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Águas do Brasil aposta em debêntures incentivadas e investimento próprio para expansão de saneamento

Imagem Ilustrativa

Vencedora do leilão do bloco 3 da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), realizado no fim do ano passado, o Grupo Águas do Brasil pretende fazer, ainda neste ano, emissões de debêntures incentivadas e verdes – que preveem vantagens fiscais – para financiar a expansão de seus projetos. Ao mesmo tempo, o diretor financeiro do grupo, Marcelo Mota, diz que somente com um conjunto de fontes é possível universalizar os serviços de água e esgoto no país.

A expectativa da empresa é aumentar em 50% a receita bruta em 2022, com o início das operações da Rio + Saneamento

Mota destaca a importância do investimento de capital próprio das empresas no setor, chamado de equity, de recursos públicos tradicionais, como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica e verbas do FGTS destinada ao setor, assim como das agências multilaterais como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.

“Os números podem variar, mas indicadores apontam que, para a universalização [prevista no Marco Legal do Saneamento] nos próximos 11 anos, serão necessários R$ 700 bilhões. Não existe nenhuma fonte única, nenhuma panaceia que vai resolver o setor, que vai precisar de um conjunto de fontes para viabilizar seu crescimento”, afirma Mota.

O marco legal determina que 99% da população tenha acesso à água e 90% a tratamento de esgoto até 2033. O executivo ressalta uma tendência importante para a expansão dos projetos que vem ocorrendo: a alocação de recursos das próprias empresas e fundos associados.

“Do ponto de vista do equity, a gente vê movimentos bem interessantes. Investidores entrando não somente como no passado, na composição das holdings, mas também com interesse em participar dos projetos como sócios, tomando risco de investidor de equity com a gente”, afirmou Mota. No caso do grupo, a companhia tem parceria com a Vinci Partners, plataforma de fundo de investimento em infraestrutura.

O Grupo Águas do Brasil tem 13 concessões e 15 operações de saneamento no país, com presença nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Ao todo, mais de 4 milhões de pessoas são atendidas. Para operar a concessão arrematada da Cedae, com valor de outorga de R$ 2,2 bilhões, a empresa constituiu a Rio+Saneamento, que vai operar em 22 bairros da zona oeste do Rio de Janeiro e mais 18 municípios fluminenses.

A companhia prevê investimento de R$ 900 milhões, nos próximos cinco anos, nas operações existentes. Na Rio+Saneamento a meta é investir aproximadamente R$ 1 bilhão no mesmo período. No total, ao longo da concessão, de 35 anos, serão aportados mais de R$ 4 bilhões no Estado.

“Temos um conjunto de concessões que já tem um nível de maturidade muito próximo da água e esgoto universalizados. Os investimentos mais relevantes serão nos novos negócios, como a Rio+Saneamento. Também esperamos que o setor traga outras oportunidades”, disse Mota.


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Águas do Brasil

A receita líquida do grupo, em 2021, foi de R$ 1,47 bilhão, aumento de 18% em relação a 2020. Em relação ao lucro operacional, o número subiu de R$ 346 milhões, em 2020, para R$ 402 milhões no ano passado – alta de 16%. A expectativa da empresa é aumentar em 50% a receita bruta em 2022, com o início das operações da Rio+Saneamento, que deve agregar cerca de R$ 800 milhões ao faturamento.

O contrato de concessão do bloco 3 da Cedae foi assinado em 29 de março. O acordo prevê que, durante seis meses, o grupo e a companhia estadual trabalharão de forma conjunta, a chamada operação assistida. No entanto, a Águas do Brasil pretende assumir o controle dos serviços antecipadamente, evitando assim o término da atuação casada às vésperas do 1º turno das eleições.

Além de já atuar em nove cidades fluminenses, os serviços de coleta e tratamento de esgoto da zona oeste do Rio são operados, desde 2012, pela Zona Oeste Mais Saneamento, subsidiária do grupo, em parceria com a BRK Ambiental.

De acordo com Marilene Ramos, diretora de sustentabilidade e relações institucionais do grupo, a região era “totalmente” desprovida do serviço. “Atualmente, o índice de tratamento e coleta de esgoto é de 56%”. A engenheira ambiental diz ainda que a expansão do serviço em municípios e áreas nas quais o esgoto é drenado para as baías de Guanabara e Sepetiba vão ajudar na despoluição dessas áreas.

Além disso, ela aponta, dentro do setor ambiental, social e de governança (ESG), o projeto Água de Valor, que busca evitar a perda de água nas operações de abastecimento, que já recuperou volume suficiente para atender uma cidade de 260 mil habitantes: “O nosso serviço já é de sustentabilidade. O saneamento dá dignidade, qualidade de vida e saúde para a população e tem benefícios ambientais. Água é um bem escasso. O programa reduziu para 29% as perdas, enquanto a média do setor é de 40%”.

Fonte: Valor Econômico.

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