saneamento basico

Economia Circular e Sustentabilidade (ECeS): Um ponto de vista

Cada vez mais, os termos “Economia Circular” e “Sustentabilidade” aparecerão juntos, nos próximos “100 anos”. Alguns Eventos já ocorreram com a temática destes termos.

Adriano Gama

Abaixo, o significado deles:

Economia Circular: É o conceito em que um determinado produto fabricado e adquirido pelos “consumidores”, possa ser utilizado e Reutilizado ao máximo e que, em algum momento, em sua cadeia produtiva, seja Reintegrado na seguinte ordem: ou Remanufatura; ou Reciclagem e/ou Recuperado, no resíduo, os elementos químicos, buscando a máxima “Conservação da Água” e a máxima “Eficiência Energética” (Adriano Gama – 2019).

Este novo conceito de Economia vem de encontro à Economia Linear, que proporciona o descarte, do produto fabricado, em aterros sanitários. Portanto, novos termos começam a aparecer como: “Cadle” to “Cadle” ou “C2C”. Ou, em português, “Do berço ao berço” em contraposição à economia linear, que significa “Do berço ao túmulo”. Desta forma, elimina-se a ideia de “lixo” e o futuro desaparecimento dos aterros sanitários.

Desenvolvimento Sustentável: A definição que encontra-se no Relatório brundtland, intitulado Nosso futuro comum, é de cunho abrangente e cada vez mais incorporada no dia a dia das pessoas. ( aqui, para sugestionar, aos leitores, uma comparação entre “Desenvolvimento Sustentável” e “Sustentabilidade” ).

Sustentabilidade: Ao focar a Economia Circular, apesar das responsabilidades dos “consumidores”, a Sustentabilidade, neste caso, será definida como um conjunto de ações empreendido por Institutos: Empresariais, Governamentais e não Governamentais, que observam as dimensões: Econômica, Social e Ambiental, para a sua própria “sustentação” nos próximos “100 anos”. Desta forma, um outro conceito começa a fazer parte do cotidiano destes Institutos: “Triple Bottom Line” ou o tripé da Sustentabilidade, ou ainda, os 3 Ps da Sustentabilidade (People; Planet; Profit)  ou, em português (Pessoas; Planeta; Lucro).

sustentabilidade

Economia circular

Os conceitos dispostos acima, descrevem o que nós observamos ao participarmos do “Primeiro Seminário sobre Economia Circular e Sustentabilidade: Tecnologias para o futuro”, organizado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e idealizada pela Subsecretaria de Estado de Cooperação com o Setor Tecnológico e Inovativo, sendo sediado no Consulado Geral da Itália, com a participação dos Setores: Governamental; Empresarial (Comércio, Serviços e Indústria) e Sociedade Civil (ONGs e Academia). Os quatro painéis do evento foram diversificados entre “cases” de várias Indústrias e da Academia (UFRRJ), em “Conservação da Água”, “Eficiência Energética” e “Resíduos Sólidos / Reciclagem – Otimização dos usos de produtos: seus materiais, suas substâncias ou seus elementos químicos”.

O protagonismo do Governo do Estado do Rio de Janeiro e suas Secretarias, como ente Governamental, demonstrou estar fortemente engajado para alavancar a Economia Circular e a Sustentabilidade – ECeS no Estado, por conta de seus “cases” internos; e, também servir como realizador de políticas públicas e incentivador entre os Setores Empresarial e Sociedade Civil. A Sociedade Civil foi representada pelo SEBRAE, que certamente ampliará o espectro da ECeS do Setor Empresarial para as micro e pequenas empresas e serviços ; e, pela OAB Nacional, através  de sua importância singular, ampliará esforços dos Governos no âmbito da ECeS, em bases de  políticas públicas e difusão das melhores práticas em Sustentabilidade, na melhoria da qualidade de vida da população, mormente a mais pobre.

A Economia Circular e Sustentabilidade – ECeS no Setor de Saneamento Básico, não é novidade alguma há muito tempo. Todavia, devemos discorrer sobre a temática, de modo holístico, para compreender aonde se deseja chegar, neste artigo.

O Saneamento Básico, de um modo geral, “produz” água, “trata” esgoto e “coleta” resíduos sólidos; “gera” lodos de ETAs e ETEs; e “destina” os lodos e resíduos sólidos para aterros sanitários. De outra forma, quando não há saneamento básico, os lançamentos inadequados nos recursos hídricos, lençóis freáticos e mar, bem como nos recursos naturais, são o destino da geração de lodos e a coleta inadequada, ou lançamento aleatório, dos residuos sólidos. Portanto, ao se basear na ECeS, o Setor de Saneamento encontra-se em uma fase de transição em termos de “Conservação de Água”; “Eficiência Energética” e “Resíduos Sólidos/Reciclagem – Otimização dos usos de produtos: seus materiais, suas substâncias ou seus elementos químicos”. O que no passado era considerado “resíduo”; atualmente, passa a ser considerado “subproduto” e futuramente, um “coproduto”, com alto valor de “matéria-prima”, porquanto da finitude do mundo.

Setor de saneamento

Atualmente, o Setor de Saneamento possue vários exemplos na ECeS. Um exemplo magnífico, na área de Tratamento de Esgoto é o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em ETEs Sustentáveis (INCT ETEs Sustentáveis), na realidade uma “Rede” de compartilhamento de pesquisa – através da destinação e criação de novas rotas para o resíduo sólido (lodo de esgoto), água para reúso e biogás de ETEs – inovação tecnológica e capacitação técnica, onde participam algumas instituições acadêmicas, sob a Coordenação da UFMG; Na área de Tratamento da Água, através da Politécnica da USP, o Centro Internacional de Referência e Reúso da Água – CIRRA, já realiza várias pesquisas em “Conservação da água”, sendo um Centro de Excelência; Para a área de Resíduos Sólidos, quaisquer ações para evitar a destinação para um aterro sanitário será bem vinda, desde que haja “Conservação da Água” e “Eficiência Energética”.

A Logística Reversa e demais instrumentos da PNRS são importantes para a eficácia da Economia Circular e a redução dos aterros sanitários. Importante salientar sobre os Acordos Setoriais como um importante Instrumento para alavancar a destinação (Rota) correta de Embalagens, Eletroeletrônicos e Pneus, por exemplo. Também já há tecnologia para produção de “biopetróleo” a partir de Resíduo Sólido, com seu aproveitamento total. No Rio de Janeiro, há um caso exemplar de logística reversa específica com objetivo literalmente “Socioambiental”.

O Programa “Rodando com tampinhas” é uma iniciativa da Igreja São José (Lagoa) em que há o recolhimento de tampinhas plásticas, que são repassadas para a indústria de transformação, que faz a doação de cadeiras de rodas à ABBR (Instituição que cuida das pessoas com necessidades especiais). A valoração do material é uma cadeira de roda para 400 kg de reciclável.

Portanto, a Economia Circular e Sustentabilidade – ECeS, será um conceito cada vez mais incorporado no dia a dia das Empresas, Governos e demais Institutos e seus vários Setores. O Setor de Saneamento Básico, que já vem realizando um trabalho nesta direção, da ECeS, pode ampliar com a criação de “Redes de conhecimento”, tal qual o INCT – ETES Sustentáveis, para as áreas de “Tratamento de Água” e “Resíduos Sólidos”. Os Eventos em ECeS serão cada vez mais importantes para que haja um compartilhamento e aprimoramento de “cases” e discussão de ideias para um mundo, com menos consumo de água e de energia e melhor qualidade de vida em saúde e bem estar social à população.

adriano

ADRIANO GAMA ALVES

Eng. Químico / Eng. Sanitarista / Especialista em Meio Ambiente

[email protected]

 

Últimas Notícias: