Segundo o Instituto Trata Brasil, os desperdícios do serviço na capital atingem 61,5% e na cidade vizinha 64,2%; problema maior está no processo de distribuição, chegando a 70%, além das chamadas ligações clandestinas e vazamentos
Cuiabá e Várzea Grande estão entre as 100 maiores cidades do país com maior perda de água tratada. Conforme o ranking de saneamento básico, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, Várzea Grande foi a sexta cidade com o maior índice de desperdício da água, com 64,26%.
Já a capital ficou na 10ª posição com 61,59% de perdas. Com isso, o levantamento aponta que entre os 100 municípios analisados, cerca de 70% apresenta problema na distribuição. Isso representa que a água é tratada, contudo grande parte dela não chega às torneiras da população por três motivos: roubo (ligações clandestinas), vazamento das tubulações e erros na contagem dos hidrômetros. Os dados são referentes ao ano de 2014.
Em relação ao esgoto sanitário, o estudo aponta que apenas 45,61% da população em Cuiabá possuem tratamento de esgoto. Em relação à Várzea Grande, os dados são alarmantes. Só 27,59% da população têm acesso ao tratamento em suas casas.
Contudo, as duas cidades sofreram aumento nas tarifas de água este ano. Na capital, o acréscimo foi de 16,82% que entrou em vigor no dia 04 de março. Em Várzea Grande, a majoração foi de 11%, desde 1º de fevereiro.
O professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Rubem Mauro, aponta que os serviços de tratamento sanitário são caóticos e que faltam investimentos. “O que precisa ser feito para evitar que tenhamos mais perda de água potável é investir nos serviços de abastecimento de água. Tem que existir uma maior fiscalização para evitar o famoso gato. Em relação aos serviços de tratamento de esgoto, a situação é caótica.
Na região metropolitana, é comum vermos esgoto a céu aberto. A dificuldade financeira em que vive as concessionárias é o principal motivo para o esgoto alcançar só parte da população”.
No entanto, o levantamento indica que o atendimento urbano da água na capital é de 100%. Já em Várzea Grande, o índice bate a casa dos 89,58%. De forma geral, Cuiabá aparece 62ª posição, enquanto que a segunda maior cidade do Estado ocupa a 86ª.
A CAB Cuiabá, concessionária responsável pelo abastecimento de água de Cuiabá, afirmou que mais de 60% da perda, ou seja 40,20% estão relacionados aos furtos, invasões e ao crescimento desordenado da cidade, que afetam não só o saneamento, mas todos os serviços de utilidade pública, como transporte e iluminação.
O Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE/VG) disse, por meio de nota, que os dados são referentes ao ano de 2014 e a atual gestão assumiu em 2015, por isso não irá se posicionar.
Moradores de bairros de Cuiabá reclamam da falta
Os moradores da região do CPA reclamam da recorrente falta de água e da ausência de saneamento básico nos bairros da região. A população afirma que muitas vezes recebem água apenas duas vezes na semana e em muitos outros casos o abastecimento acontece dia sim, dia não. A capital está entre as 100 cidades que mais perderam água, de acordo com o ranking de saneamento básico divulgado pelo Instituto Trata Brasil.
A moradora do bairro Jardim Vitória, Janete Correia, 40 anos, conta que desde quando a CAB Cuiabá assumiu os serviços de abastecimento de água e esgoto ela escolhe os dias para usar a água.
“Desde 2012 o nosso problema com água é recorrente aqui no bairro. Nunca passei por esse incômodo que estou passando desde quando a CAB assumiu. No começo a água vinha em nossas torneiras, depois a água começou a ficar escassa. Hoje, a situação está insustentável. É horrível ficar sem água”, conta.
Já o morador do bairro Jardim Florianópolis diz que a situação do saneamento básico é Caótico, devido várias ruas não serem asfaltadas.
“Aqui no bairro de 10 ruas, oito possui algum tipo vazamento de água. E em minha opinião, a situação complica devido grande parte das ruas não ter asfalto. A situação é assustadora”.
A CAB Cuiabá por meio de nota afirma que ira verificar as reclamações dos trabalhadores e que está trabalhando para melhorar os serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto. A concessionária afirma que referente às perdas, 40,20% estão relacionadas a furtos, invasões e ao crescimento desordenado da cidade, que afetam não só o saneamento, mas todos os serviços de utilidade pública.
Fonte: Folha do Estado
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