saneamento basico

Avaliação do húmus de minhoca como inoculante no processo de compostagem de resíduos orgânicos

Resumo

A crescente produção de resíduos sólidos urbanos que proporcionalmente demandam áreas para uma destinação final tecnicamente adequada, contribui para a pesquisa por novas alternativas de tratamento de resíduos. Neste sentido, o presente estudo teve por objetivo avaliar duas diferentes formas de realizar o tratamento de resíduos sólidos orgânicos do meio urbano por meio da compostagem, com a utilização de resíduos de uma padaria, de um restaurante, da feira livre, e de palhas e podas de capim para a produção do composto orgânico, mediante a utilização de reatores aeróbios adaptados em tambores com capacidade volumétrica de 100 litros. O método foi dividido em dois tratamentos, com três repetições cada, utilizando-se tambores de cor azul identificado como grupo experimental, no qual foi adicionado húmus de minhoca como material inoculante, e tambores identificados pela cor verde como grupo controle, que consistiu no parâmetro do experimento. As características físicas dos dois tratamentos apresentaram grande diferença em relação ao volume final de cada tambor. Analisando visualmente o teste prático de germinação com sorghum vulgare (sorgo forrageiro), foram observados resultados satisfatórios do teste com o adubo orgânico com o qual foi o
primeiro a germinar, inferindo-se que o composto produzido possuía um bom grau de maturação.

Introdução

O interesse e percepção da necessidade da preservação do meio ambiente têm ganhado notoriedade devido ao
avanço da utilização excessiva dos recursos naturais, bem como a sua degradação pelas atividades antrópicas.
Um dos grandes problemas oriundos do desenvolvimento populacional, marcado pelo consumismo do sistema
capitalista, é à disposição de resíduos sólidos em áreas inadequadas, ocasionando a degradação do solo.
(OLIVEIRA et al., 2019).
Desde as primeiras civilizações, os resíduos já compõem um aspecto de grande geração de problemas
(MORAES, 2012). Devido às necessidades básicas humanas de se vestir, alimentar-se e de ter moradia, as
sobras dos materiais utilizados e o descarte impróprio ocasionou apenas o início de um problema ambiental.
Todo o resíduo sólido, considerando os princípios do desenvolvimento sustentável, gerado em atividades
antrópicas, deve ser analisado em relação ao seu potencial uso como insumo, passível de utilização na
indústria, agropecuária, infraestrutura urbana etc., e não como um simples resíduo a ser descartado ou ser
encaminhado para a disposição final (MATOS, 2014).

Dados de 2017 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE,
mostram que a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil foi de 78,4 milhões de toneladas. Em relação à
disposição final dos resíduos sólidos urbanos coletados, 59,1% são destinados em aterros sanitários, e 40,9%
são despejados em locais inadequados (ABRELPE, 2017).
Os resíduos sólidos provenientes das primeiras atividades humanas eram predominantemente compostos por
restos de origem animal e vegetal. A problemática da geração de resíduos se intensificou, acompanhando a
evolução dos índices populacionais e suas necessidades (SANTOS, 2007). No cenário atual, a disposição dos
resíduos sólidos em aterros sanitários, poderia ser significativamente reduzida, se houvesse a correta
destinação.
Para a destinação correta dos resíduos sólidos orgânicos destaca-se o processo de compostagem, que consiste
no processo de tratamento mais antigo que o homem tem conhecimento, cujo objetivo é transformar a matéria
orgânica em húmus (adubo orgânico) para posterior uso agrícola, além de contribuir com a proteção ambiental,
com a saúde pública, e também com a questão social (PEREIRA NETO, 2007). O tratamento dos resíduos
orgânicos evita sua disposição inadequada, à atração de vetores transmissores de doenças, a geração de
chorume e a contaminação do lençol freático (MASSUKADO, 2008).
A compostagem dispõe de técnicas que consistem no tratamento de resíduos orgânicos, a partir da atividade
microbiana, que ao final do processo, resulta em um composto orgânico, também conhecido como húmus,
utilizado para adubação do solo (HERBERTS et al., 2005).
Segundo Santos et al. (2014), a compostagem contribui para a valorização dos resíduos como matéria-prima,
sendo do ponto de vista agronômico, um processo de grande relevância, pois uma quantidade considerável de
nutrientes está retornando para o solo na forma mineral e orgânica, proporcionando melhorias químicas, físicas
e biológicas.
Em 2017, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), promulgou a Resolução nº 481/2017, que
estabelece critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade ambiental do processo de
compostagem de resíduos orgânicos. Definindo compostagem como “processo de decomposição biológica
controlada dos resíduos orgânicos, efetuado por uma população diversificada de organismos, em condições
aeróbias e termofílicas, resultando em material estabilizado”. E composto orgânico como “produto
estabilizado, oriundo do processo de compostagem, podendo ser caracterizado como fertilizante orgânico,
condicionador de solo e outros produtos de uso agrícola”.
Uma das preocupações que permeiam o processo de compostagem é a contaminação do composto produzido
com resíduos urbanos em decorrência da contaminação por microrganismos patogênicos e pela presença de
metais pesados, assim, a separação dos materiais por meio da triagem, pode minimizar/mitigar tais problemas e
o produto final pode ser de uso irrestrito e com boas qualidades para melhorar as características químicas e
físicas do solo (SANTOS et al., 2014).
Os parâmetros específicos quanto ao método de compostagem para garantir a qualidade ambiental, ressaltam a
importância de evitar a geração de odores fortes, a proliferação de moscas e outros vetores e a excessiva
produção de chorume. Dentre outras variáveis analisadas, estão o tipo e quantidade de resíduos a ser tratada,
área disponível, mão de obra, proximidade de residências e capital necessário para implantação e manejo do
processo (INÁCIO; MILLER, 2009).
Diante deste contexto, o presente trabalho objetivou avaliar a dinâmica em termos de quantidade e qualidade
da produção de composto, dos resíduos orgânicos coletados de uma padaria, um restaurante e na feira livre do
mercado municipal de Araçuaí/MG, e verificar a quantidade da produção de húmus destes resíduos utilizando
minhocas como inoculante.

Autores: Anderson Almeida Silva; Fabrízia Santos Batista; e Patrícia Conceição Medeiros.

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