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Vamos falar dos resíduos de construção civil?

Recentemente tive uma experiência ótima ao conceder uma entrevista sobre resíduos de construção civil ao programa BH do Bem, exibido pela TV Câmara.

Precisamos levar para o maior número de pessoas possíveis a discussão sobre o problema de gerenciamento de resíduos sólidos, pois a base da solução está no debate e a disseminação de informação para a conscientização de que cada um de nós faz parte tanto do problema quanto da solução, e que se cada um fizer sua parte podemos preservar o meio ambiente e nossa saúde.

O programa falou sobre os resíduos sólidos de construção civil em Belo Horizonte, o trabalho dos catadores de material reciclável, a coleta seletiva, e os resíduos de construção civil, do qual pude expor problemas e soluções viáveis para se pôr em prática em nossa cidade. Para especificar, os resíduos de construção civil são os que vem de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil.

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O maior problema desse tipo de resíduo é o desperdício gerado por ele. Em Belo Horizonte são geradas 100 toneladas por dia, e grande parte é aproveitado pela prefeitura para fabricação de outros materiais. As grandes obras geralmente têm projeto que cobre as leis ambientais. O problema está nas pequenas obras que muitas vezes não tem planejamento algum.  Este tipo de obra gera um volume muito grande e desnecessário de resíduos.

Os órgãos responsáveis devem, então, providenciar medidas que coíbam uma geração excessiva de resíduos nas obras, de modo que o responsável seja levado a um planejamento prévio, visto que esse é a maior causa do problema. O resíduo de construção civil é altamente aproveitável, inclusive na própria obra que a gerou, afinal, quanto menos o resíduo circular, mais economia de transporte e energia.

O impacto causado pelos resíduos de construção civil gera danos enormes ao meio ambiente e nossa qualidade vida. Eles causam enchentes, proliferação de vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e degradação do ambiente urbano. Na reportagem, o BH do Bem exemplificou perfeitamente esse processo. Muito do material é usado na fabricação de concreto e outros, e até os uniformes dos trabalhadores são reutilizados, causando uma economia de custo enorme. O planejamento evita também acidentes, gastos e faz bem para o meio ambiente.

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No Brasil existem poucas empresas que trabalham com reaproveitamento do entulho. Muitas vezes os resíduos são transformados em aterros ou agregados na produção de argamassas. Eles podem ser classificados como: materiais cerâmicos, que pode ser o concreto, argamassas a base de cal ou cimento, tijolos e telhas cerâmicas cerâmica branca, cimento-amianto, gesso em pasta ou placas e vidro; material metálico, como o aço, chapa de aço galvanizado, latão e outros; e os materiais orgânicos, como madeiras, materiais betuminosos, tintas, restos de vegetais e outros.

Em pesquisas foi apontado que o que mais dificulta o gerenciamento desses resíduos em BH é a falta de capacitação para atividades e espaço físico exigidas no planejamento. É preciso ter uma melhor definição da destinação final de cada parcela dos resíduos e a participação ativa das prefeituras do gerenciamento dos resíduos. A prefeitura deve ter uma posição mais ativa no processo e assumir mais do que a concessão da coleta, ela deve assegurar a coleta regular dos recicláveis, fiscalizar, exigir projeto e um Programa de gerenciamento de Construção Civil para obras menores e implementação de aterros de resíduos inerte.

*Hiram Sartori é Engenheiro Sanitarista, possui doutorado em Engenharia Civil e atua como consultor e professor do Ensino Superior.

Site: hiramsartori.com.br
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