saneamento basico

Avaliação de compostos orgânicos em sistema lótico e sistema lêntico de bacia hidrográfica para usos múltiplos

Resumo

O Brasil é um grande consumidor de agrotóxicos e solventes do mundo e estes, quando evidenciado usos inadequados e fenômeno de lixiviação, são perigosos para os mananciais superficiais comprometendo o metabolismo da biota aquática e dos seres vivos que fazem uso direto ou indireto. Assim, é fundamental o manuseio racional de agrotóxicos e solventes associados ao uso de técnicas agrícolas pertinentes a cultura e ao tipo de solo. Mensurar os resíduos oriundos das atividades da agricultura em mananciais de usos múltiplos é o objetivo deste trabalho. Foram coletadas 30 amostras em manancial superficial em 2014, sendo que as amostras forma submetidas à análise de cromatografia interfaceada à espectrometria com detector de massa em Cromatógrafo GC/MS da VARIAN, referenciado nos métodos 6440-B, 6450-A e 6630-D do Standard Methods (2012). Foram detectados os compostos 1,1-dicloroeteno, diclorometano, metolacloro, atrazina, malation, etilbenzeno, tolueno, glifosato e tetracloreto de carbono. Destes, apenas o Malation apresentou-se acima do valor máximo permitido pela legislação em vigor (Conama 357∕2005, classe II).

Introdução

Baseando-se no princípio da preocupação, áreas antropizadas agrícolas são impactantes sobre a qualidade de águas superficiais. Em relação à causa e consequência, observamos a aração e o gradeamento como fatores de sedimentação nos leitos; a adubação como fonte de nutrientes relacionados à eutrofização de corpos d’água; o estrume e a urina enquanto disseminadores de metais, nutrientes, patógenos e produtos farmacêuticos; irrigação provocando a salinização e favorecendo o escoamento superficial similar a lixiviação; corte da mata ciliar favorecendo a erosão e alteração do regime hidrológico; e os agrotóxicos que comprometem a qualidade da água e contamina a sua biota, levando à disfunção do sistema ecológico através da perda de predadores, inibição de crescimento, comprometimento reprodutivo e ação bioacumuladora (FAO, 2011).

A presença de agrotóxicos no corpo hídrico deriva da intensa atividade agrícola de cada região. Na depressão central do Rio Grande do Sul, Marchesan et al. (2010) verificaram que no rio Vacacaí e no rio Vacacaí-Mirim 66,7 % e 58,5 % das amostras, respectivamente, apresentaram altas concentrações de resíduos de agrotóxicos: herbicidas (clonazona e quincloraque) e inseticidas (fiponil). Já na região do triângulo mineiro, Souto, Corbi & Jacobucci (2014) detectaram no sedimento da bacia do rio Uberabinha dez tipos de organoclorados (aldrin; 4,4-DDE; 4,4-DDD; 4,4-DDT; endossulfan; metolaclor; gamaBHC; endrin; endrin aldeído; heptacloro epóxi), porém não bioacumulados na fauna da região.

Áreas antropizadas agrícolas são impactantes na qualidade de águas superficiais no que tange a presença de agrotóxicos. Em estudo de avaliação dos conflitos de uso e cobertura da terra na bacia hidrográfica do Ribeirão João Leite verificou-se que a vegetação nativa do cerrado está sendo convertida em áreas agrícolas e a urbanização é ascendente (SOUZA, 2013). Desta forma, vislumbrando o impacto da agroindústria, nesta pesquisa foi realizado monitoramento de compostos orgânicos (agrotóxicos e solventes) tanto no sistema lótico quanto no sistema lêntico do Ribeirão João Leite, situado entre os municípios de Ouro Verde de Goiás e Goiânia; utilizando chave de interpretação como ferramenta de avaliação.

Autoras: Patrícia Pereira Ribeiro Keller e Nora Katia Saavedra del Aguila.

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