Avaliação de novo modelo de caixa de retenção de gordura

Resumo

Em locais com concentração de restaurantes, a caixa de retenção de gordura é um dispositivo fundamental para prevenir a ocorrência de obstruções na rede coletora de esgoto e adequar o efluente às condições de lançamento de acordo com a legislação vigente. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da caixa de gordura instalada no restaurante do Grêmio da ETA ABV, em relação à operação do dispositivo, aos parâmetros da legislação atual e ao impacto no fator de carga poluidora, fator K1. Os resultados demonstraram que do ponto de vista operacional a caixa instalada deu fim aos problemas de obstruções que ocorriam na rede de esgoto. Ela foi satisfatória em relação a análise dos parâmetros do efluente, com resultados positivos em termos de eficiência de remoção do parâmetro OG (média geométrica de 64% na semana analisada) e também demonstrou a redução do fator de carga poluidora entre o afluente e o efluente, significando uma possível diminuição de sobretarifa aplicada ao ramo de atividade. Essa é uma análise preliminar da eficiência desse modelo de caixa, mas, para uma análise mais completa do produto, novos testes em locais e períodos distintos podem fornecer mais informações complementares quanto à sua operação.

Introdução

A caixa de retenção de gordura tem como principal objetivo reter a gordura que chega das pias após a manipulação de alimentos e lavagem de louças, talheres e copos. Estes dispositivos são especialmente importantes em regiões com alta densidade de restaurantes, pois nestes locais as obstruções de redes coletoras de esgotos são frequentes.

A Norma Técnica Sabesp (NTS) 217 – Ligação Predial de Esgoto apresenta um modelo de caixa de retenção de gordura (SABESP, 2015), entretanto, uma equipe da Sabesp identificou melhorias a serem feitas para melhorar a eficiência deste dispositivo e atender ao propósito de impedir o lançamento de gordura na rede coletora de esgotos.

Após a equipe projetar um modelo de caixa, um protótipo de caixa de retenção gordura foi instalada no restaurante do Grêmio da Estação de Tratamento de Água (ETA) Alto da Boa Vista (ABV) durante o segundo semestre de 2016, devido ao histórico de manutenções corretivas necessárias por parte da Divisão de Esgoto da UGR Santo Amaro, Sabesp.

O Decreto Estadual nº 8648 (SÃO PAULO, 1976), em seu Art. 19-A, estabelece condições que os efluentes de qualquer fonte poluidora devem atender para serem lançados no sistema de esgotos. Dentre as condições que devem ser observadas, destacam-se os seguintes parâmetros que estão mais diretamente relacionados às obstruções de redes (Art. 19-A, Decreto nº 8648/76):

I – pH entre 6,0 (seis inteiros) e 10,0 (dez inteiros);
II – temperatura inferior a 40º C (quarenta graus Celsius);
III – materiais sedimentáveis até 20 ml/l (vinte mililitros por litro) em teste de 1 (uma) hora em “cone Imhoff”;
IV – ausência de óleo e graxas visíveis e concentração máxima de 150 mg/L (cento e cinquenta miligramas por litro) de substâncias solúveis em hexano;
VI – ausência de despejos que causem ou possam causar obstrução das canalizações ou qualquer interferência na operação do sistema de esgotos.
Além dos requisitos legais de qualidade do esgoto a ser lançado na rede, há um fator econômico que pode ser atrativo aos clientes da Sabesp proprietários de restaurantes. Segundo o Comunicado Sabesp 03/19, Anexo A, de 21/02/2019, o ramo de atividade de restaurante recebe um fator de carga poluidora (K1) de 1,55, sendo que se o estabelecimento proporcionar a retenção de parâmetros de qualidade poderá requerer um recalculo deste fator e, consequentemente, obter uma economia no custo da conta mensal de esgoto (conforme Equação 1).

CM = P x V x K1 equação (1)

Onde CM é a Conta Mensal, V é o volume de esgoto em m³, P são os preços estabelecidos pela tarifa da Sabesp (vigente, em R$/m³) e K1 é o fator da carga poluidora.

O presente trabalho pretende avaliar a eficiência da caixa de retenção de gordura instalada no restaurante do Grêmio da ETA ABV no que se refere à operação da caixa, com base no histórico de manutenções desde sua instalação, quanto aos parâmetros da Legislação mais relacionados ao problema de entupimento e quanto ao impacto no fator de carga poluidora fator K1.

Autores: Samuel Soares Muniz; Allan Saddi Arnesen; Luciano Carlos Lopes e Abiatar Castro de Oliveira.

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