saneamento basico

Obras estruturais são cobradas por Compesa, que não descarta aumento na conta

Os pernambucanos sofrem há quatro anos com os reflexos de uma seca prolongada no Estado. Apesar da dificuldade para a água chegar às torneiras, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) admite que pode haver um aumento na conta que chega à casa dos consumidores. De acordo com o presidente da empresa, Roberto Tavares, embora não haja certeza desse reajuste acontecer, o aumento na conta da energia força a Compesa a estudar maneiras de não repassar o percentual para o consumidor.

“Os setores de água e luz são interligados. A estiagem causa aumento na conta de energia e nós gastamos cerca de R$ 14 milhões com energia para distribuir a água. Ainda não há certeza se haverá ou de quanto será o reajuste. O concreto é que estamos estudando se há investimentos que possam ser suspensos para evitar um aumento na conta de água”, explicou Roberto Tavares no Cidade Viva, programa realizado pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) na tarde desta terça-feira (14).

“Nos últimos quatro anos, nós [Compesa] investimos R$ 4 bilhões em obras, isso significa R$ 500 milhões por ano. Esse dinheiro não é pago pelas contas de água, pois hoje as pessoas pagam cerca de R$ 3 por mil litros de água que consomem. É um valor muito baixo para um bem tão importante. Muitos priorizam o pagamento de contas altas de celular ou TV a cabo”, ponderou o presidente da companhia.

OBRAS ESTRUTURADORAS – A Compesa alerta que os problemas com abastecimento em todo o Estado só deverão ser resolvidos se houver investimento em obras estruturadoras, como a troca de tubulações e a construção de adutoras – a exemplo da Adutora do Agreste, no interior pernambucano, e a finalização do Ramal do Agreste, que leva água da Transposição do Rio São Francisco até a adutora. Somente essas duas obras, segundo a Compesa, sanariam o desabastecimento em mais de 60 cidades agrestinas.

Já a Transposição do Rio Capibaribe, que beneficiaria o Sistema Botafogo, também depende desses investimentos. De acordo com a Compesa, resolveria boa parte dos problemas com a falta d’água em grandes cidades da Região Metropolitana do Recife. Hoje esse sistema, que fica à mercê das chuvas, está apenas com 18,3% de sua capacidade, o que ameaça o abastecimentos das cidades de Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassu, no Grande Recife.
“Nós temos um conjunto de obras em execução, a maioria com aporte do Governo Federal, e o problema é que estamos sofrendo um contingenciamento desses recursos por parte da União, o que tem diminuído o ritmo das obras. O perigo é chegar em 2016 com uma seca ainda pior e sem essas obras de grande importância para o abastecimento de diversas cidades”, ressaltou o presidente da Compesa.

Roberto Tavares ainda alfinetou a demora nos repasses: “Que parem outras obras, como a construção de aeroportos, mas não parem obras de contingência, como as de abastecimento”, disse ele sobre a necessidade do Governo Federal em eliminar gastos para fugir de uma crise econômica.

Sobre o desabastecimento no interior de Pernambuco, o presidente da Compesa avaliou como “deprimente para as cidades, para as pessoas e para a empresa que não consegue ter a obra-prima [água] para distribuir”. Atualmente, 12 municípios pernambucanos estão em colapso, recebendo água somente através de carros-pipa: Alagoinha, Brejinho, Caetés, Capoeiras, Itapetim, Jataúba, Jucati, Pedra, Poção, Santa Cruz da Baixa Verde, Triunfo e Venturosa.

Para essas cidades que compõem as regiões mais afetadas pela estiagem dos últimos quatro anos, as notícias não são animadoras. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), a previsão é de que chova 20% a menos do que nos últimos anos no Agreste e no Sertão do Estado. “Obras que nos façam não depender exclusivamente desses regime de chuvas é que precisamos. Por isso, é importante unir forças para evitar o contingenciamento de verbas”, avaliou Roberto Tavares.
O possível aumento da conta de água e a necessidade de obras estruturadoras para dimunir os reflexos da seca no Estado foram alguns dos assuntos do Cidade Viva. O programa foi transmitido em tempo real e simultaneamente via internet no NE10, na Rádio Jornal (AM 780 kHz e FM 90,3 MHz) e em todos os sites dos veículos do SJCC. Um compacto dessa primeira edição de 2015, com o tema “Água: o que o futuro nos reserva?”, será exibido pela TV Jornal, neste sábado (18), às 9h30.

Além do gestor da Compesa, o programa, apresentado pela jornalista Inês Calado, teve a participação do presidente da Associação Águas do Nordeste (ANE), Ricardo Braga; Giovanni Sandes, colunista do Jornal do Commercio; Ciara Carvalho, repórter especial do JC; e Gilvan Oliveira, editor de Política do JC. Os internautas participaram enviando perguntas.

 

 
Fonte: UOL

Últimas Notícias: