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Em Congresso Mundial, ABAS discute: águas subterrâneas e o saneamento no Brasil

De 21 a 24 de setembro de 2020 foi realizada uma versão digital do Congresso Mundial de Águas Subterrâneas.

No Brasil, a quantidade de poços tubulares profundos gira em torno de 2,5 milhões e mais 3,5 milhões de poços escavados, preferencialmente em propriedades rurais. Com isso são produzidos em torno de 18 bilhões m3/ano (557 m3/s). A região metropolitana de São Paulo (RMSP) por exemplo, trabalha na faixa de 60-70 m3/s. Essa água subterrânea tem um valor econômico agregado, e teria seu valor em torno de R$ 60 bilhões/ano caso fosse cobrada.

Segundo José Paulo Netto, Presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a vazão medida em 2019 no Rio Solimões foi de 119.350 m3/s. A vazão do Solimões alimentaria 1.836 RMSP.

“A RMSP tem em torno de 22,5 milhões de pessoas x 1836 = 41.310.000.000. Então com a vazão do Solimões, considerando um número urbano, o rio poderia alimentar uma população de 41 bilhões de pessoas. Se dividirmos isso pela população da terra, chegamos a um número de 5 vezes a população do planeta. No entanto, as águas subterrâneas são 62,7 vezes maior, disse José Paulo.


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A importância das águas subterrâneas

Segundo a ANA (2010), 52% dos 5.570 municípios brasileiros são abastecidos total (36%) ou parcialmente (16%) por águas subterrâneas (Figura 1). A exploração desse recurso hídrico é inversamente proporcional ao tamanho das cidades. As águas subterrâneas são a opção exclusiva para 48% dos municípios com população menor que 10 mil habitantes e para 30% daqueles com 10 a 50 mil habitantes.

Figura 1 – Municípios brasileiros abastecidos por águas subterrâneas – total e por intervalos de tamanho populacional (ANA 2010).

Nos EUA 41% da população é abastecida por agua subterrânea, e na Suíça o abastecimento chega a 80%.

Uso da água e questões econômicas

Qualquer pequena alteração pode:

  • Elevar custos para indústria, turismo, serviços, hospitais, shoppings, comércio, condomínios e da própria sociedade;
  • Gerar perda de competitividade na indústria brasileira;
  • Causar impactos no crescimento econômico do país;
  • Causar insegurança jurídica para investimentos;
  • Afetar a liberdade econômica;
  • Gerar o desabastecimento das populações;

Qualquer mudança feita no uso de água subterrânea no Brasil e no mundo poderá impactar os grandes empreendimentos. Em empresas menores, o impacto seria mínimo, mas a grande maioria de segmentos produtivos do Brasil e do mundo dependem de água subterrânea. De acordo com José Paulo:

“Um shopping poderia pagar na água de R$ 50 a 100 mil por mês, um hotel de R$ 10 a 50 mil, a indústria milhões de reais. Temos que pensar que os números são realmente grandes. Qualquer alteração causaria impacto no crescimento econômico. Precisamos ter segurança jurídica para favorecer os investimentos no Brasil”.  

Para o Presidente da ABAS, será muito importante o direcionamento da ANA nos avanços do Novo Marco Regulatório. Segundo ele: “O Brasil tem órgãos gestores estaduais que cuidam da água, mas com “cabeças” diferentes. Precisamos de um alinhamento, para que tenhamos uma organização melhor. Quando usamos água subterrânea estamos preservando água superficial, e vice-versa. Temos que ter um uso combinado com isso, e manter a saúde econômica das concessionárias, sejam elas públicas ou privadas”.

Congresso Mundial de Águas Subterrâneas

O 47th IAH Brazil Congress, que será realizado de 22 a 27 de agosto de 2021 no Espaço Arca, em São Paulo, já está recebendo os resumos dos interessados em apresentar trabalhos no evento, que também reúne o XXI Congresso Mundial de Águas Subterrâneas 2021, XV Congresso Latinoamericano de Hidrogeologia, XXII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços e a Fenágua – Feira Nacional da Água.

Com o tema central Águas subterrâneas 4.0 Conectada, visível e ética, o conteúdo técnico-científico abordará questões como gestão, política e governança, poluição, remediação e gerenciamento de águas subterrâneas, geoquímica e isótopos, aquíferos cársticos e fraturados, novas tecnologias no abastecimento e ferramentas e tecnologias emergentes para investigação, monitoramento e modelagem numérica de águas subterrâneas e saneamento.

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Renata Mafra – Produtora de conteúdo

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