A receita para lixo zero.
A equação do lixo é relativamente simples: geração de lixo menos reutilização e reciclagem é igual a problemão para resolver. E este problemão em geral é resolvido mandando o que sobra da conta para um lixão, aterro ou incineração. Dai o mantra na gestão de resíduos sólidos passe pelo tripé dos 3Rs – reduzir, reutilizar e reciclar.
Lidar com o lixo é um dos principais desafios dos municípios ou governos locais em todo o mundo. Num primeiro momento o objetivo é simplesmente coletar o lixo, no segundo é destinar adequadamente o que foi coletado e finalmente reduzir a geração e transformar resíduos e matérias primas e produtos.
Lixo zero
Alguns países passaram por incríveis avanços na gestão de resíduos nas ultimas duas décadas. Na Alemanha o índice de reciclagem e compostagem já supera os 65% e a quantidade de resíduos destinada a aterros foi reduzida a praticamente zero, o que resta é incinerado principalmente para geração de energia. Na Coréia do Sul houve uma redução de 43% da geração de resíduos per capita entre 1990 e 2013, a taxa de reciclagem superou 60% e incineração para geração de energia subiu para 24% reduzindo em 2/3 do volume de resíduos que vai para aterros. Processos parecidos acontecem na Suécia, Noruega, Japão, Holanda e outras países desenvolvidos.
É interessante notar uma correlação entre aumento da reciclagem e da incineração para geração de energia. O processo de separação de produtos para reciclagem ajuda a reduzir drasticamente os materiais perigosos reduzindo os riscos da emissão de poluentes durante a incineração (que pode ser especialmente danoso com o lixo moderno que contém metais pesados e diversos polímeros geradores de componentes voláteis danosos a saúde e ao ambiente).
Por outro lado, a geração energia ajuda a fechar a equação de econômica do processo de reciclagem. No Japão as operações de reciclagem e geração de energia por incineração ocorrem na mesma unidade industrial.
No Brasil existe grande resistência a incineração que basicamente se restringe a resíduos hospitalares ou perigosos. Os argumentos – válidos – se concentram no desestimulo aos 3 Rs, em especial a reciclagem que é fortemente embasada no importantíssimo trabalho dos catadores à emissão de poluentes.
Mas o fato é que andamos a passos muito lentos no tratamento dos resíduos sólidos no Brasil. A geração de resíduos sólidos urbanos cresce continuamente tanto em números absolutos como per capita. Em média cada brasileiro gera pouco mais de 1 kg de lixo por dia (mais que Japão e Coréia do Sul).
Das 80 milhões de toneladas geradas em 2015, menos de 5% foi reciclado e apenas 53% foi destinado corretamente para aterros sanitários. Os aterros são caros de manter e implementar e tem forte rejeição das comunidades locais.
Ao mesmo tempo que precisamos encarar politicas façam valer a responsabilidade de indústria e comércio na redução de resíduos derivados de produtos e serviços é fundamental explorarmos a associação da reciclagem com a geração de energia associada a incineração em beneficio da saúde, economia e meio-ambiente dos municípios brasileiros.
Fonte: Época Negócios