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Série de dados de saneamento (água e esgoto) – momento 3

Por Sérgio Antonio Gonçalves

Neste momento 3, abordaremos a temática “Perdas de Água na Distribuição”. Este tema merece um destaque e atenção, muito especial, pois os índices refletem diretamente na gestão dos prestadores de serviços de abastecimento de água, ou, na sua ausência.

As figuras, acima apresentadas, até poderiam falar por si só, demonstrando o grande desafio que o setor tem que enfrentar, mas, mesmo assim, iremos destacar alguns dados.

Iniciamos relembrando uma pergunta que sempre está nos debates, “o privado é sempre melhor que o público, ou o público é sempre melhor que o privado?”.

Quando observamos na tabela “tipo de prestador – local empresa privada”, temos 45,2% de perdas, enquanto a média nacional é de 36,7%. Também, não significa que todas as empresas públicas possuem excelência e, isso está demonstrado no “tipo de prestador – prestador regional”, que apresenta, em média, 36,9% de perdas.

Antes de detalharmos os dados no Brasil, acredito que seja importante mostrarmos alguns dados internacionais. A cidade de Tókio, no Japão, apresenta 2% de perdas na rede de distribuição, sendo um dos menores índices do mundo. O partal do G1 (economia-crise da água-2015) mostra os seguintes dados: “o Brasil fica atrás de países como Vietnã (que perde 31%), México (24%), Rússia (23%) e China (22%). O que mais perde água tratada na lista é Fiji, um país insular da Oceania que desperdiça 83% da água que trata. Já entre os com menor índice de perda estão Estados Unidos (13%) e Austrália (7%)”.

O que temos que destacar e discutir é que não podemos conviver com índices de perdas, na média nacional de 36,7%, enquanto milhões de pessoas não têm acesso a água.

Após essas considerações iniciais, vamos passar para a análise dos números no Brasil, independentemente do tipo de prestadores de serviços.

Ao verificarmos as médias por região do País temos:

Norte: 47,9%; Nordeste: 46,9%; Centro-Oeste: 34,2%; Sul: 33,4% e Sudeste: 32,6%.

Quando enquadramos os estados por faixa de perdas, temos:

maior que 40%: AC, AM, RR, PA, AP, MA, PI, CE, RN, PE, AL, SE e MT. Sendo que o AP apresenta maior índice de perdas com 78,2%.

entre 30,1 a 40%: RO, PB, BA, MG, ES, RJ, SP, MS, PR, SC e RS. Sendo que a PB apresenta maior índice de perdas com 38,4%.

entre 20 e 30%: DF, GO e TO. Sendo que GO apresenta maior índice de perdas com 28,5%.

Quando analisamos o gráfico índice de perdas x ano, no período de 2000 a 2014, observamos que no período de 2006 a 2008, ocorreram 3 anos de diminuição de perdas sequenciais, caindo de pouco mais de 43% para 41%. De 2009 para 2010 a diminuição foi de mais de 2%, sendo a melhor queda de um ano para o outro. Embora no período dos 14 anos que são demonstrados pelo gráfico, onde temos o pior índice que quase 45% (em 2005), chegado no melhor índice de 36,7% (em 2014), podemos constatar que os índices de perdas anuais no período de 2000 a 2014 são muito inconstantes e variáveis, com subidas e decidas, assim, impossibilitando que tenhamos confiança e segurança de que a melhoria dos índices de perdas sejam uma constante para os próximos anos. Vamos aguardar e espera que os prestadores de serviços de abastecimento de água trabalhem, fortemente, nessa direção.

Concluindo este Momento 3, devemos estar atentos e lembrar-nos de que um terço, ou seja, 2,4 bilhões da população mundial não tem acesso a água para consumo. Que as mudanças climáticas têm interferido no regime de chuvas, influindo diretamente na disponibilidade hídrica. Neste contexto, os prestadores de serviços de abastecimento de água devem trabalhar diretamente na gestão do controle das suas perdas, como também, trabalhar nas temáticas de educação ambiental e sanitária para a população.

Sérgio é Engenheiro Civil e especialista em Saneamento e Meio Ambiente, visite seu perfil aqui!
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