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Possível racionamento volta a afetar Sabesp

Após dois meses do início do bombeamento da água da reserva técnica (“volume morto”) do Sistema Cantareira, o nível dos reservatórios estava ontem em 18%. A rápida redução da capacidade, o programa de descontos para quem reduz o gasto de água e a possibilidade de que seja necessário um racionamento de água preocupam analistas que acompanham a Sabesp. Em 60 dias, o volume de água do Cantareira caiu 8,7 pontos percentuais, já que na inauguração das bombas a capacidade foi para 26,7% com mais 182,5 bilhões de litros de água.

Considerando as medidas tomadas para lidar com a situação de crise hídrica, a Sabesp afirma que não foi preciso fazer racionamento de água. “Não há rodízio, racionamento e restrição de consumo em nenhum dos 364 municípios atendidos”, diz em nota. A companhia não respondeu, porém, se continua a descartar a necessidade de um racionamento. Anteriormente, vinha afirmando que não trabalhava com essa possibilidade.

Entre analistas e especialistas, comenta-se que existe o risco de racionamento caso não chova o suficiente a partir de setembro. Na nota, a companhia dizia que o retorno do período chuvoso deve ajudar a normalizar os níveis dos mananciais. E citava entre as medidas para evitar a falta de água o programa de descontos e a transferência de vazões de outros sistemas para áreas do Cantareira.

Em relatório, analistas do Citi afirmam que caso o fluxo de água para o Cantareira continue no patamar atual – que de janeiro a junho foi inferior a 50% da média histórica -, o sistema secará até dezembro. Considerando que as chuvas cheguem a 75% da mínima histórica, terminará o ano com 3% de sua capacidade. O efeito de um eventual racionamento, nas contas dos analistas do banco, seria uma queda de R$ 0,80 por ação da empresa, mesmo impacto de uma prorrogação dos descontos para 2015. Os papéis estão em R$ 23,30, com queda de 9% neste ano, enquanto o Ibovespa sobe 9%.

Na segunda-feira, o Citi mudou sua recomendação para as ações para venda, considerando o risco de racionamento, o impacto do programa de descontos nas receitas e o congelamento do reajuste da empresa, de 5,4%, aprovado na revisão tarifária, entre outras questões. Estimam um preço-alvo de R$ 20,90 para a ação. Já o Goldman Sachs reiterou na sexta-feira sugestão de compra, com preço-alvo de R$ 29,50.

Além de um efeito nas contas da empresa, o racionamento poderia gerar um problema de saúde pública, na avaliação do professor da USP e diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra), Ivanildo Hespanhol. Ele explica que um sistema de racionamento pode levar as linhas de distribuição de água a aspirar sujeira quando estão com o fluxo de água interrompido. Quando voltam a operar, a água pode carregar essas impurezas.

Fonte: Valor Econômico

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