saneamento basico

Comparação de custos de utilização de métodos não destrutivos – MND e de abertura de vala em obras lineares de saneamento

Resumo

O presente estudo tem como objetivo abordar e comparar alguns dos métodos utilizados para a implantação e a
substituição de dutos subterrâneos em obras de saneamento, em especial o método tradicional de abertura de
vala e os “Métodos Não Destrutivos” (MND). A terminologia MND aplica-se a instalação subterrânea de
dutos através de diversas metodologias, evitando rompimento de calçadas, ruas e estradas, daí a denominação
“Não Destrutivos”. Após apresentar alguns tipos de métodos utilizados, o trabalho foca em três metodologias,
sendo duas por MND, comparando-as com a de assentamento convencional por abertura de vala. Nessa
comparação são contabilizados custos diretos e sociais (indiretos), considerando entre esses últimos o tempo
de interdição, em função da rapidez na execução da inserção dos tubos, área de recapeamento do pavimento,
ou seja, muitos dos impactos dessas obras nas vias públicas e no cotidiano da população. Constata-se que os
MND podem se apresentar como alternativa economicamente viável em muitos casos, o que de certa forma
justifica sua crescente aplicação no mercado. Além da redução do atual custo de MND – que pode ser esperada
em função da maior disseminação do seu emprego – prevê-se que haverá uma tendência ainda maior na
utilização de MND se forem levadas ainda em consideração as atuais dificuldades de se escavar valas mais
profundas em um solo urbano bastante “saturado”, pleno de interferências.

Introdução

A rápida e desordenada urbanização verificada no país a partir da 2ª metade do século XX levou boa parte da
população brasileira do campo para a cidade, adensando especialmente as áreas metropolitanas das capitais,
como o RJ e SP.

Nesse mesmo período, os investimentos em saneamento básico no Brasil ocorreram de forma heterogênea e
concentrados em alguns períodos específicos. Destacam-se as décadas de 1970 e 1980, quando havia um
“predomínio da visão de que avanços nas áreas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos
países em desenvolvimento resultariam na redução das taxas de mortalidade” (Soares, Bernardes e Cordeiro
Netto, 2002).

Em função desse crescimento e da necessidade de expansão da infraestrutura nas cidades, redes de sistemas de
saneamento foram sendo implantadas para atendimento da demanda. Assim, as tubulações de água, esgoto e drenagem dividem o subsolo crescentemente congestionado das cidades com as redes de infraestrutura de outras companhias/concessionárias nos segmentos de gás, eletricidade, telefonia, TV a cabo, internet e outras.

A complexidade da situação atual se transformou em um grande obstáculo a ampliação dos sistemas de saneamento, inclusive para atender a necessidade de universalização do setor (conforme reiterado pela Política Nacional de Saneamento Básico). Há , portanto, uma crescente demanda pela adoção de métodos alternativos de execução e assentamento de tubulações, que viabilizem a execução dessas redes em determinadas condições em que os métodos mais convencionais são menos aplicáveis.

Em muitos casos, o método tradicional de execução por abertura de vala gera diversas externalidades, como interrupções indesejáveis no tráfego, aumento do nível de poluição e de ruídos, além de outros impactos para a população. Na abertura de vala, perde-se muito tempo em função da necessidade de execução de diversas etapas como na escavação e escoramento da vala, bombeamento/rebaixamento do nível d’água, reaterro, compactação e reposição do pavimento.

Por outro lado, os Métodos não Destrutivos (MND) se configuram modernamente como uma alternativa para execução de novas instalações ou ainda para reabilitar/substituir dutos, tubos e cabos subterrâneos utilizando metodologias que diminuem ou eliminam a necessidade das várias etapas características dos métodos tradicionais de construção. A terminologia “Métodos Não Destrutivo” aplica-se a instalação subterrânea de canalizações e dutos, evitando escavações, rompimento de calçadas, ruas e estradas, advinda daí a denominação de “Não Destrutiva”.

Um dos fatores mais relevantes para a utilização da metodologia de MND é justamente a diminuição dos impactos gerados no entorno urbano característicos da abertura de valas. Muitos desses impactos geram custos indiretos geralmente pouco tangíveis como, por exemplo, os custos sociais a eles inerentes.

Segundo Campos (1996), na linguagem econômica o custo social expressa os sacrifícios impostos à sociedade para que o processo produtivo se concretize. A população é onerada pelo custo monetário da aquisição do produto em si enquanto bem de consumo, assim como pelos encargos decorrentes dos resíduos descartados para o meio (externalidades).

De acordo com Dezzoti (2008), entre os custos sociais podem ser mencionados aqueles relativos a: (1) Interrupção ao tráfego veicular; (2) Danos à rodovia e pavimento; (3) Danos às utilidades adjacentes; (4) Danos às estruturas adjacentes; (5) Barulho e vibração; (6) Segurança dos pedestres; (7) Perdas para negócios e comércios; (8) Danos às estradas utilizadas com desvios; (9) Segurança local e pública; (10) Insatisfação dos cidadãos e (11) Impactos ambientais.

Além de viabilizar obras em locais que pelos métodos tradicionais – como o de vala a céu aberto – isso seria praticamente impossível, o custo de execução por MND vem gradativamente se tornando mais competitivo no mercado. Em que pese ser a grande maioria dos assentamentos de tubulações de saneamento ainda executados através de abertura de valas, diversas empresas que trabalham no segmento de instalação de redes têm optado de forma crescente pela aplicação da tecnologia não destrutiva tendo em vista as muitas vantagens na sua aplicação. Entre elas podem ser citadas: uma obra mais “limpa”, mínima área de recapeamento do asfalto, redução de prazos e precisão na execução da obra, redução do tempo de interdição ou mesmo não interrupção das vias de trânsito na área de trabalho, entre outras.

Autores: Patricio da Silva Rodrigues; Sandra Lacouth Motta e Marcelo Obraczka.

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