saneamento basico

A real situação do tratamento de esgotos no município de São Paulo

No dia 19 de fevereiro o Fantástico da TV Globo apresentou uma matéria intitulada “OS MELHORES E PIORES MUNICÍPIOS EM SANEAMENTO BÁSICO”.

No tocante a tratamento de esgotos, com base nas informações do Instituto Trata Brasil, a reportagem informou que, na cidade de São Paulo, cerca de 5.5 milhões de pessoas ( 46 % da população do município estimada em 12.040.000 habitantes ) não contam com tratamento de esgotos. Esta informação foi contestada pela Sabesp na mesma reportagem que alegou que o número dos não-servidos seria bem menor, cerca de 3 milhões de pessoas.

Com base em critérios semelhantes aos utilizados pelo Trata Brasil que adota em seus cálculos os dados do “SNIS- Serviço Nacional de Informações sobre Saneamento”, o qual processa dados informados pelas próprias concessionárias de saneamento, constata-se que com uma população de 11.000.000 de habitantes e um per capita de 220 litros por habitante, por dia. Já descontadas as perdas físicas de 30,7 %, a vazão de água tratada consumida pela população paulistana seria de 2.420.000 m³/dia ou 28 m³/s. Considerando-se que, 80 % deste volume se transformam em esgotos, essa vazão ( de esgotos ) seria de 1.936.000 m³/dia ou 22,4 m³/s.

Por outro lado, a vazão de esgotos efetivamente tratados em 2015 nas ETEs Barueri, Parque Novo Mundo e São Miguel, segundo o Portal da Sabesp, foi de 11,2 m³/s ( média de 2015 ). Isto, na melhor das hipóteses, pois a ETE Barueri trata também esgotos de outros municípios do seu entorno. Com base nestes dados, somente 50 % da população do município teria seus esgotos tratados.

Todavia, o índice que relaciona o suprimento de água com esgoto tratado não é dos melhores para uma avaliação desta natureza, pois a água oriunda de poços artesianos e freáticos utilizada em larga escala em toda a RMSP e no município não é computada nestes cálculos e, consequentemente, também o esgoto decorrente.

Um índice mais adequado seria considerar a carga orgânica afluente às estas ETEs. Neste sentido, levando-se em conta que a DBO média que assoma às ETEs da RMSP é de 320 mg/L (dados medidos) a carga orgânica média seria de 309.660 Kg de DBO/dia ( 11,2 m³/s multiplicado por 320 mg/L ). Para um per capita médio de 54 g de DBO/dia a população equivalente atendida seria por este critério de 5.734.000 habitantes ou o equivalente a 52 %.

Deve-se salientar, contudo, que parte desta população equivalente engloba também outros municípios do entorno da ETE Barueri ( como já mencionado ), bem como à contribuição industrial e outros ENDs, cujo montante precisaria ser mensurado. Assim sendo, a população de humanos não atendida com tratamento de esgotos na cidade seria na realidade até maior que a estimativa do Trata Brasil ( 5,5 milhões ) e bem maior do que a apregoada pela Sabesp ( 3 milhões ).

Eng. José Eduardo Cavalcanti
Departamento de Engenharia Ambiental do Brasil
www.ambientaldobrasil.com.br

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