saneamento basico

Determinação da capacidade de remoção de contaminantes emergentes em estação produtora de água de reúso que emprega o sistema de tratamento MBR

Resumo

Estudou-se a capacidade de remoção de contaminantes emergentes em estação de tratamento de esgoto que emprega o método MBR (biorreator acoplado a sistema de membranas de ultrafiltração). Foram analisadas amostras de entrada (afluente), pré-membrana e saída (efluente) da estação, coletadas entre mar/ 2015 e nov/2017, por extração em fase sólida e LC-MS/MS. Os contaminantes emergentes analisados foram: cafeína (CAF), atrazina (ATZ), bisfenol-A (BPA), triclosan (TCS), estrona (E1), 17β-etinilestradiol (EE2), 17-estradiol (E2) e estriol (E3). Nenhum dos hormônios, exceto E3, foi detectado acima dos limites de detecção do método. ATZ teve concentrações entre 2 a 97 ng L-1 nas amostras de efluente, e TCS entre 21 e 30 ng L-1 nas amostras de afluente, somente. As concentrações de BPA e E3 foram, respectivamente, 18-49 ng L-1 e 3 ng L-1 em efluente e 12 ng L-1 e 21-30 ng L-1 em afluente. Somente CAF foi encontrada em praticamente todas as amostras, com concentrações entre 14.816 a 664.365 ng L-1 no afluente e 2 a 33 ng L-1 no efluente, sendo possível determinar sua eficiência de remoção como acima de 99,9%. Outras cinco estações de tratamento foram avaliadas com menor número de amostragem para comparação com o sistema MBR.

Introdução

A Estação Produtora de Água de Reúso (EPAR) Capivari II (figura 1) está localizada na região Centro-Oeste da cidade de Campinas-SP e recebe esgoto doméstico de cerca de 175.000 habitantes. A estação adota o sistema de tratamento MBR (do inglês, Membrane Bio Reactor) que consiste em um tratamento biológico em lagoas de desoxigenação, anaeróbia e aerada, capazes de remover nitrogênio e fósforo, seguidas por tanques com membranas de ultrafiltração. É a primeira planta em grande escala da América Latina a utilizar MBR com tratamento biológico terciário (remoção de nitrogênio e fósforo) para tratamento de esgoto doméstico. Possui capacidade instalada para tratar 360 L/s, mas atualmente opera com 70 L/s [ANDRADE, 2014].

A estação produz água de reúso com qualidade para atender fins urbanos, como irrigação paisagística, lavagem de vias e espaços públicos, construção civil, lavagem de veículos, combate a incêndio pelo Corpo de Bombeiros e fins industriais, sendo destinada a usos em processos e operações em indústria. Suas características físico-químicas colocam o efluente tratado da EPAR Capivari II como bom candidato aos estudos de potabilização de efluentes sanitários [SAMPAIO, 2014].

Quando se avalia a qualidade da água para consumo humano no Brasil, observa-se se suas características químicas e biológicas atendem a legislação vigente [Anexo XX da Portaria MS Nº 05/2017] que determina os critérios de potabilidade para água de consumo humano. No entanto, existem outros critérios, que são os poluentes emergentes não-legislados, que devem ser avaliados para garantir a segurança da saúde pública. Esses compostos emergentes são contaminantes originados das atividades humanas urbanas que começaram a serem encontrados em matrizes aquáticas nos últimos anos e que ainda não foram profundamente caracterizados do ponto de vista toxicológico nas concentrações encontradas em água tratada. Por essa razão, muitos deles ainda não se encontram com suas concentrações de segurança definidas na legislação pertinente à água potável [MONTAGNER, 2017].

Desta forma, quando discutida a possibilidade de reúso direto, é de suma importância considerar esses aspectos na qualidade da água de reúso que se quer potabilizar [Hespanhol, 2017]. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a presença de contaminantes emergentes na água de reúso da EPAR Capivari II e assim fornecer mais informações acerca das características químicas desse efluente. Portanto, foram escolhidos oito compostos de importante relevância para a saúde humana uma vez que atuam como interferentes endócrinos, ou seja, são capazes de causar desequilíbrios no sistema endócrino de anaimais e seres humanos [MONTAGNER, 2017]. Assim, o objetivo foi determinar a eficiência de remoção de atrazina (ATZ), bisfenol-A (BPA), estrona (E1), estriol (E3), 17β- etinilestradiol (EE2), 17-estradiol (E2) e triclosan (TCS) na Estação Produtora de Água de Reúso Capivari II (EPAR) através da avaliação das suas concentrações antes e após o tratamento.

Apesar da cafeína (CAF) não atuar como um interferente endócrino nas concentrações encontradas em matrizes aquáticas, foi incluída neste estudo por ser o composto emergente encontrado em maior concentração em esgoto e poder ser, de modo geral, utilizada para avaliar a capacidade de purificação do sistema de tratamento de esgoto. Na tabela 1 estão descritas essas substâncias e as características físico-químicas de solubilidade em água e coeficiente de partição octanol-água, que determinam onde o composto é mais facilmente encontrado, na água ou no sedimento do esgoto.

Autores: Edilaine de Freitas Lima; Cassiana Carolina Montagner e Romeu Cantusio Neto.baixe-aqui

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