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Em São Paulo, a maior crise de abastecimento da História

SÃO PAULO O estado de São Paulo vive a pior crise de abastecimento de água de sua História, atingindo 17 milhões de pessoas nas regiões metropolitanas da capital e de Campinas. O governo estadual põe a culpa na falta de chuvas, já que o volume deste ano foi o menor das últimas oito décadas. Mas especialistas em recursos hídricos apontam outros culpados: a falta de investimentos para aumentar a capacidade de armazenamento de água e diminuir o desperdício no estado, a relutância em iniciar o racionamento oficial e os altos lucros pagos aos acionistas da Sabesp, companhia de economia mista responsável por captar, tratar e distribuir água.

O reservatório da Cantareira, o maior do estado, secou completamente, restando apenas o volume morto, uma reserva que corresponde a 18,5% do total do reservatório. Em 2004, a Agência Nacional de Águas (ANA) já apontava para a necessidade de obras para diminuir a dependência do sistema Cantareira e, em 2009, a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (USP) entregou à Sabesp um relatório sobre o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê no qual dizia que o Cantareira tinha um “déficit de grande magnitude” e aconselhava o estado a tomar medidas para evitar o colapso.

CAPACIDADE TOTAL

Nos dois anos seguintes, o excesso de chuvas levou o Cantareira a operar com capacidade total, o que pode ter diminuído o impacto do alerta, segundo especialistas.

— Desde 2004, a Sabesp está tirando mais água do Cantareira do que aquilo que foi projetado, mas o sistema não aumentou fisicamente. Tem o mesmo tamanho desde 1983, enquanto a população e o consumo aumentaram. A situação atual não é culpa só da falta de chuva — afirma o professor de engenharia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo, autor do livro “Gerenciamento de Recursos Hídricos: Conceituação e Contextualização”.

A Sabesp diz que investiu R$ 9,3 bilhões entre 1995 e 2013 no sistema de abastecimento de água de São Paulo, aumentando a capacidade de produção de 57,6 metros por segundo para 73,2 metros cúbicos por segundo. A empresa afirma ter investido na redução de perdas, que caíram de 33%, em 1998, para 20,3%, em 2014, e no programa de água de reuso.

Enquanto o governo estadual nega que haja rodízio de água, moradores de vários pontos da Região Metropolitana reclamam de falta de água, principalmente à noite. Em 15 dias, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) contabilizou 178 relatos de falta de água permanente.

Se o reservatório está em baixa, o mesmo não se pode atribuir à aprovação do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Apesar de a crise de abastecimento ser tema constante dos opositores desde antes da campanha eleitoral, a aprovação dos eleitores ao governo tucano subiu cinco pontos no último mês, segundo o Datafolha (de 41% para 46%). A nota média foi de 5,9 para 6,2 entre junho e julho. Antes das manifestações do ano passado, a aprovação a Alckmin estava em 52%.

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