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Atraso no saneamento de Contagem prejudica limpeza da Pampulha

Moradores das vilas Pérola e União, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estão entre as mais de 20 mil famílias que deveriam receber saneamento básico através de obras do programa de despoluição da Lagoa da Pampulha, realizadas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), iniciadas em 2012.

Porém, o esgoto de todas as casas continua sendo lançado no Córrego Ressaca, a sete quilômetros de distância do cartão-postal da capital. É o que afirma o presidente da Associação de Moradores da Vila Pérola, Renato Gherardi, que representa as duas comunidades.

“Aqui no bairro (Vila Pérola), falaram que a obra ia começar em janeiro. Não começou. Depois disseram que fevereiro e março era época de chuva e não podia ser feito nada. ‘Tão’ empurrando com a barriga. Na Vila União, fizeram um pedacinho e depois pararam”, disse.

Segundo o Atlas da Qualidade da Água do Reservatório da Pampulha de 2012, feito pelo Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios (LGAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 90% do esgoto lançado na Lagoa da Pampulha vem de Contagem. De acordo com o órgão, em 2011, os córregos Ressaca e Sarandi (também localizado na cidade da Região Metropolitana) foram responsáveis pelo lançamento de 50 toneladas de poluentes.

As obras de construção da rede começaram em Contagem em 2012. A Copasa chegou a prometer que em dezembro de 2013, 95% do esgoto lançado na Lagoa da Pampulha seria tratado, deixando a água própria para esporte náuticos antes mesmo do início da Copa do Mundo de 2014. A meta não foi cumprida.

Desapropriação
Segundo a Copasa, restam apenas quatro dos 100 Km previstos no projeto de implantação de redes de esgoto. Nove processos judiciais de desapropriação em 17 áreas de Contagem travaram o andamento das obras em dezembro de 2014.

Um deles foi movido por um morador da Vila União que não quis se identificar. Segundo ele, a Copasa o procurou para que parte de sua casa fosse desapropriada. Porém, o morador se negou, afirmando que a qualidade da obra era ruim. Por causa disso, a empreiteira contratada teve que paralisar as intervenções.

“A gente teve que negociar e até entramos em um acordo. Já recebi minha indenização, mas o entulho da parte que eles demoliram continua aqui na frente”, reclamou. Procurada pelo G1, a Prefeitura de Contagem não se pronunciou sobre o caso.

A Copasa informou que os mandados de imissão de posse foram concedidos pela Justiça em meados deste mês de maio e que aguarda a entrega dos mesmos. Ainda de acordo com nota enviada pela empresa, “após o recebimento dos mandados, a expectativa é de nos próximos dias, as obras de implantação dos quatro quilômetros restantes das redes coletoras e interceptoras de esgoto, previstas no programa, sejam retomadas”.

 

Enchente e mau cheiro

Há um ano, Tereza Batista dos Santos vive a expectativa de sair da Vila Pérola depois de 18 anos. “A Copasa chegou aqui, saiu marcando parede, contou quantos cômodos que tinha e disse pra gente não bater nenhum prego”, contou a dona de casa, de 59 anos, que aguarda o desenrolar do processo de desapropriação de sua família.

Ela, o marido, a filha de 19 anos e uma neta de seis anos são vizinhos do Córrego Ressaca e, por causa disso, são obrigados a conviver com as enchentes e com o mau cheiro. “Quando eu vejo uma nuvem no céu, meu coração chega a apertar. Já não sei quantas vezes a água chegou na minha porta. E a porcariada? É rato, é barata, é aranha, tudo quanto foi tipo de bicho que você  pode imaginar já apareceu aqui. Apareceu até um tartarugão”.

Terezinha disse que não recebe notícias da Copasa há quase um ano e que não tem ideia de quanto vai receber e quando a família vai sair do local. “Não tem pra onde a gente ir porque a nossa esperança era que eles iam indenizar a gente. Com um dinheirinho a gente comprava qualquer terreninho, nem que fosse longe”.

A duas quadras da casa de Terezinha, Francisco Edmo vive uma estória diferente. Ele já recebeu uma indenização de cerca de R$ 4 mil, mas as obras na casa dele ainda não começaram.

“Pessoal da Copasa veio aqui e disse que parte do meu quintal teria de ser desapropriado por causa do saneamento, mas até agora não fizeram nada”, disse ele, que convive com o esgoto a céu aberto nos fundos de casa há vinte e quatro anos. “Aqui dá cada rato. Muita sujeira”, contou.

Na Vila União, as intervenções começaram no ano passado. Algumas casas chegaram a ser demolidas para a implantação das redes de esgoto. Segundo a Copasa, 56 famílias foram desapropriadas na comunidade. A companhia ainda informou que “os recursos para pagamento dessas indenizações estão dentro dos R$102 milhões, provenientes de financiamento obtido pela empresa junto ao Governo Federal”.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, há R$ 70 milhões disponíveis para as obras de limpeza da Lagoa da Pampulha, mas a licitação para os trabalhos de limpeza da Lagoa da Pampulha só será realizada com a interrupção do lançamento de esgoto no local.

A poluição pode ser determinante para que o conjunto arquitetônico da Pampulha receba o título de  Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A decisão final sobre o processo será dada em junho de 2016 quando acontece a 40ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em Bonn, Alemanha.

 

Fonte: G1

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