Crise Saneamento Manaus
Lixeira viciada, esgoto a céu aberto e igarapé poluído. Isto é apenas um recorte da realidade do saneamento básico vivido pelos moradores de grande parte da capital do Amazonas.
Manaus está entre as cidades brasileiras com as piores notas em saneamento básico, como pontua a pesquisa do Trata Brasil 2024 ao divulgar a capital na 86ª posição. Outras cidades do Norte com Macapá em 99° lugar e Porto Velho em 100° finalizam o ranking.
A situação é preocupante, visto que apenas 21,8% do esgoto gerado em 2022 foi tratado e a falta deste procedimento pode adoecer a população. O dado é do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
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Dos mais de 32 milhões de brasileiros sem acesso ao esgotamento sanitário, 1,5 milhão residem na capital, e o contato com a água contaminada pode ser a causa de diversas doenças:
- Diarreia;
- Cólera;
- febre tifoide;
- hepatite A;
- esquistossomose e
- leptospirose.
Crise Saneamento Manaus
Existem também outras Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), como dengue, febre-amarela, malária e doença de chagas, transmitidas por inseto vetor.
Segundo o levantamento do Trata Brasil, em 2024, o Amazonas registrou mais de cinco mil e quinhentas internações de DRSAI. Em toda a região Norte, 35.397 casos foram registrados.
A professora da Universidade Federal do Amazonas Klenna Peixoto, destacou que a realidade amazônica impõe muitos desafios por causa de suas particularidades socioeconômicas, geográficas e climáticas.
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Com um aterro controlado às margens da AM- 010, próximo do fechamento, a capital enfrenta outro desafio, construir um aterro sanitário até 2028.
A proposta seria construir o aterro sanitário no bairro Tarumã, mas existe uma preocupação dos políticos com a contaminação do Igarapé do Leão, que fica próximo à localização escolhida para o empreendimento da empresa Marquise Ambiental.
“Embora o aterro controlado minimize os impactos ambientais típicos dos lixões, ele enfrenta desafios substanciais, tais como a escassez de tecnologias avançadas de tratamento e a insuficiência de soluções sustentáveis para a destinação final dos resíduos. Essas limitações comprometem a eficiência do sistema, que necessita de um planejamento mais sólido e de investimentos em alternativas tecnológicas e ecológicas que possam atender às exigências ambientais de maneira mais eficaz e duradoura,” pontuou a professora.
Recurso escasso
Segundo a fundadora, existe um apoio da prefeitura aos catadores e associações, mas é preciso pressionar para que o recurso seja enviado e, muitas vezes, o atraso prejudica toda a cadeia produtora do município.
“Quem paga o galpão para gente é a prefeitura, mas o atraso prejudica. O dono não quer renovar o contrato por causa dos atrasos da prefeitura, essa é a grande dificuldade de todas as outras associações,” pontuou a catadora.
Portanto outro ponto criticado pela catadora é a coleta seletiva da prefeitura, realizada sem os profissionais de reciclagem.
“Eles fazem a coleta seletiva e deixam aqui, mas quando se faz coleta seletiva sem catadores, não é coleta seletiva. Coleta seletiva se faz com catador,” afirmou Alcineia.
Fonte: AM1.