saneamento basico

Determinação do teor de cloro em resíduos de embalagens de plástico

Resumo

A utilização de resíduos como combustíveis ou matéria-prima alternativas em fornos rotativos de cimenteiras é denominada coprocessamento. Nesse sentido, as embalagens plásticas inservíveis tem grande potencialidade por possuir elevado poder calorífico, embora possam causar problemas ao processo devido à presença de alto teor de cloro. Este elemento contribui para o encrustamento dos ciclones, fechando o sistema de entrada de matéria-prima na torre e, consequentemente, interrompendo a produção do cimento.

Por este motivo, este trabalho identificou o teor de cloro em amostras de embalagens plásticas destinadas ao coprocessamento visando contribuir com o processo produtivo do cimento e com a destinação ambientalmente adequada desses resíduos. Para isto, foram realizadas análises potenciométricas e constatado que as concentrações de cloro das amostras estudadas possuem valores acima do exigido pela indústria cimenteira. Portanto, a alta concentração de cloro nos resíduos plásticos gera para as blendeiras – indústrias que transformam os resíduos em combustível alternativo – o desafio de diluir esta concentração com a mistura de resíduos isentos ou com baixo teor de cloro. Assim, o emprego de embalagens plásticas não cloradas pelas demais indústrias seria imprescindível para a qualidade do combustível alternativo, contribuindo com o coprocessamento na produção de cimento.

Introdução

O coprocessamento em fornos de cimenteiras é uma alternativa de tratamento de resíduos que não gera rejeitos, pois, a quantidade de cinzas oriunda de sua destruição térmica é incorporada ao cimento. Além disso, substâncias perigosas existentes nos resíduos podem ser destruídas com as altas temperaturas dos fornos ou removidas no sistema de tratamento de particulados, evitando que escapem para a atmosfera. A utilização de resíduos industriais como combustíveis complementares aos convencionais e aos resíduos de origem vegetal proporcionam à indústria cimenteira a diminuição de custos com combustíveis fósseis. As análises de resíduos exigidas pela indústria cimenteira para os combustíveis alternativos são: umidade, Poder Calorífico Superior (PCS), cloro e cinzas. As mesmas são exigidas para os combustíveis fósseis, exceto o cloro (INTERCEMENT BRASIL S.A. 2005b).

Para se obter a máxima eficiência na queima dos resíduos como combustíveis, deve existir um tratamento prévio, que garanta a máxima regularidade e homogeneidade em termos de características físicas e químicas, denominado Blend. O Blend é composto por resíduos diversos reprovados, vencidos, descartados e rejeitados pelas indústrias, contendo, em maior quantidade, plásticos em geral (ECOBLENGING AMBIENTAL LTDA, 2015). A palavra plástico vem do grego “plastikos” que tem como significado “capaz de ser moldado”. Esse material entrou no mercado no início do século XIX, mas, sua grande conquista foi com a resina fenólica sintética em 1910. O ano de 1930 foi considerado o período de desenvolvimento dos plásticos modernos como PVC (policloreto de vinila), PS (poliestireno) e, em 1950, o PP (polipropileno) e PEAD (polietileno de alta densidade), entre outros (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2012).

O plástico pode ser utilizado em diversas áreas com finalidades diferentes. Os plásticos de PET são transparentes, inquebráveis, impermeáveis e leves, podendo ser utilizados na fabricação de embalagens para produtos alimentícios, cosméticos e farmacêuticos etc. O PVC possui uma característica mais rígida, impermeável e resistente à temperatura, sendo usados principalmente em tubos, conexões e forros, mas também em embalagens cosméticas e filmes esticáveis. O Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação – FNDE restringe o tipo de plástico utilizado na fabricação de vasilhas para os refeitórios escolares, que são polietileno ou polipropileno, por ser passível de ser reciclado no final de sua vida útil (PIATTI; RODRIGUES, 2005).

Com relação à prevenção da poluição ou da geração de resíduos, a indústria cimenteira vem atuando de forma direta sobre os produtos e processos, com o objetivo de poupar materiais e energia. Dessa forma, uma ação de prevenção combina dois fatores ambientais: o uso sustentável dos recursos e o controle da poluição (ROCCO, 2011). Para que o resíduo seja considerado um combustível alternativo, o mesmo deve apresentar um PCS de, no mínimo, 8 MJ kg-1 ou 1.911 kcal kg-1 da amostra seca. Tal combustível entra no processo produtivo pelo pré-calcinador, junção da matéria-prima com o combustível na entrada do forno, que necessita de um controle de qualidade para que um bom potencial de combustão seja atingido, já que alguns fatores como a entrada elevada de água ou de cloro influenciam na redução desse potencial (INTERCEMENT BRASIL S.A., 2015b). O alto teor de cloro nos resíduos recebidos para o coprocessamento se apresenta como um dos principais problemas para indústria blendeira.

Uma vez que a presença de alto teor de cloro nessas embalagens pode resultar em danos nos equipamentos envolvidos nessas alternativas de tratamento térmico, como, por exemplo, a incrustação dos ciclones, a presente pesquisa teve por finalidade analisar o teor de cloro em amostras de resíduos plásticos, a fim de classificá-las como adequadas ou não a destinação a determinados tratamentos térmicos.

Autores: Eraldo Henriques de Carvalho; Claudiene Divina dos Santos da Costa e Simone Costa Pfeiffer.

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