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Campinas Perdas de Água

Campinas/SP é referência nacional em redução de perdas de água

Campinas Perdas de Água

Por: Edimarcio A. Monteiro

Campinas está entre os oito municípios com a menor taxa de desperdício de água entre as 100 cidades brasileiras mais populosas. É o que revela estudo divulgado na segunda-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, pelo Instituto Trata Brasil. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico. Assim como na proteção dos recursos hídricos do país. A pesquisa foi feita com base nos dados de 2021 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

De acordo com o levantamento, Campinas tem uma perda de 20,57%, índice que é praticamente a metade da média nacional, da ordem de 40,3%.

A cidade é uma das poucas que já cumprem a Portaria nº 490/2021, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Sendo assim, estabelece para 2034 a meta de 25% como limite para o índice de perdas na distribuição (INO49). Além disso, o município tem um índice de perdas por ligação (INO51) de 153,6 litros. Valor esse 28,89% abaixo ao estabelecido pelo documento federal, que é de 216 litros.

sanasa

A população da cidade consome, em média, 189,3 litros de água por dia, de acordo com dado divulgado no ano passado pela Prefeitura. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) divulgou, por meio de nota oficial, que os atuais números são resultados do Programa de Redução de Perdas desenvolvido pela companhia desde 1994. Entretanto, a Sanasa informou que até 2020 substituiu 450 quilômetros de redes antigas por tubulações em polietileno de alta densidade (PEAD). Dessa forma, o material usado possui uma vida útil de 50 anos. A meta para o período de 2021 a 2024 é trocar mais 450 quilômetros. Ou seja, alcançar em três anos o que foi realizado em 26.

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De acordo com o balanço divulgado na semana passada pela empresa de economista mista, 270 quilômetros já foram trocados, o equivalente a 60% da meta. “É um programa extremamente comprometido com o aumento de eficiência, redução de ocorrências de vazamentos de rede e com a vitalidade da Bacia PCJ [Piracicaba, Capivari e Jundiaí]. Desde sua criação até os dias de hoje, 611 bilhões de litros deixaram de ser retirados dos rios em função da redução do índice de perdas”, afirmou o presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior.

Portanto a empresa investiu R$ 132 milhões em 2022 em diversas obras para melhorar e ampliar o saneamento em Campinas. Segundo o balanço anual divulgado pela Sanasa, o índice de perdas de água no passado foi reduzido para 20,19%.

Obras

O montante investido foi maior do que o lucro líquido de R$ 119,8 milhões registrado em 2022 pela empresa. Valor esse 28,82% superior ao resultado de R$ 93 milhões do ano anterior. De acordo com a companhia, os recursos são destinados para melhorar a qualidade da água fornecida e a infraestrutura das redes de distribuição. Como parte do Plano Campinas 2030, a Sanasa realiza nesta terça-feira obras para interligação de redes de água no bairro Mansões Santo Antônio, e para troca de redes no bairro Cidade Jardim e Jardim Santa Lúcia.

Até o ano que vem, porém, a substituição da tubulação será no Jardim do Lago, Jardim Novo Campos Elíseos, Vila Pompéia, Sousas, Joaquim Egídio, Vila Sônia, Chácara da Barra, Jardim das Paineiras, Bairro Palmeiras, Vila Boa Vista, Jardim Eulina, Parque Fazendinha, Jardim Santana, Jardim Bela Vista, Jardim Yeda, Parque Valença e Jardim Santa Lúcia.

A empresa é responsável pelo abastecimento de água potável (captação, adução, tratamento, reservação e distribuição), coleta, afastamento e tratamento dos esgotos domésticos. Ela atende 99% da população urbana com água tratada e 88% com redes de esgoto. O Rio Atibaia é responsável por 95% da água captada para abastecer a cidade, com os 5% restantes vindo do Rio Capivari. A acionista majoritária da empresa é a Prefeitura de Campinas, com uma participação acionária de 99,99%.

Região

Além do município, Limeira é outra cidade da região apontada pelo Instituto Trata Brasil com padrões de excelência em perdas de água. Na distribuição, a taxa no município é de 20,20%, enquanto a perda por ligação é de 132,4 litros. A organização também destacou em relatório Sumaré entre as cidades com melhora substancial desses indicadores nos últimos anos.

Entre os 20 municípios que apresentaram evolução, Sumaré ocupa a 10ª posição. De acordo com o estudo, as perdas na distribuição tiveram uma redução de 12,25 pontos percentuais em cinco anos, caindo de 48,53%, em 2017, para 36,28%, em 2021. No caso do índice de perdas por ligação, a cidade reduziu de 407,89 para 269,50 litros nesse mesmo período, queda de 33,93%, o que resultou em 138,39 litros de água a mais chegando às torneiras.

A BRK Ambiental, concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto em Sumaré, tem utilizado a telemetria como uma solução para aprimorar a gestão dos recursos hídricos e assegurar um processo de tratamento eficaz. Os medidores de vazão instalados em diferentes pontos ao longo do processo de produção e distribuição de água permitem o controle remoto dos dados e a gestão dos recursos ao fazer o controle dos volumes de água captada, produzida e distribuída.

A empresa atua em mais de 100 municípios de 13 estados brasileiros, atendendo cerca de 16 milhões de pessoas. Ela trabalha com a meta de reduzir as perdas na distribuição para no máximo 25% até 2030. Nas cidades onde atua, a BRK aponta ter evitado o desperdício de 21 bilhões de litros de água entre 2017 e 2021, volume suficiente para encher 8,4 mil piscinas olímpicas ou para garantir o abastecimento de uma cidade de 380 mil habitantes por 1 ano, de acordo com relatório divulgado pela empresa.

Aumento no País

O estudo do Instituto Trata Brasil aponta que o Brasil registrou aumento do desperdício de água potável pelo sexto ano seguido. De acordo com o documento, as perdas, que em 2015 eram de 36,7%, passaram para 40,3%, em 2021. Isso significa que, a cada 100 litros de água tratada para atender a população das cidades, 40 litros se perderão por conta de vazamentos nas redes, fraudes, “gatos”, erros de leitura dos hidrômetros e outros problemas.

Segundo a organização, em 2021, 7,3 bilhões de metros cúbicos de água foram captados, mas se perderam no sistema, volume que é mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira, o maior conjunto de reservatórios do Estado de São Paulo. Ele abastece a Grande São Paulo e 19 cidades da região de Campinas, que são atendidas pelos rios Atibaia, Capivari, Jundiaí e Piracicaba, que recebem água liberada dessas represas.

De acordo com o Trata Brasil, o desperdício ocorre principalmente por canos estourados, incluindo água que corre pelas ruas, até perdas subterrâneas.

“As perdas trazem diversos impactos negativos. Você capta água da natureza, torna ela potável, usa produtos químicos e bombeia até as pessoas. Quando você perde muita água, acaba não abastecendo a população. Para tentar suprir isso, acaba captando mais água. Esse é o custo ambiental de altos indicadores de perda”, disse André Machado, do Trata Brasil.

Ele acrescenta que esse desperdício resulta em prejuízo para as empresas de saneamento, que têm despesas para captar e tratar a água, mas que depois não é faturada nas contas dos consumidores, ou seja, não recebem pelo produto distribuído. “Isso não precisaria acontecer se o serviço fosse feito com eficiência e se a água estivesse chegado ao seu destino final, que é a população”, afirmou Machado.

De acordo com o Instituto Trata Brasil, se o índice de perda caísse de 40,3% para os 25% previstos, daria para atender 25,7 milhões de pessoas com água potável. Segundo com o organismo, os recursos investidos na área são escassos, o que faz com hoje existem 33 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada.

O Trata Brasil acrescentou que a região Norte do Brasil é onde há a maior perda de água, com média de 51,2%. A menor taxa é no Centro-Oeste, 36,18%, enquanto no Sudeste é de 37.97%. O ranking aponta o Amapá como o Estado com a maior perda no Brasil, com 74,8% da água produzida. No Estado de São Paulo, a média é 35,4%. Goiás é a unidade da federação com o menor índice, 28,5%. De acordo com o instituto, para reduzir as perdas é preciso tratar o combate ao desperdício como prioridade, fiscalização mais ativa para identificar os furtos, conscientização da população e investimento para modernização da rede de abastecimento das cidades.

Fonte: Correio. 

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