Secador em Gaspar transformará lodo de estações de tratamento de SC em adubo

Até o fim do mês, o primeiro secador de lodo do Estado deve ser inaugurado emGaspar, no Vale do Itajaí, e iniciar um movimento contra o desperdício anual de cerca de 36 mil toneladas do material em Santa Catarina. Quando estiver em pleno funcionamento, a estrutura deve prover insumos para agricultores catarinenses e diminuir a quantidade de descarte enviado pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) a aterros sanitários.O atual procedimento é considerado ecologicamente adequado, porém visto como um desperdício por técnicos, especialistas e até pela própria companhia. O Paraná, por exemplo, é uma referência nacional no reaproveitamento: em 2013, 70% do lodo produzido foi transformado em adubo.— Produzir lodo não é problema. Pelo contrário: bastante lodo quer dizer que os materiais sólidos estão sendo isolados com eficiência. O que está errado é enterrar um produto tão rico em nutrientes — lamenta Lucas Barros Arruda, engenheiro sanitarista da Casan.

A Riovivo Ambiental, sediada em Brusque, pretende iniciar as atividades do secador de lodo de Gaspar até o fim do mês. O investimento na estrutura foi de R$ 3 milhões. A princípio, toda a produção da estrutura em Gaspar será voltada à agricultura – o que não impede que o produto seja, futuramente, utilizado na produção de energia elétrica.

Secador começará funcionar com material da Grande Florianópolis

Diretor da Riovivo, Guilherme Ennes explica que o projeto-piloto deve receber da Casan, imediatamente, todo o lodo das estações da Grande Florianópolis. Quando a iniciativa for ampliada para o restante do Estado, afirma Ennes, as 36 mil toneladas de lodo enterradas anualmente poderiam render até 25 mil toneladas de adubo.

— Mesmo se recebermos todo o lodo da região litorânea, que é onde se concentra a maior parte do material no Estado, teremos espaço para comportar o descarte das outras regiões — garante o diretor.

Ennes ainda critica o fato de SC nunca ter redobrado a atenção ao reaproveitamento do lodo – o que, na opinião do diretor, pode ser explicado inclusive pelos baixos índices de saneamento. Segundo um estudo publicado em agosto pelo Instituto Trata Brasil, Santa Catarina tem a sexta pior colocação do país na coleta de esgoto (14,59%) e a décima pior em tratamento (21,35%).

— Quando não há tratamento, também não se produz lodo. SC teve algumas iniciativas para o problema, mas elas não se desenvolveram por diversas razões. O aterro sanitário, por exemplo, acabou se mostrando uma iniciativa mais barata a curto prazo, mas sem nenhum tipo retorno.

Os benefícios do lodo

• O lodo é aquele material sedimentado em terras inundados, em lagos, rios, mares ou estações de tratamento

• O material é formado na sua maioria por água, tem muitos minerais provenientes de matéria orgânica decomposta

• São os minerais que permitem a transformação do material em adubo

• O secador de Gaspar será o maior do Sul do Brasil

• Pernambuco já transforma parte do lodo das estações de tratamento em tijolos orgânicos

Fonte: Casan e Riovivo Ambiental