trabalhe para fazer o insumo chegar com qualidade, confiabilidade e preço justo na porta das empresas”, avalia Galindo, ressaltando a necessidade de uma melhor regulação no setor.

Saiba como economizar

1 Perdas de energia Investir na rede elétrica pode representar uma economia significativa, ao evitar custos com o pagamento de energia desperdiçada por conta de problemas em fiações ou outras estruturas

2 Produtividade Revisar os processos de produção da empresa é uma estratégia útil não apenas em relação à economia de energia, mas também de matéria-prima

3 Inovação Investir em Pesquisa e Desenvolvimento pode ajudar a empresa a melhorar o processo de produção, ou descobrir novos produtos, de custos mais baixos e/ou com grande potencial de mercado

4 Contratação Empresas com um grande consumo energético podem recorrer a contratos de longo prazo, que podem representar economia significativa no preço da energia

5 Microgeração O governo pretende estimular consumidores industriais a produzir energia elétrica através das matrizes eólicas e solar, com linhas de crédito para facilitar a aquisição dos equipamentos

 
Fonte: Correio 24 Horas

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