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Abastecimento de água potável na Ásia está em risco

Imagem Ilustrativa

Um novo artigo científico publicado na revista Science, desenvolvido pelo Planetary Science Institute e pelo Indian Institute of Technology Indore indica que as alterações climáticas estão a ter um efeito claramente negativo nas cadeias montanhosas da Ásia, pois a neve das montanhas está a derreter mais rápido e os glaciares estão a diminuir a sua área drasticamente, havendo potencial para afetar o abastecimento de água potável de bilhões de pessoas.

As alterações climáticas são um tema cada vez mais discutido, sendo que neste momento estão a afetar todo o ciclo da água numa região densamente povoada e onde a atividade agrícola é fundamental em termos sociais e econômicos.

Este artigo foi redigido com o objetivo de reunir mais de 250 trabalhos académicos subordinados a este tema, de forma a compreender as ligações entre as alterações climáticas, as mudanças no padrão das chuvas, a redução dos glaciares e o regime do caudal dos rios.

É importante que as indústrias asiáticas sejam capazes de reverter esta situação, tornando-se menos poluentes e menos emissoras de gases com efeito de estufa, de forma a que o recuo dos glaciares não seja irreversível.

Cerca de 1/7 da população global depende diretamente da água que vem dos glaciares que se encontram nas cordilheiras do Himalaias e do Karakorum (fronteira entre o Paquistão, a Índia e a China). Nas áreas mais elevadas, o caudal dos rios depende quase exclusivamente do degelo dos glaciares, já nas áreas mais afastadas, de menor altitude, os caudais dependem das chuvas (mas também do degelo, nas estações mais secas). As alterações identificadas podem interferir no abastecimento de água à população, mas podem também prejudicar as atividades agrícolas, essenciais para a alimentação de milhões de pessoas.

A bacia hidrográfica do Rio Indo, com uma área de mais de 1 milhão de quilómetros quadrados será uma das mais afetadas daqui em diante, com o degelo dos glaciares. Já as bacias do Ganges e do Brahmaputra, mais dependentes das chuvas das monções, também vão sofrer alterações nas suas dinâmicas, já que aparentemente o padrão das chuvas também está a mudar.


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Dúvidas sobre o futuro

É consensual que o degelo dos glaciares afeta severamente o caudal dos rios, no entanto há algumas questões que continuam sem resposta para o conjunto de cientistas autores deste estudo. “Que espessura têm os glaciares e quanto tempo aguentarão o degelo acelerado?”. “Porque estão alguns glaciares a ganhar área quando a maioria está a perder rapidamente?”.

Nas áreas estudadas, o futuro parece incerto no que toca à hidrologia. Alterações nos glaciares e nos padrões da chuva, para além de todos os impactes já abordados, podem potenciar a ocorrência de inundações repentinas, deslizamentos de terras e fluxos de detritos.

Outro aspeto importante, salientado neste estudo, é o facto da área de estudo (Ásia) ser a região que mais emite gases com efeito de estufa. É uma região que apresenta muitas vezes uma qualidade do ar muito pouco satisfatória, onde a poluição atmosférica é responsável por inúmeras doenças do foro respiratório.

É importante que as economias e as indústrias asiáticas sejam capazes de reverter esta situação, tornando-se menos poluentes e menos emissoras de gases com efeito de estufa, de forma a que o recuo dos glaciares não seja irreversível e exista menos perigo para a saúde humana.

Fonte: Tempo PT. 

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