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Três dias após reeleição de Alckmin, presidente da Sabesp deve depor em CPI

Após recusar um primeiro convite e rejeitar uma intimação por questões de saúde, a presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Dilma Pena, deve depor nesta quarta-feira (7) na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara de São Paulo que investiga o contrato da prefeitura com a empresa. O depoimento ocorre três dias depois da reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) , atacado por adversários por causa da crise hídrica no Estado.

Dilma foi convidada a prestar esclarecimentos à comissão no dia 17 de setembro e não compareceu alegando “questões pessoais”. Ela também se ausentou no interrogatório marcado para o dia 24 do mesmo mês, mesmo mediante a uma intimação.  Em ofício enviado ao presidente da CPI, vereador Laercio Benko (PHS), a dirigente disse ter sido submetida a um procedimento cirúrgico na laringe e ficaria de licença médica até 5 de outubro, dia da eleição.

O vereador Nabil Bonduki (PT), membro da comissão, atrelou as ausências da presidente da Sabesp à tentativa do governo do Estado de São Paulo de minimizar os efeitos da crise hídrica durante a campanha eleitoral de Alckmin.

O tema, segundo ele, era um dos principais pontos de desgaste para o candidato à reeleição. Benko, no entanto, preferiu se abster, mesmo após fazer duras críticas ao governador em sua tentativa de assumir o Palácio dos Bandeirantes: “Como advogado, costumo não contestar atestado médico. Se o médico deu atestado, quem sou eu para dizer qualquer coisa contrária.”

Confira entre quais reservatórios se divide o abastecimento de água na Grande São PauloAs atividades da CPI –que também chegou a ser contestada como uma tentativa da oposição de enfraquecer a popularidade de Alckmin– não devem perder força política com o fim da campanha eleitoral, segundo o relator, vereador Nelo Rodolfo (PMDB).

“Ao contrário. Tende a ganhar ainda mais peso, principalmente por causa do prolongamento da crise da falta de água no município”, disse ele.

Ponto de vista também descrito pelo petista: “Não é um tema de cunho político e, sim, social. Corremos o sério risco de daqui dois meses não ter mais água em São Paulo”.

Segundo Bonduki, o fim da campanha tente inclusive a facilitar os trabalhos, que têm até dezembro para serem concluídos, com a possibilidade de serem prorrogados por mais 120 dias. “Espero que tanto o governo como a Sabesp não tenham mais justificativa para não comparecerem às sessões”, afirmou ele.

O depoimento da presidente da Sabesp é um dos mais importantes da CPI, que, segundo Benko, deve ouvir também promotores do Ministério Público Estadual, o ex-presidente da empresa e até o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Com as informações colhidas até o momento, o relator diz que estuda recomendar a criação de uma Agência Municipal de Saneamento em uma tentativa de transferir a autoridade da área de saneamento à cidade. “De acordo com a decisão do Supremo, em 2010, o saneamento básico é uma responsabilidade dos Estados. Além disso, é inadmissível que o contrato com uma agência do governo do Estado seja fiscalizado por um órgão do próprio governo do Estado.”

Falta de chuvas afeta abastecimento de água em São Paulo160 fotos

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7.out,2014 – O nível do sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, registrou nesta terça-feira (7) um novo recorde negativo. O índice chegou a 5,6%, o menor da história. De ontem (6) para hoje o sistema não acumulou nenhum milímetro de chuva. A média para o mês de outubro é de 130,8 milímetros. No mesmo dia do ano passado, o Cantareira estava com 40% de sua capacidade de armazenamento de água
Fonte:  Fabricio Bom Jardim/ BrazilPhotoPress/ Estadão Conteúdo

Sistemas em colapso

O nível do sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, registrou ontem (7) um novo recorde negativo. O índice chegou a 5,6%, o menor da história. No mesmo dia do ano passado, a capacidade girava em torno de 40%.

O Sistema Alto Tietê, responsável pelo abastecimento de 4,5 milhões de moradores da região metropolitana, também alcançou seu menor nível: 11,5%. No ano passado, o índice era de 53,9%.

Por causa do baixo índice dos reservatórios do Cantareira, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pretende usar uma segunda cota do volume morto –água que fica no fundo das represas. Uma primeira parte dessa reserva técnica começou a ser captada em 15 de maio deste ano.

No entanto, os Ministérios Públicos Estadual e Federal querem evitar isso. As instituições entraram com uma ação civil pública na Justiça pedindo a proibição do uso da segunda cota do volume morto.

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