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Webinar apresenta o monitoramento do esgoto como uma ferramenta de vigilância epidemiológica no Brasil

No Webinar “Monitoramento do Esgoto como Ferramenta de Vigilância Epidemiológica no Brasil: do Projeto-Piloto para a Rede Monitoramento COVID Esgotos”, transmitido no último dia 16, foi realizado o lançamento do boletim de apresentação da rede, parceria entre Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e INCT ETEs Sustentáveis, com o apoio do CNPq.

As apresentações foram mediadas por Sérgio Ayrimoraes,  superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA, e contou com a presença dos seis coordenadores dos núcleos do projeto.

No boletim apresentado, consta o Plano de monitoramento do SARS-CoV-2 no esgoto dos municípios integrantes da rede (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro) e o plano de comunicação, que mantém a publicação periódica dos resultados em boletins de acompanhamento. O próximo será o 35º, considerando os 34 boletins já divulgados desde abril de 2020, no âmbito do projeto piloto em BH.

O monitoramento de forma regionalizada abarcando regiões com renda econômica alta e outras regiões com renda econômica baixa, no caso da nossa realidade brasileira, é extremamente importante pra poder auxiliar os tomadores de decisão da área da saúde, principalmente naquelas regiões mais vulneráveis.

Nos boletins foram exibidos dados qualitativos. Como exemplo, as 4 semanas iniciais do projeto, onde o monitoramento foi de abril a maio de 2020. As porcentagens das amostras positivas abaixo indicam a presença do vírus na bacia de esgotamento do Arrudas e da bacia de esgotamento do Onça, ambas em Belo Horizonte – MG. Vale ressaltar que a partir da semana 5, 100% das amostras se mostravam positivas para o novo coronavírus (RNA viral).

Bacia do Arrudas: Semana 1 (29%), semana 2 (50%), semana 3 (43%), semana 4 (43%);

Bacia do Onça: Semana 1 (64%), semana 2 (69%), semana 3 (88%), semana 4 (83%);

O aumento da concentração de RNA viral no esgoto foi proporcional ao aumento do número de casos, e a redução também.

Posteriormente foi feito um estudo de correlação da carga viral presente no esgoto somada a carga viral das duas ETEs com o número de casos confirmados e suspeitos para covid-19. Isso evidenciou a correlação elevada e indicou que o aumento da cargas virais aconteceram com o aumento do número de casos reportados, demonstrando assim que o monitoramento é uma ferramenta complementar de vigilância epidemiológica.

Em outubro de 2020 foi divulgado a Dashbord do projeto, mostrando a evolução da concentração viral do esgoto em diferentes sub-bacias que foram analisados e mais o esgoto afluente das duas ETEs. Nos boletins e nos Dashbord é possível acessar os mapas onde é exibido exatamente a distribuição temporal e espacial da covid-19, comparando uma semana a outra.

No boletim final de acompanhamento a equipe comprovou a evolução temporal da carga viral ao longo dos 12 meses de projeto. Com isso, foi possível mostrar que o monitoramento de esgoto pode ser usado como uma ferramenta precoce, e nesse caso, o esgoto antecipou cerca de alguns dias a ressurgência do número de casos em BH em sua segunda onda. O RNA SARS-Cov-2 no esgoto permitiu avaliar a circulação do vírus, gerando assim uma oportunidade de vigilância.

Parceiros e suas atribuições no Projeto

ANA:

  • Articulação institucional;
  • Coordenação conjunta com o INCT ETEs Sustentáveis;
  • Apoio financeiro.

INCT ETEs Sustentáveis:

  • Coordenação conjunta com a ANA;
  • Condução da Rede;
  • Entrega de produtos previstos no projeto.

Companhias de Saneamento:

  • Apoio na elaboração do plano de monitoramento;
  • Disponibilização de equipes de campo para realizações das coletas;
  • Disponibilidade de informações do sistema de esgotamento sanitário.

Secretarias Estaduais de Saúde:

  • Disponibilização de Informações do Sistema Único de Saúde;

Instituições governamentais locais e CNPQ

Objetivo da rede para o monitoramento do novo coronavírus

Criar uma rede para monitoramento do novo coronavírus no esgoto, ao replicar as experiencias do Projeto Piloto para outros estados e cidade do Brasil, de modo a contemplar diferentes realidades regionais e estabelecer as bases para o que futuramente possa constituir o Programa Nacional de Vigilância Epidemiológica a partir do monitoramento do Esgoto.

“O entendimento dessas diferentes realidades regionais é um aspecto muito importante. BH tem uma condição muito distinta de outras capitais. Algumas tem cobertura de esgotamento sanitário semelhante e outras bastante diferentes. Então com isso poderemos enxergar quais são as dificuldades quando a gente sai de uma capital que tem uma cobertura de esgotamento sanitário próxima de 90% , para outros locais onde essa cobertura não tem os mesmos níveis,” alerta Carlos Chernicharo.

Coordenadores dos núcleos:

Carlos Chernicharo – INCT ETEs Sustentáveis UFMG

Ramiro Etchepare – UFPR

Cristina Brandão – UnB

Iene Figueiredo – UFRJ

André Bezerra – UFC

Lourdinha Florencio – UFPE

Segundo Sérgio Ayrimoraes, é um projeto que além de todos os desafios metodológicos, coleta e interpretações de resultados, é feito por uma ampla parceria de instituições e fundamentalmente por uma ampla rede de pesquisadores e de pessoas envolvidas em todo esse esforço.

Contribuições da Rede de Monitoramento

  1. Elaborar planos de monitoramento para fins de alerta precoce da ocorrência do novo coronavírus, contemplando hot spots e áreas de drenagem/esgotamento sanitário;
  2. Realizar o monitoramento do novo coronavírus em aproximadamente 10 locais e/ou áreas de interesse em cada uma das cidades da rede, de modo a detectar variações das concentrações do vírus no esgoto, ao longo do período de dez meses;
  3. Elaborar boletins de acompanhamento e temáticos para divulgar os resultados da Rede Covid Esgotos;
  4. Desenvolver um painel dinâmico para acompanhamento e divulgação dos resultados da Rede Covid Esgotos;
  5. Fornecer dados que auxiliem o setor de saúde (Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde);
  6. Fornecer subsídios para a elaboração do Atlas Covid Esgotos, consolidando os principais resultados da Rede Covid Esgotos.

“O coronavírus se adere ao material particulado sólido, portanto, estações que fazem uso de decantadores (como é o caso do sistema de lodo ativados), o vírus fica adsorvido nas partículas do lodo e grande parte será removido junto com o lodo, de modo que a concentração (se ainda for detectado no esgoto tratado) é muito baixa e vai ser diluído e o vírus provavelmente não estará mais vivo quando for lançado no corpo d’água, por isso não representa qualquer ameaça”, complementa Juliana Calábria, doutora em  Engenharia Hidráulica e Saneamento, e professora da UFMG.

Clique e acesse: Metodologia para concentração e quantificação do novo coronavírus em amostras de água e esgoto por técnicas moleculares

Renata Mafra

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