saneamento basico

Teste de ecotoxicidade do Alquil Benzeno Sulfonato Linear (LAS) utilizando o microcrustáceo Daphnia Magna

Resumo

O desenvolvimento populacional tem provocado o aumento do consumo de produtos e consequentemente acarretando no crescimento da produção e do lançamento de diferentes poluentes no meio ambiente, colaborando no desequilíbrio do ecossistema terrestre e aquática, principal receptor desses poluentes. Os surfactantes constituem um dos principais componentes orgânicos presentes nos efluentes das atividades antrópicas. Essas substâncias estão presentes em produtos de limpeza e fármacos que podem causar efeitos toxicológicos na biota aquática. A toxicidade desses compostos pode ser determinada a partir de um ensaio de ecotoxidade, que consiste na avaliação toxicológica de poluentes através da sua exposição a determinados organismos-teste. O objetivo do presente trabalho é analisar o teste de ecotoxicidade aguda do Alquil Benzendo Sulfonato Linear (LAS) utilizando como organismo-teste a Daphnia magna, de acordo com as resoluções ambientais vigentes. A metodologia utilizada para a realização do teste será de acordo com o exigido pela NBR 12713 estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) e metodologia adaptada de Miranda; Santos; Duarte (2015). A partir da análise dos resultados pode-se perceber que a Daphnia magna apresenta forte sensibilidade as concentrações de 0,5mg/L (357/05 CONAMA) e 0,2 mg/L (EUA) nas primeiras 24 horas de teste, e nas 48 horas de teste os organismos não resistiram as concentrações utilizadas, 0,5 mg/L, 0,2 mg/L, 0,027 mg/L e 0,01 mg/L, demonstrando que essas legislações se mostram muito brandas com os padrões de lançamento do LAS no meio ambiente.

Introdução

O desenvolvimento populacional tem contribuído com a crescente demanda por novos produtos e tecnologias, acarretando no aumento da produção industrial de diferentes poluentes distribuídos no meio ambiente, contribuindo no desequilíbrio da biota terrestre, atmosférica e aquática, principal receptor desses poluentes (BORRELY, 2001; BRAGA et al., 2002; ANDRADE et al., 2004).

Os efluentes podem ser classificados principalmente em dois tipos, domésticos e industriais. Efluentes domésticos constituem-se de águas que passam por alguma utilidade oriunda de residências e locais públicos, possuem 99,9% de água e 0,1% de matéria sólida suspensa, coloidal ou dissolvida. Os efluentes industriais apresentam elevada relevância sobre a poluição do meio hídrico, caracterizando-se por apresentar uma diversidade de moléculas orgânicas sintéticas, desde substâncias simples a complexas, como substâncias tóxicas, fenóis, benzeno, pesticidas, detergentes e surfactantes, sendo os dois últimos também presentes no esgoto doméstico. Tais compostos influenciam na dinâmica do corpo receptor, contribuindo na diminuição das fontes de oxigênio livre, afetando as formas de vidas ali presente (ROMANELLI, 2004).

A toxicidade desses compostos pode ser determinada a partir de um teste de ecotoxidade, que consiste na avaliação toxicológica de poluentes, avalia os riscos que tais compostos ou substâncias podem trazer ao meio ambiente. Autores definem os testes de ecotoxicidade como um estudo que avalia um organismo-teste utilizado representativamente como organismo do ambiente, em meio a exposição a várias concentrações de poluentes ou substâncias que representem potencial tóxico, em um período predeterminado de tempo (MIRANDA; SANTOS; DUARTE, 2015).

O teste com microcrustáceos é considerado uma das ferramentas mais utilizadas para a avaliação preliminar de toxicidade devido a sua rapidez, baixo custo e eficiência. Além disso, não requer equipamentos especiais sendo suficientes para avaliar o potencial de risco ambiental dos contaminantes (HOCAYEN, 2012). A classificação para os tipos de ensaios de toxicidade leva em consideração os possiveis efeitos que possam surgir durante o tempo de exposição, com os organismos utilizados. O ensaio de toxicidade aguda a qual o trabalho se propõe, caracteriza-se por ser testes de curta duração e envolve parte do ciclo de vida do organismo-teste, se avalia normalmente a mortalidade ou a imobilidade dos mesmos, a influência em reações bioquímicas e metabolismo (NIPPER 2000; BORRELY, 2001).

Os surfactantes constituem um dos principais componentes orgânicos presentes nos efluentes das atividades antrópicas. São encontrados em concentrações suficientes para causar efeitos toxicológicos e alterar o funcionamento de ecossistemas aquáticos e terrestres (CAVALCANTE, 2014). Desde da década de 1960 se observou relatos sobre toxicidade de surfactantes, a partir de análises com peixes com concentrações de detergentes (0,5 ppm).

Alquil Benzeno Sulfonato Linear (LAS), composto presente em produtos de limpeza e fármacos faz parte do grupo dos surfactantes e apresenta significativa relevância econômica no cenário mundial (MARINHO et al., 2014). Entre os principais impactos ambientais associados aos surfactantes, e ao LAS de maneira específica, se destaca a formação de espumas, que causam poluição visual e inibem o processo de depuração dos corpos aquáticos, além de facilitar a difusão de impurezas e micro-organismos; a diminuição das trocas gasosas entre a atmosfera e a superfície aquática pela formação de uma película isolante na superfície da água e sua relativa toxicidade a organismos aquáticos e terrestres relacionados com sua persistência no ambiente (MORAIS, ANGELIS, 2012; IVANKOVIĆ, HRENOVIĆ; 2010) .

O LAS é constituído de uma mistura de vários homólogos e isômeros de posição de cadeias alquiladas lineares, com a quantidade de carbono variando principalmente entre 10 e 14 átomos. Na parte hidrofílica se observa um anel aromático sulfonato na posição para ligado a cadeia linear alquil. Esta ligação pode aparecer em qualquer posição na cadeia linear com exceção dos carbonos localizados nas extremidades da cadeia alquílica como observado na Figura 01 (CAVALCANTE, 2011). No entanto as concentrações presentes nos efluentes representam preocupações por apresentar possíveis efeitos toxicológicos e atingir o desempenho da biota aquática e terrestre (MIRANDA, SANTOS, DUARTE; 2015).

Segundo Mungray e Kumar (2008), as concentrações de LAS no esgoto doméstico é de 3 a 21 mg L -1. Nos esgotos nos Estados Unidos a média de LAS nos esgotos é de 4 a 5,7 mg L -1, e na Europa a média é de 4,0 a 15,1 mg L -1(MUNGRAY E KUMAR, 2009).

Os padrões de monitoramento para o LAS são limites estabelecidos internacionalmente. No Brasil o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na resolução Nº 357/2005, o classifica como substância tenso-ativa que reage com azul de metileno e estabelece um limite para águas doces uma concentração de LAS de 0,5 mg L-1 (MIRANDA; SANTOS; DUARTE, 2015). Desta forma se faz necessário a realização de trabalhos relacionadas a verificação dos efeitos toxicológicos do LAS, para conhecimento dos possíveis impactos que o lançamento desse poluente pode trazer para a biota aquática.

O objetivo do presente trabalho é analisar o teste de ecotoxicidade aguda do Alquil Benzendo Sulfonato Linear (LAS) utilizando como organismo-teste a Daphnia magna, de acordo com as resoluções ambientais vigentes.

Autores: Priscila da Silva dos Santos; Francisco Waslleyson Gomes Rezende;  Renata Lee Martins Negreiro; Reinaldo Fontes Cavalcante e Glória Maria Marinho.

baixe-aqui

Últimas Notícias:
Secagem Solar Lodo

Secagem Solar de Lodo

Na grande maioria das estações de tratamento de esgoto (ETEs), o lodo biológico é o resíduo sólido gerado em maior quantidade, sendo responsável por um dos maiores custos operacionais, devido principalmente aos serviços de transporte e destinação do material.

Leia mais »