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Corsan não tem controle sobre quase 40% da água que trata no estado

Imagine que em cada 10 copos de água que são servidos em sua casa, quatro acabam indo para o ralo da pia antes que você possa consumi-la. É isso o que acontece com a água tratada pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O problema é maior nos grandes centros urbanos. Furtos, ligações irregulares ou perdas por rompimentos de tubulação são os principais motivos para o descontrole, que chega a 37% de tudo o que é produzido pela Corsan no Estado. O índice considerado aceitável por entidades internacionais gira em torno de 30% de perdas.

As fugas de água devido ao rompimento de tubulações são os principais focos de perdas. Isso acontece por vários fatores. Um deles aponta para a antiguidade de algumas redes de abastecimento. Além disso, o tipo de solo também pode danificar as estruturas. Hoje, há cerca de 24 mil quilômetros de encanamento que levam água tratada para 320 municípios gaúchos.

“Temos a meta de substituição de cerca de 900 quilômetros por ano. Analisamos onde há maior incidência de problemas, onde a vida útil está chegando ao fim, onde é preciso aumentar a capacidade”, relata o diretor de Operações da Corsan, Antonio Carlos Martins.

Um outro fator para os vazamentos é o aumento de pressão da água, o que ocorre de forma sazonal. No verão, como o consumo é maior, é preciso de mais força para abastecer as residências. Locais com baixa capacidade – linhas de tubos estreitos – ou com encanamento antigo podem sofrer rupturas. Isso explica o número maior de consertos no verão. As rupturas de tubulação causadas por fatores externos, como escavações não autorizadas, obras particulares em cima de redes, entre outros, também aumentam os problemas.

Água que se furta

Também tem participação importante nas perdas contabilizadas pela Corsan os furtos, as ligações irregulares (chamadas de gatos) e os desvios nas redes para abastecer loteamentos clandestinos. Em relação às fraudes envolvendo clientes que têm medidores em suas casas ou comércios, nos sete primeiros meses desse ano, 8.089 pessoas foram autuadas. Em 2013, o número foi de 11.504. As punições variam a cada caso, mas os responsáveis precisam arcar com o que utilizaram de forma fraudulenta, além de pagar multa.

O caso dos bairros que se formam sem regularização fundiária são mais complicados, já que não há a política de simplesmente cortar a água que abastece famílias com menor poder aquisitivo. Nesse caso, a Corsan busca convênios com as prefeituras para poder instalar hidrômetros e cobrar pelo serviço, ainda que sejam tarifas simbólicas. Mesmo assim, a medida – batizada de Água Legal – está em fase incipiente. Apenas a cidade de Alvorada faz parte da iniciativa como município-piloto.

Dados gerais

Os últimos anos trazem dados que apontam para a redução do consumo de água no sistema como um todo. Há 16 anos, a média de uso de uma família de quatro pessoas era de 470 litros por dia. Atualmente, o número caiu para 283 litros por dia. Vários fatores levaram a esse resultado, como a diminuição da permanência dos clientes em casa durante o dia, a modernização de equipamentos domésticos, campanhas de prevenção, entre outros.

Porto Alegre

Na Capital, o sistema de água é gerido pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). A captação é facilitada por ocorrer no Lago Guaíba, que tem capacidade muito superior à necessidade atual. O nível de produção perdido é menor, cerca de 26%. Isso pode ser atribuído à menor malha controlada, de cerca de quatro mil quilômetros, com substituição de 80 quilômetros por ano.

“Além dos furtos, temos 25 mil casas que utilizam água clandestinamente. Como não há controle ou cobrança, o consumo por economia é maior se comparado com os legalizados”, conta o diretor do Dmae, Flavio Presser.

Ele relata que, na tentativa de diminuir esse número, foi lançado em 2013 o programa Consumo Responsável. A iniciativa tenta reduzir o uso informal de comunidades já estabelecidas e em processo de regularização fundiária. “Já conseguimos 3,4 mil pontos e pretendemos fechar esse ano com 5,2 mil”.

Quanto às fraudes, ou furtos de água, em 2014 houve 80 casos. A média de multa cobrada dos infratores é de R$ 2,4 mil. Em 2013, foram 277 ocorrências. Em 2012, a incidência foi superior a 400. Em relação às perdas por rompimento de tubulação, as causas que levam ao problema são muito parecidas com as enfrentadas pela Corsan.

Economia em casa

Os números relativos ao desperdício apresentados nessa reportagem mostram apenas a água que se perde antes de chegar às casas dos clientes ou que são desviadas para uso clandestino. No entanto, é importante que a economia ocorra em qualquer fase do processo. Porto Alegre, devido ao Lago Guaíba, tem uma posição privilegiada em relação a municípios que se utilizam de outras fontes. Em épocas de estiagem, moradores dos Deltas do Gravataí e do Sinos sofrem com o risco de racionamento, o que ocorreu recentemente no Vale do Sinos. Por isso, mesmo para o consumidor que paga regularmente seu consumo, é importante economizar agora para que a água não falte no futuro.

Fonte e Agradecimentos: http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/cerca-de-40-da-agua-tratada-pela-corsan-e-desperdicada-antes-de-chegar-ao-consumidor-111774.html

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