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Crise hídrica

Antônio Domingues Farto Neto

Sempre é possível fazer algo a mais, individualmente, com pequenas ações aparentemente simples, mas de grande importância.

Crise Hídrica é como tem sido chamada a falta de água para abastecimento; fenômeno climático recorrente em grandes cidades brasileiras. Estamos no período de estiagem, aquele no qual naturalmente chove menos. E nos últimos anos tem chovido bem menos de verdade, situação que se repete aqui na região de Sorocaba.

Não por outro motivo, já sentimos os reflexos da escassez de água na conta de luz, que subiu em razão da tarifação a maior (bandeira vermelha), justamente em decorrência da diminuição de produção de energia nas hidrelétricas, sobrecarregando o sistema das termoelétricas.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), se pudéssemos concentrar toda a água do planeta numa esfera, ela teria diâmetro aproximado de 1.400 km, ou seja, um pouco mais de 10% do diâmetro da Terra (12.740 km). Isto, considerando o total das águas superficiais, subterrâneas e oceânicas…

Menos de 3% do volume total da água no planeta Terra é água doce. E ela está concentrada principalmente em locais de difícil obtenção, como as calotas polares e as profundezas do solo. A água doce disponível em rios e lagos representa apenas 0,3% da água doce do planeta. Isto é, menos de um 1% do volume total de água.

O inverno começou em 21 de junho e vai até 22 de setembro, e, por enquanto, está chovendo muito pouco na região de Sorocaba, infelizmente.

Com o novo normal decorrente da pandemia, muitas pessoas mudaram da Capital para o interior, especialmente aquelas que podem trabalhar em home-office. Demais disso, naturalmente foram intensificados os cuidados com higiene, resultado: estamos consumindo 20% a mais de água, segundo informação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba.

Sem previsão do aumento das chuvas até novembro, vamos ter que economizar água — e isso é urgente!

Sempre é possível fazer algo a mais, individualmente, com pequenas ações aparentemente simples, mas de grande importância, como: não deixar a torneira aberta para escovar os dentes, lavar as mãos ou para fazer a barba. Lavar a louça pede os mesmos cuidados.

Devemos evitar o desperdício de água para lavar a casa ou o carro desnecessariamente, nunca deixando o esguicho ou a torneira abertos. O banho deve ser moderado, sem trocadilho.

Temos que verificar com frequência se existem vazamentos de água em nossas residências e nos locais de trabalho, o que pode ser notado por variações na conta de água.

As companhias de água também devem fazer o seu papel, corrigindo vazamentos e instruindo a população para o consumo consciente. Afinal, neste momento crítico pelo qual passamos, tudo o que ninguém quer é um aumento na tarifa de água.

O Ministério Público está atento, fiscalizando as companhias de abastecimento de água, monitorando a conservação das áreas de proteção ambiental de nossos mananciais, rios e suas nascentes. Há, sem dúvida, um longo trabalho a ser feito.

Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, o Brasil apresenta taxas anuais de irradiação solar mais de quatro vezes superiores as apresentadas em países como Alemanha, cuja capacidade instalada hoje já supera os 25 GW. No entanto o Brasil, mesmo apresentando crescimento acelerado nos últimos anos, ainda tem baixa capacidade de geração de energia solar, não atingindo o mesmo desempenho da energia eólica.

As mudanças nas matrizes energéticas podem e devem nos ajudar, mas elas são lentas. Portanto, no momento, o que podemos fazer é ter um consumo consciente dos recursos naturais instalados, de modo que somadas as economias individuais, possamos obter o benefício conjunto do não racionamento.

Antônio Domingues Farto Neto é promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), do Ministério Público de São Paulo.

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