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Telhados verdes como políticas públicas ambientais para o município de Volta Redonda – RJ

Resumo

As infraestruturas cinzas, a prioridade em transportes individuais em detrimento dos coletivos e não motorizados e a falta de planejamento integrado prevalecem e provocam mudanças significativas na paisagem urbana, como a construção de viadutos, canalização de rios e rodovias. Estas mudanças potencializam a ocorrência de sérios problemas ambientais, tais como: formação de ilhas de calor, inundações, aumento da poluição do ar, entre outros. Neste sentido, os telhados verdes se inserem como infraestrutura verde capaz de mitigar os efeitos desta urbanização. O Município de Volta Redonda, localizado na Região Sul do Estado do Rio de Janeiro, se enquadra na temática apresentada, por apresentar a poluição atmosférica como o principal problema ambiental, devido à intensa industrialização e ao crescente fluxo de veículos. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre temas como telhados verdes, políticas públicas, a apresentação de casos empíricos das políticas públicas acerca dos telhados verdes em nível mundial e nacional, para verificar a viabilidade deste instrumento como políticas públicas para minimizar os efeitos da poluição atmosférica neste município. Conclui-se que a implantação de telhados verdes, apesar de ser um incentivo incipiente, poderia mitigar os efeitos negativos da poluição atmosférica, melhorando, assim, a qualidade de vida da população.

Introdução

A carência de áreas verdes nas cidades em diversos países é resultado do descaso com a questão ambiental ao longo do processo de urbanização. Observa-se uma generalizada perda da qualidade de vida, seja para a população humana ou para a biodiversidade, com surtos frequentes de doenças (até mesmo daquelas já estabelecidas como erradicadas), contaminação de corpos hídricos pelo lançamento de efluentes domésticos e industriais, queima excessiva de combustíveis fósseis que emanam para a atmosfera gases intensificadores do efeito estufa, fragmentação de habitats naturais e desmatamentos.

O uso da vegetação como uma infraestrutura complementar é uma das alternativas para que as construções convencionais (asfalto e concreto) tornem-se menos agressivas ao meio ambiente, proporcione serviços ecossistêmicos e aumente a resiliência das cidades. Dentre os benefícios gerados pela vegetação estão: os estéticos, de lazer, social, econômico e ambiental.

Outro fator positivo do uso da vegetação está relacionado ao sentimento de biofilia, ou seja, os efeitos psicológicos proporcionados pelo contato do homem com a natureza. Segundo Ulrich (1993) e Berto (2005), este contato desperta sentimentos de relaxamento, paz, redução de estresse e sentimentos negativos, tais como a agressividade e o medo.

A infraestrutura verde serve, neste contexto, como uma ferramenta essencial para a melhoria da qualidade de vida urbana e da manutenção e funcionamento dos fluxos naturais. É uma alternativa em planejamentos sustentáveis de longo prazo, já incorporada em várias cidades de muitos países, que se consiste em redes multifuncionais de fragmentos permeáveis e vegetados, interconectados que reestruturam o mosaico da paisagem (HERZOG & ROSA, 2010). A arborização urbana, jardins verticais, calçadas verdes, telhados verdes e jardins filtrantes (wetlands) são exemplos de infraestrutura verde.

O telhado verde, foco deste estudo, é um sistema construtivo de cobertura vegetal feito com grama ou plantas e que pode ser instalado em lajes ou sobre telhados convencionais (RANGEL et al., 2015). Podem ser de dois tipos de sistemas: intensivos e extensivos. Segundo Correa (2001), o primeiro tipo exige maior monitoramento, pois, geralmente, utiliza-se vegetação de maior porte e servem como espaços de lazer, enquanto o segundo exige pouca monitoração, já que sua funcionalidade é por razões estéticas e ecológicas.

A utilização de telhados verdes proporciona serviços ecossistêmicos semelhantes à arborização urbana, tais como: o conforto térmico, a retenção das águas das chuvas, o sequestro de carbono e a atração da fauna urbana. A retenção das águas das chuvas também auxilia na retenção de poluentes, como pesticidas e resíduos de petróleo, uma vez que os telhados verdes diminuem o escoamento superficial, armazenando a água durante eventos de chuvas e retornando a precipitação para a atmosfera através da evapotranspiração (METENS et al., 2005).

Alguns autores ressaltam como maior benefício dos telhados verdes o seu desempenho térmico. De acordo com Araújo (2007), como o entorno dos telhados verdes tende a ficar mais diverso ao longo do tempo, o teor de umidade do ar também tende a aumentar. Estima-se que após a instalação de cobertura verde em uma laje, a temperatura da superfície reduz cerca de 15°C (SPANGENBERG, 2004 apud RANGEL et al., 2015).

(…)

Autor: Bruno Rocha Silva Setta.

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