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Bim e o saneamento: estudo de caso desenvolvendo modelagem BIM em um sistema de abastecimento de água na região metropolitana de Curitiba/PR

Resumo

O uso da metodologia BIM na área de Saneamento Ambiental ainda é muito restrito no Brasil. Iniciativas da aplicação da modelagem BIM em projetos de Saneamento são isoladas, e praticamente inexistentes se considerarmos as fases de planejamento e implantação de obras e de manutenção das unidades existentes. Entretanto, os benefícios da aplicação desta modelagem já obtidos em outras indústrias, como na da Construção Civil, são indicativos de que sua utilização também pode trazer vantagens para o ciclo de vida dos empreendimentos de Saneamento.
A avaliação da viabilidade da aplicação da modelagem BIM nos empreendimentos de Saneamento da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), começou na área de projetos da Companhia, através de uma contratação da modelagem BIM de uma unidade localizada. Esta unidade, que faz parte do sistema de abastecimento de água da Região Metropolitana de Curitiba, já havia sido projetada pelo método convencional e estava em fase de implantação.
Através desta contratação, foram estudadas as seguintes etapas: 3D para Quantificação e Compatibilização, 3D para Banco de Dados e Interoperabilidade, 4D para Planejamento de Obra, 5D para Orçamentação da Obra, Execução de Obras e Manutenção. Em cada etapa foram observados benefícios da aplicação da metodologia BIM desde a fase de projeto até a fase de manutenção da unidade, assim como desafios que a Sanepar e todos os seus fornecedores de produtos e serviços terão que superar para a sua implantação efetiva.

Introdução

A metodologia BIM (Building Information Modeling), desde a sua divulgação e utilização no Brasil, vem sendo aplicada prioritariamente na indústria da construção civil. Os conceitos envolvidos implicam numa maior facilidade do uso do BIM nesta indústria, tendo em vista a repetição de padrões e soluções, o que normalmente justifica-se quando tratamos, por exemplo, de prédios com diversos pavimentos tipo.

Porém, acompanhando a evolução da aplicação do BIM na construção civil, vemos que além das repetições características dos prédios de vários andares, projetos de unidades avulsas sem padrão de repetição também estão buscando os benefícios da aplicação do BIM.

Quando se produz num sistema convencional, os projetos de arquitetura são posteriormente complementados por planos de hidráulica, elétrica, paisagismo e uma série de outros – inclusive os administrativos, que controlam compras, orçamento, cronogramas, pessoal, e assim por diante. Já com a modelagem em BIM, a ideia é que esses vários programas feitos com objetivos diferentes “conversem” entre si e indiquem soluções integradas automaticamente. Quando um encanamento previsto pelo software usado pelo pessoal da hidráulica está projetado passando “por dentro” de uma viga do desenho de engenharia estrutural, a modelagem aponta automaticamente a incoerência. Ainda mais do que isso: cada desenho pode conter dados que dão indicações sobre materiais, orçamento e cronograma (Prastes, 2010).

Para Pina (2015), a utilização da metodologia BIM pode ser empregada a todos os processos construtivos, no âmbito de todos os seus domínios, e uma aplicação importante da metodologia BIM é em instalações que necessitem de manutenções periódicas relativamente aos seus ativos, como, por exemplo, em centros comerciais, hospitais, estações de tratamento de água, fábricas, escolas, etc.

A necessidade de implementação destes modelos em obras públicas, torna-se quase que imprescindível, uma vez que as medidas de contratação são bastante exigentes, com objetivos delineados, qualidade e experiência exigida e orçamentos, por vezes, racionados e altamente controlados (Porwal e Hewage, 2013).

Na indústria brasileira do Saneamento, a aplicação do conceito BIM ainda é bastante tímida. Pesquisas indicam que há pouquíssimos projetos desenvolvidos com a aplicação do conceito, e até onde se detectou, nenhum empreendimento efetivamente construído a partir de um modelo BIM.

No 2º Seminário Regional Sul BIM, ocorrido no mês de novembro/2016 e promovido, entre outros órgãos, pelo Governo do Estado de Santa Catarina, foi apresentado um apanhado geral a respeito da aplicação da modelagem BIM nos projetos sob responsabilidade dos governos dos três estados do Sul do Brasil. Prioritariamente, os esforços de adoção do BIM estão sendo empregados em projetos de empreendimentos como hospitais, escolas, centros de ação social, entre outros. A aplicação no saneamento ainda não é prioridade, e com exceção de intenções de adoção do conceito, não se observou, na prática, projetos de saneamento sendo desenvolvidos com o conceito BIM.

No caso em estudo, onde o serviço de Saneamento é prestado por uma empresa pública, há que se considerar as questões relativas à execução dos contratos, e à responsabilidade do agente público como gestor de contratos. A adoção do BIM pode promover a melhoria da segurança técnica e administrativa de fiscais, gestores de contratos e ordenadores de despesa. Pode também evitar tantas inconsistências e incompatibilidades, que podem estar misturadas com os desvios de conduta. A modelagem BIM traz transparência ao processo.

Na tentativa de identificar os benefícios da modelagem BIM, parte dos engenheiros da equipe responsável pela contratação e desenvolvimento dos projetos na Sanepar iniciou os estudos do conceito, buscando avaliar se a sua aplicação é viável nos processos de engenharia da empresa, como desenvolvimento e análise de projetos, planejamento de obras, gestão de execução de obras, orçamentação, manutenção e operação.

Para tanto, buscou-se inicialmente estudar o conceito e identificar, dentro da empresa, um projeto já desenvolvido de maneira convencional (peças gráficas produzidas em 2D acompanhadas de memorial, especificações e orçamento) e então construir o modelo BIM do mesmo empreendimento, através de contratação de empresa especializada. O projeto selecionado era de baixa complexidade, uma vez que o foco, nesse primeiro trabalho, era permitir o aprendizado do conceito num caso real.

O projeto definido diz respeito à implantação de uma nova captação subterrânea (poço 4), na cidade de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba. No local físico onde se encontra o poço, será instalada uma casa de química. Desta área sairá uma linha adutora de água tratada que interligará este pequeno sistema produtor à rede de distribuição já existente no local, conhecido como Recalque Alto Santa Felicidade (RASF).

Autores: Mônica Tabor Druszcz; Mariele de Souza Parra Agostinho e Clarissa Scuissiato.

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