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Baixo investimento da Casal em saneamento eleva número de internações por doenças de veiculação hídrica em AL

O baixo índice de investimentos da Casal na área de saneamento e tratamento de esgoto tem elevado o número de internações por doenças de veiculação hídrica em Alagoas

Em 2017, segundo dados do último levantamento do Instituto Trata Brasil, OSCIP que reúne empresas e profissionais do setor, houve 5.142 internações no estado por doenças ligadas diretamente a falta de saneamento básico. São casos de dengue, diarreia, leptospirose e esquistossomose que acabam alcançando principalmente a população alagoana de baixa renda.

E nesse cenário quem mais sofre são as crianças. A taxa de incidência dessas doenças em Alagoas nos menores com até 4 anos de idade foi de 101,083 casos a cada 10 mil habitantes, um índice maior que a média nacional, que foi de 56,306 casos por 10 mil habitantes.

“A carência de serviços de água potável, coleta e de tratamento de esgoto cria um ambiente  propício ao desenvolvimento de doenças graves, como a diarreia, hepatite A, verminose e outros. A maior parte das doenças relacionada à falta de saneamento básico se desenvolvem devido à água contaminada”, alerta o relatório do Instituto Trata, que traz um panorama do saneamento no Brasil.

Em 2017, Alagoas tinha 3.375.823 habitantes. Dessa população, 25,6% não estava ligada à rede de distribuição de água tratada e, do percentual de moradias ligadas à rede, 26,9% não recebia água diariamente na sua residência. A população sem acesso aos serviços de coleta de esgoto somou 2.604.664 pessoas, o que equivale a 83,2% da população do estado.

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Dados sobre saneamento

Segundo os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 18,4% da água consumida recebeu tratamento antes do descarte no meio ambiente. Com isso, estima-se que o esgoto gerado no estado somou 67.736,57 milhões de litros.

As consequências da falta de saneamento também refletem no mercado de trabalho. A renda dos empregados que moravam em habitações com água tratada e coleta de esgoto foi maior que a daqueles que não tinham acesso ao saneamento: R$ 1.700,64 por mês contra R$ 828,36 por mês. Além disso, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os moradores de residências sem saneamento tinham escolaridade menor que aqueles que moravam em residências com acesso pleno ao saneamento: respectivamente 6,48 anos contra 8,34 anos.

Em nota, a Casal se posicionou sobre o assunto através de uma nota oficial. Confira:

Quanto ao abastecimento de água, vale frisar que a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) responde por apenas 77 cidades, não sendo responsável pelo serviço nas outras 25. Em todas as cidades que abastece, a água é tratada e, antes de ser distribuída à população, é analisada em laboratório. Portanto, a água distribuída pela Casal atende a todos os parâmetros da portaria do Ministério da Saúde. Nos locais onde existe abastecimento da Casal não há registros de doenças de veiculação hídrica, pois a água que chega às torneiras é potável, própria para o consumo e livre de qualquer contaminante.

A Companhia não é responsável, por outro lado, pelo abastecimento de comunidades rurais que não possuem rede de abastecimento e que são atendidas por cisternas e carros-pipa. Esse controle não é feito pela Casal, a Companhia não é responsável pela qualidade dessa água e nem pela forma como ela é armazenada. É justamente nessas comunidades onde, eventualmente, há casos de doenças de veiculação hídrica.

A Casal também esclarece que, nos 77 municípios operados por ela, o esgotamento sanitário é de 20%, enquanto apenas em Maceió esse percentual chega a 35%. Na capital, o Governo do Estado, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) e uma Locação de Ativos entre a Casal e as empresas Sanama e Sanema, respectivamente, está investindo cerca de R$ 500 milhões em esgotamento sanitário. Várias obras já estão em andamento e uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) moderna e com tecnologia norueguesa foi inaugurada em novembro de 2019, no Benedito Bentes. Outra ETE será inaugurada em breve numa área do Farol, por trás do Quartel do Exército. Devido a essas obras, até o final deste ano a cobertura de esgotamento sanitário da capital vai chegar a 70%. Vários bairros estão com obras de implantação de rede coletora e estações elevatórias de esgoto.

Já no interior, o governo federal, que também tem responsabilidade na implantação de sistemas de esgotamento sanitário, por meio de órgãos como Codevasf e Funasa, em parceria com as prefeituras, está executando obras de esgotamento sanitário em vários municípios.

Recomendamos, portanto, que a reportagem também entre em contato com o governo federal e com os municípios para saber sobre o andamento dessas obras, que não são de responsabilidade da Casal, mas que também contribuem para o aumento da cobertura do serviço de esgotamento sanitário em Alagoas.

Abaixo, lista dos 25 municípios não atendidos pela Casal (nem com água e nem com esgoto, pois eles têm serviço próprio, os chamados SAAEs) e que não sabemos a situação da cobertura de esgotamento sanitário deles. É importante a reportagem checar com eles para saber quais têm e quais não têm cobertura, coleta e tratamento de esgoto e especificar em quais deles existem casos de doenças de veiculação hídrica:

Belém, Tanque D’arca, Teotônio Vilela, Chã Preta, Porto Real do Colégio, Penedo, Feliz Deserto, Coruripe, Jequiá da Praia, São Miguel dos Campos, Roteiro, Boca da Mata, Santana do Mundaú, União dos Palmares, São José da Laje, Branquinha, Porto Calvo, São Miguel dos Milagres, São Luis do Quitunde, Marechal Deodoro, Cajueiro, Viçosa, Barra de Santo Antônio, Atalaia e Limoeiro de Anadia.

Fonte: Cada minuto.

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