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Portal inédito sobre Saneamento Básico revela os impactos da falta dessa infraestrutura na renda, empregos e doenças

Plataforma traz indicadores de acesso à água/esgotos e mais impactos socioeconômicos da falta de saneamento básico nas regiões metropolitanas e 839 cidades acima de 50 mil habitantes, começando pelas 200 maiores.

Como país signatário dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, com metas de universalizar o acesso ao saneamento básico até 2030 (Meta 6), o Brasil ainda possui enormes desafios nos acessos à água tratada, coleta e tratamento de esgotos. Com quase 35 milhões de brasileiros sem acesso à rede de água potável (equivalente à população do Canadá), 95 milhões de pessoas sem coleta de esgotos (equivalente a 2 vezes a população da Espanha) e apenas 46% dos esgotos gerados tratados, a falta dessa infraestrutura faz com que o país deixe de gerar empregos, pune com diferenças salariais e soma números assombrosos de doenças de veiculação hídrica.

Buscando que mais brasileiros tenham acesso à situação do saneamento nas cidades onde moram, e reivindiquem os serviços, o Instituto Trata Brasil (ITB) lança essa nova plataforma de informação com indicadores de saneamento básico nos municípios com população acima de 50 mil habitantes. Neste primeiro momento, o portal começará com indicadores das 200 maiores cidades – que juntas somam 104 milhões de brasileiros ou 50% da população do país – até chegar ao total de 839 cidades que juntas formam 70% da população do país, ou seja, 145,4 milhões de habitantes.

A partir de cruzamentos de dados de saneamento e de outras áreas, o portal “Painel Saneamento Brasil”, projeto inédito do Instituto Trata Brasil, permite que a sociedade conheça melhor a situação do saneamento nos estados, municípios e regiões metropolitanas.

Saneamento + Emprego

De acordo com os últimos dados do IBGE (março de 2019), o Brasil ainda tem 13 milhões de pessoas desempregadas e a expansão do saneamento básico contribuiria para a diminuição deste índice. As obras para expansão das redes de água e esgotos necessitam mão-de-obra durante a construção, mas também depois, para operação do sistema. Ao selecionar as principais regiões metropolitanas no Painel fica evidente que os investimentos em saneamento básico, no período de 2010 a 2017, mesmo baixos, já foram suficientes para gerar milhares de empregos.

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Diferenças salariais – locais com e sem acesso ao saneamento básico

A ausência de abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos também pune residentes das áreas sem acesso aos serviços, uma vez que recebem salários menores no final do mês. Esta distinção salarial se dá sobretudo nas áreas mais precárias, em que o cidadão convive muito próximo aos esgotos, além de outros problemas socioeconômicos. Avaliando as regiões metropolitanas de Belém, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo é possível identificar os seguintes dados:

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Impactos da falta de saneamento na saúde pública – internações e despesas

Por décadas a ausência de saneamento vem sendo associada a problemas na saúde pública, havendo uma vasta literatura apontando várias doenças comuns em locais onde a falta ou precariedade desta infraestrutura é evidente. Estamos falando das diarreias, verminoses, hepatite A, leptospirose, esquistossomose, entre outras. De 2010 a 2017, o Brasil gastou, com essas doenças, mais de R$ 1,1 bilhão em internações, numa média aproximada de R$ 140 milhões por ano. Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, alerta: “Embora os números sejam altos para um período de oito anos, esta relação com a saúde pode ainda estar mascarada pela melhoria da estrutura da saúde e do atendimento público, melhores hábitos alimentares, entre outros. Há que se lembrar também que nessas áreas proliferam mais as doenças do mosquito Aedes aegypti (dengue, febre Chikungunya e Zika vírus), que não estão nessas contas.”

Baixo investimento em saneamento no país

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Para universalizar os serviços de água e esgotos até 2033, prazo do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB, em atual Consulta Pública para revisão), seriam necessários R$ 357 bilhões, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 24 bilhões por ano. Apesar disso, os valores aplicados vêm se mantendo na faixa dos R$ 11 a 14 bilhões entre os anos de 2010 a 2017 – tabela abaixo. Esse descompasso faz com que, atualmente, as entidades ligadas ao setor já falem numa necessidade acima de R$ 400 bilhões até 2038. Mesmos os investimentos citados nas regiões metropolitanas não foram suficientes para aumentar os indicadores de coleta e tratamento dos esgotos.

Importância do Painel Saneamento Brasil aos brasileiros

De acordo com Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, o novo portal complementa e dá mais abrangência às ações do instituto. “O Painel Saneamento Brasil é uma ferramenta de informação que amplia em muito o universo de conhecimento dos brasileiros sobre o tema. Permite ao cidadão comum, mas também a jornalistas, promotores, magistrados e formadores de opinião, terem acesso aos desafios da falta de saneamento, seus impactos e os benefícios quando os serviços chegam. Não temos a pretensão de ranquear quem é melhor que quem, mas sim permitir ao internauta tirar suas conclusões e cobrar providências nessa infraestrutura tão necessária, mas tão atrasada.”.

Até esse momento, o Instituto Trata Brasil baseou seus estudos nos 100 maiores municípios brasileiros, mas esse portal já inicia com informações das 200 maiores cidades e pretende, até metade de 2020, trazer informações de saneamento básico dos 839 municípios com população acima de 50 mil moradores. “As cidades com mais de 50 mil habitantes estão no escopo de atuação do Ministério de Desenvolvimento Regional, então podemos cobrar dele e das autoridades locais políticas que melhorem o acesso ao saneamento nessas cidades.” completa Carlos.

Um dos consultores do Painel Saneamento Brasil, o Prof. Fernando Garcia de Freitas, da consultoria EX ANTE, exalta também a possibilidade do cidadão conhecer melhor a impacto da falta de saneamento na Educação. O Prof. Fernando Garcia de Freitas afirma: “Geralmente, jovens que moram em residências sem acesso à água e ao serviço de coleta de esgotos sofrem com doenças e se afastam de suas atividades escolares.

Isso afeta o tempo livre em que eles poderiam estar estudando e os indicadores mostram que acabam tendo baixo rendimento em provas como o ENEM.”. Segundo o consultor, “no sistema também é fácil visualizar os ganhos em termos patrimoniais da população que ocorre quando o saneamento chega à sua comunidade. Essa é a chamada valorização ambiental associada ao saneamento das cidades”.

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