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“A crise climática é uma crise de saúde: as mesmas escolhas insustentáveis que estão matando nosso planeta estão matando pessoas”, ressaltou o diretor-geral da Organização da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, no Dia Mundial da Saúde. Celebrada no último dia 7 de abril, a data este ano tem como tema Nosso planeta, nossa saúde.
O tema é uma chamado à ação. Ainda nesta semana, um relatório da OMS revelou que 99% das pessoas no mundo respiram um ar insalubre – resultante principalmente da queima de combustíveis fósseis.
A agência de saúde da ONU também alertou que o mundo em constante aquecimento está vendo doenças transmitidas por mosquitos se espalhando mais e mais rápido do que nunca.
Eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade, degradação da terra e escassez de água estão deslocando pessoas e afetando sua saúde, enquanto a poluição e os plásticos encontrados no fundo dos oceanos mais profundos e nas montanhas mais altas do mundo estão cada vez mais entrando nas cadeias alimentares e nas correntes sanguíneas.
Além disso, os sistemas que produzem alimentos e bebidas altamente processados e pouco saudáveis estão gerando uma onda de obesidade, aumentando o câncer e as doenças cardíacas e gerando até um terço das emissões globais de gases de efeito estufa.
Essas crises de saúde e sociais estão comprometendo a capacidade das pessoas de assumir o controle de sua saúde e vida, de acordo com a OMS.
O fator COVID-19
A pandemia do COVID-19 destacou as falhas de desigualdade em todo o mundo, sublinhando a urgência de criar sociedades sustentáveis e saudáveis que não ultrapassem os limites ecológicos.
Segundo a OMS, precisamos garantir que todas as pessoas tenham acesso a ferramentas, sistemas, políticas e ambientes que salvam e melhoram vidas.
O Manifesto da OMS para uma recuperação saudável e verde da pandemia prescreve proteger e preservar a natureza como a principal fonte de saúde humana.
Defende o investimento em serviços essenciais – de água e saneamento a energia limpa em unidades de saúde – garantindo uma transição energética rápida e saudável; promover sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis; construir cidades saudáveis e habitáveis; e impedir o dinheiro dos contribuintes de financiar a poluição.
A Carta de Genebra para o bem-estar destaca quais compromissos globais são necessários para alcançar resultados sociais e de saúde equitativos agora e para as gerações futuras, sem destruir a saúde do nosso planeta.
Vida sustentável – Em um momento de maior conflito e fragilidade, a OMS está marcando seu dia de fundação com o lançamento da campanha que reimagina e prioriza recursos para criar sociedades mais saudáveis.
“Precisamos de soluções transformadoras para afastar o mundo do vício em combustíveis fósseis, reimaginar economias e sociedades focadas no bem-estar e salvaguardar a saúde do planeta do qual depende a saúde humana”, ressaltou Tedros.
Por meio de sua campanha do Dia Mundial da Saúde, a OMS está pedindo aos governos, organizações, corporações e cidadãos que compartilhem as ações que estão tomando para proteger o planeta e a saúde humana.
Evento comemorativo – Um evento virtual da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) também marcou a data, com a presença de mais de 400 participantes, entre representantes da ONU, ministros e autoridades da região.
“A chamada tripla crise planetária – mudança climática, perda de biodiversidade e poluição – está afetando a saúde de todas as pessoas e do nosso planeta. Esses efeitos são amplificados por deficiências na infraestrutura e nos sistemas de saúde para prevenir doenças e responder efetivamente a crises, desastres e emergências”, afirmou a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, no evento.
Concentrando-se nas Américas como uma das regiões mais desiguais do mundo, “onde a desigualdade de riqueza, a desigualdade política e a desigualdade social são galopantes”, a diretora da OPAS destacou que “esforços extras transformadores devem ser feitos para proteger a saúde das populações mais vulneráveis dos riscos ambientais.”
“Nas últimas três décadas, testemunhamos uma ação global concertada para construir um planeta sustentável. Durante este período, notamos melhorias nos serviços de saúde e melhorias na saúde dos povos na região das Américas”, disse Etienne.
“A colaboração intersetorial entre saúde, água e saneamento/sistema de esgoto, por exemplo, reduziu o risco de mortalidade entre crianças menores de cinco anos de 219 para 23 mortes por cada 100 mil habitantes – ou seja, 1,8 milhão de vidas salvas desde 1990”, acrescentou.
No entanto, a cada ano nas Américas, estima-se que um milhão de mortes prematuras sejam atribuídas a riscos ambientais evitáveis. Poluição do ar, água contaminada, saneamento/sistema de esgoto inadequado, incluindo gestão de resíduos sólidos, riscos relacionados a certos produtos químicos perigosos e impactos negativos relacionados às mudanças climáticas são as ameaças ambientais de saúde pública mais urgentes para a região.
Para ajudar os países a avançarem no enfrentamento dos desafios ambientais e de saúde, a OPAS lançou no ano passado a Agenda para as Américas sobre Saúde, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas 2021–2030. A Agenda beneficiará todos os países e territórios, entre outros, promovendo boas práticas de governança, fortalecendo os papeis de liderança e coordenação no setor de saúde e promovendo ações intersetoriais.
“O futuro depende de nós, pois não somos apenas os guardiões de hoje, mas os arquitetos do amanhã”, concluiu a diretora da OPAS.
Dados Américas
Aproximadamente 431 milhões de pessoas na região das Américas ainda não têm acesso a saneamento/sistema de esgoto seguro e, desse número, 9,9 milhões ainda praticam a defecação a céu aberto; 161 milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável, resultando em cerca de 30 mil mortes evitáveis a cada ano.
A poluição doméstica e ambiental está ligada a quase 320 mil mortes evitáveis por ano na região devido a derrames, doenças cardíacas, doenças pulmonares e câncer. Globalmente, quase 80 milhões de pessoas ainda dependem de combustíveis poluentes, como combustíveis sólidos ou querosene, para suprir suas necessidades de iluminação, cozimento e aquecimento – um problema que afeta desproporcionalmente mulheres e crianças.
As pessoas ainda estão sendo expostas a produtos químicos perigosos, como mercúrio, chumbo e pesticidas – que comprometem não apenas a saúde das pessoas diretamente expostas, mas também a dos nascituros, que podem sofrer efeitos nocivos ao longo da vida.
Eventos climáticos extremos podem aumentar diretamente a prevalência de algumas doenças e causar lesões e morte. Além disso, a mudança dos padrões climáticos pode modificar a saúde humana, exacerbando a insegurança alimentar e hídrica e a migração populacional, comprometendo a saúde mental e alterando os padrões usuais de transmissão de doenças zoonóticas e transmitidas pela água.
Aqueles que vivem em situação de pobreza, em condições precárias de habitação em pequenas ilhas e áreas costeiras, correm maior risco devido a eventos climáticos mais frequentes e severos e aumento do nível do mar, juntamente com uma capacidade reduzida de adaptação.
Novos riscos à saúde relacionados ao meio ambiente estão sendo cada vez mais reconhecidos – por exemplo, a exposição a substâncias em resíduos eletrônicos, os efeitos ambientais e à saúde de micro e nanoplásticos e aumento da resistência antimicrobiana, entre outros.
Fonte: Dourados Agora.