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Empresas apostam no reuso de água

Para contornar a crise hídrica que afeta a Região Metropolitana de São Paulo, algumas empresas têm utilizado em suas cadeias produtivas águas de esgoto tratadas. No Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, várias iniciativas se destacam no ABC, como a Aquapolo responsável pela distribuição de 650 litros de água de reúso por segundo para cinco indústrias do Polo Petroquímico de Capuava. A Volkswagen, em São Bernardo, e a Tintas Coral, em Santo André, seguem a tendência ao utilizarem sistemas próprios de tratamento de efluentes. Os resultados agradam empresários, que conquistam economias no consumo na casa dos 10% e pagam, na compra das águas de reúso, até metade do custo da água potável.

Marcos Asseburg, diretor-presidente do Aquapolo, conta que a entidade abastece a Braskem, Oxiteno, Oxicap, Cabot e a White Martins. “Há, porém, grande procura pela água de reúso por empresas mais distantes, por isso o Aquapolo passou a disponibilizar caminhões-pipa para distribuição das águas. Quinze empresas já contrataram o serviço, que tem capacidade de geração de 30 mil m³ por mês”, afirma.

De acordo com Asseburg, a capacidade de tratamento tem se mantida estável nos últimos anos em 1000 litros por segundos, mas novos contratos poderiam aumentar o volume. O tratamento é realizado para produzir águas que atendam às necessidades específicas de cada empresa, e por isso os insumos podem aumentar a vida útil dos equipamentos e reduzir a necessidade de manutenção. “Em alguns contratos, o custo da água de reúso chega a ser 50% mais barato que água potável anteriormente utilizada”, conta o diretor.

Asseburg defende que o Poder Público poderia agir de forma mais efetiva para fomentar o consumo de água de reúso pelas empresas. “Políticas públicas voltadas para esse tema devem ser estudadas. Não se pode pensar na água potável como a única alternativa a ser usadas nas cadeias produtivas. Desta forma, teremos a liberação de mais água potável para o consumo da população”, afirma. O Aquapolo é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), modelo empresarial que constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anônima com objetivo único. A iniciativa tem gestão da Odebrecht e Sabesp.

As empresas

Mário Pino, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, esclarece que a produtora de resinas termoplásticas consome 65% da capacidade do Aquapolo. Segundo o profissional, nos últimos dois anos, a Braskem deixou de captar mais de 18 bilhões de litros de água apenas na região do ABC. “Como a indústria não precisa de água potável em vários dos seus processos, como produção de vapor através de caldeiras e sistemas de resfriamento, utiliza-se esgoto tratado como insumo”, diz. De acordo com o gerente, os benefícios da iniciativa atingem outros setores da sociedade, de forma indireta. “A substituição da água potável faz com que os recursos hídricos sejam poupados e, consequentemente, prefeituras, comércio e indústrias consigam reduzir seus custos”, finaliza.

Volkswagen e Coral apostam na sustentabilidade

Na Volkswagen, Celso Placeres, diretor de Engenharia de Manufatura, afirma que a unidade Anchieta, em São Bernardo, reduziu o consumo de água em 11% desde 2010. “O objetivo é que a multinacional, em todas as suas unidades, reduzam 25% do consumo até 2018”, explica. A montadora possui coletor específico de esgoto da Sabesp na planta, que envia o material para a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE ABC). A estação, por sua vez, reenvia a água tratada para as empresas da região e a própria Volkswagen. “100% da água enviada para tratamento é reutilizada em processos industriais na fábrica Anchieta, que equivale a aproximadamente 56 milhões de litros por ano”, afirma Placeres.

A planta Anchieta possui ainda sistema para captação de água das chuvas que, quando intensas, geram um volume de recursos equivalente ao consumo médio diário da fábrica. “Toda água que cai sobre o telhado de uma das alas é captada, tratada e utilizada nos processos industriais e na descarga dos sanitários”, diz o diretor de Engenharia da fábrica.

Elaine Poço, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Tintas Coral, explica que a fábrica possui uma em suas dependências um estação para tratamento físico-químico de efluentes industriais e outra para tratamento biológico de efluentes sanitários. “O que está em desenvolvimento é a substituição das estações por uma só que trate ambos efluentes”, diz a executiva da Coral, que mantém pessoal responsável pelo tratamento.

A estação de tratamento da Coral produz 20 mil m³ de água, utilizadas em etapas de aquecimento e resfriamento das plantas produtivas, e também em consumo humano, diretamente nos bebedouros. A segunda estação trata de 4 mil m³ a 6 mil m³ de efluentes. “As reformas na estação vão aumentar a capacidade para que ela trate até 80% do atual volume de esgoto produzido”, diz Elaine.

 

Fonte: Reporter Diário

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