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Uso consciente da água mobiliza grandes consumidores

Uso Consciente Água Consumidores

Por Eduardo Geraque

Em tempos de eventos climáticos extremos, em que os racionamentos de água em grandes centros urbanos são mais frequentes, governo, sociedade e empresas têm sido cada vez mais cobrados por especialistas sobre a forma como gerenciam a água.

“Todos os processos são importantes. Existe a necessidade de diminuição do desperdício, do aumento da reutilização em processos de menor escala, mas também precisamos ampliar o reúso da água usada no abastecimento público, por meio de caminhos que possam oferecer matéria-prima de alta qualidade”, afirma Nivaldo Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes)–Seção São Paulo.

Mas de acordo com o especialista, um dos exemplos importantes quando se fala em reutilização de esgoto tratado é o projeto Aquapolo. Resultado da parceria entre a GS Inima Industrial e a Sabesp. Instalado em São Paulo, o empreendimento é a maior planta de produção de água da América do Sul. O principal insumo usado nas operações é o esgoto processado pela Estação de Tratamento de Esgoto ABC da Sabesp (ETE-ABC). Após o tratamento, parte da vazão que seria destinada ao córrego dos Meninos (curso d’água para onde é enviada a água após passar pela ETE) é desviada para a operação da planta.

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Em conclusão entre os setores que são grandes consumidores de água, como o de bebidas, a prioridade é a redução do consumo. Portanto o grupo Heineken, de cervejas e outras bebidas não alcoólicas, por exemplo, apresenta uma média de consumo, hoje, segundo o mais recente relatório de sustentabilidade da empresa, de 356 litros de água para a produção de 100 litros de cerveja. Os esforços são para reduzir a 260 litros de água para 100 litros de cerveja em cidades sob estresse hídrico até 2030 e a 290 litros de água para 100 litros de cerveja em outras localidades até 2025 – em média, a diminuição no consumo será de 23%.

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Portanto o agronegócio, a quantidade de água utilizada na irrigação é um tema de crescente preocupação, especialmente em tempos de mudanças climáticas e escassez hídrica. Segundo Tamara Gomes, professora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), isso não significa que o setor agrícola esteja desperdiçando o recurso. “As práticas e tecnologias aplicadas principalmente por grandes produtores mostram que o uso eficiente da água tem sido um foco importante para a agricultura moderna”, afirma. Segundo a especialista, é importante também colocar em perspectiva o ciclo hidrológico quando se debate o tema.

“Em termos de volume captado, a agricultura irrigada é, de fato, o setor que mais consome água, superando os usos industrial e doméstico. No entanto, é importante destacar que parte dessa água é absorvida pelas plantas e evapora do solo, eventualmente retornando ao ambiente na forma de precipitação. Embora nem sempre essa água retorne ao mesmo local ou momento, o impacto da agricultura irrigada nos recursos hídricos, especialmente em relação à qualidade da água, é menor em comparação com outros usos”, afirma a professora da USP.

Em suma o discurso acadêmico ecoa práticas observadas no setor privado. A SLC Agrícola, uma das principais produtoras agrícolas do Brasil, tem adotado tecnologias modernas para evitar o desperdício. De acordo com o Relatório Integrado 2023 da companhia, 96,2% das áreas cultivadas pelo grupo operam no regime de sequeiro. Contudo utilizando a água proveniente das chuvas, o que reduz significativamente a dependência de irrigação artificial. Do total da área plantada, 3,8% é irrigada, segundo a empresa. E, por causa dos sistemas usados, é possível uma redução de 20% no consumo dos recursos hídricos obtidos em áreas como a do Cerrado brasileiro. A água é lançada sobre o campo de acordo com a necessidade específica de cada cultura.

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“A irrigação é uma ferramenta fundamental para aumentar a produtividade agrícola sem expandir a área cultivada. Dados da Unesco (2020) mostram que, apesar de a agricultura irrigada ocupar apenas cerca de 3,3 milhões de quilômetros quadrados, o que representa 2,5% da área total, ela é responsável por 20% das terras cultivadas e cerca de 40% da produção agrícola global. Isso demonstra a importância da irrigação na segurança alimentar mundial”, afirma a professora da USP.

Fonte: Valor.

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