Usina Barueri Lixo Energia
Por: Danielle Castro
A primeira usina Waste-to-Energy da América Latina será instalada no Brasil, na cidade de Barueri.
O modelo gera energia a partir do calor liberado pela queima controlada do lixo, em um processo que trata os gases e sobras gerados, diminuindo em 90% a massa de descarte.
Com uma área de aproximadamente 37 mil m², a planta da URE (Unidade de Recuperação Energética) em Barueri terá foco em solucionar ou amenizar problemas como o esgotamento de aterros sanitários, a necessidade de transporte de resíduos por longas distâncias e a emissão de gases de efeito estufa (GEEs).
Para a Abren (Associação Brasileira de Energia de Resíduos), a implantação da URE de Barueri é um marco. “Esse projeto inaugura um setor até então inexistente no país, demonstrando que é possível superar barreiras regulatórias e financeiras”, afirma Yuri Schmitke, presidente da Abren.
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Financiada pelo grupo Orizon, a URE deve processar até 870 toneladas de lixo por dia, gerando 20 MW de energia. Além de Barueri, a usina vai receber resíduosdos municípios de Santana de Parnaíba e Carapicuíba.
“É um projeto pioneiro. Todo resíduo que entra em uma unidade como essa é transformado em cinzas inertes, ou seja, não são mais contaminantes. De 100% que entra, só 10% vão para aterros”, aponta Francisco Olivati, diretor de novos negócios da Interunion Santin Projetos e Integrações, empresa responsável pelo EPC (Engenharia, Aquisição e Construção) do projeto.
Usina Barueri Lixo Energia
A iniciativa de instalação da URE partiu do município de Barueri, que hoje descarta RSU (resíduos sólidos urbanos) na cidade de Santana de Parnaíba. A proposta, segundo Rodrigo Assumpção, proprietário e superintendente de Engenharia e Energia da Barueri Energia, contratante da Interunion. Tem o intuito de tornar o município autossuficiente na gestão de seus resíduos.
Olivati apresentou a planta da usina em agosto, durante a Fenasucro & Agrocana, maior evento focado exclusivamente na bioenergia do mundo. A tecnologia existe desde a década de 1990 no mundo e é uma fonte energética já consolidada em metrópoles européias e asiáticas e nos Estados Unidos.
Segundo Assumpção, há 1.884 usinas do tipo no mundo, que respondem pelo tratamento de 11% dos resíduos produzidos no planeta.
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Em nota, Olivatti e Assumpção informaram que foram firmados dois contratos de venda de energia e que o material será comercializado através de leilões com contrato de compra de energia (PPA) de 20 anos. O primeiro leilão, o A-5 2021, vai vender 12 MW, e o segundo, A-5 2022, 1,2MW.
Desafios
Para Abren, além de protocolos técnicos e institucionais para estruturar concessões, é preciso quebrar os estigmas sobre as usinas térmicas.
“Há uma resistência cultural de setores que desconhecem as tecnologias modernas de UREs, que são seguras e alinhadas aos padrões internacionais de controle de emissões, mas constantemente são alvos de alegações infundadas”, diz Yuri Schmitke, da Abren.
“A URE Barueri reduzirá a pressão sobre o sistema de disposição final e produzirá energia confiável e renovável. No aspecto ambiental, terá papel decisivo na redução de emissões de metano, gás de efeito estufa muito mais potente que o CO2, além de melhorar as condições de saneamento e saúde pública”, destaca Schmitke.
A primeira de muitas
“A URE Barueri abre caminho para dezenas de novos empreendimentos [no Brasil] que já estão em estudo, com potencial para gerar cerca de 200 mil empregos diretos e investimentos de até 180 bilhões”, afirma Schmitke, da Abren.
A Orizon declarou não ter novos planos do tipo em curso. Mas a Braskem informou que há projetos de outras empresas no mesmo modelo avançados em Mauá e Campinas (SP), Seropédica (RJ) e Brasília (DF).
Para São Paulo, está previsto ainda a construção de outras duas UREs até 2028, cada uma com 1 mil toneladas/dia de capacidade e 30 MW de potência instalada; além da possibilidade de mais duas UREs até 2035, com o objetivo de desviar até 70% dos resíduos dos aterros sanitários até 2040.
Fonte: UOL.