Amazônia é uma região privilegiada ao deter cerca de 80% do volume de toda a água doce superficial do Brasil. Entretanto, uma pesquisa realizada pela Manaus Ambiental aponta que, dos 630 milhões de litros de água distribuídos por dia pelo órgão, uma média de 252 milhões de litros é desperdiçada. O desperdício equivale a 40% do total disponibilizado para o consumo diário. De acordo com o órgão, o uso incorreto da água distribuída, bem como a prática de ligações clandestinas, são os principais responsáveis pelos atuais índices. Mais de 22 mil notificações por uso ilegal de água foram registradas em 2013.
De acordo com o gerente de produção e engenheiro da Manaus Ambiental, Ícaro Mello, o órgão distribui hoje o suficiente para abastecer o dobro da população de Manaus. Contudo, o uso inconsciente agrava ainda mais os índices de desperdício.”Uma série de fatores influencia nessa perda de água, e as fraudes, aliada ao consumo incorreto, fazem com que, por mais que se produza um quantidade grande o suficiente pra abastecer duas cidades como Manaus, algumas localidades ainda sejam prejudicadas com o abastecimento de água”, contou.
Conforme dados da Manaus Ambiental, cerca de 78% do consumo de uma residência ocorre nos banheiros. Desse total, os maiores responsáveis são os banhos demorados e o acionamento seguido da válvula sanitária. Um banho de 15 minutos, por exemplo, chega a gastar 135 litros de água, o que equivale a 70 garrafas pets cheias. Em seguida, a lavagem de louças também contribui para o aumento dos índices de desperdício. Segundo o órgão, uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros d’água por minuto.
Em de 2013, mais de 22 mil notificações por uso ilegal de água potável foram registradas em Manaus, com maior incidência de ocorrências nas Zonas Leste e Norte da cidade. Conforme o órgão, o prejuízo causado pelo furto de água não atinge apenas a concessionária, mas também quem paga pelo produto. “Quando se faz uma ligação ilegal a pressão da água é reduzida, o que dificulta a chegada de água em pontos mais altos e mais distantes. Quando o consumo não é medido, as pessoas não se preocupam em utilizar a água da maneira correta. Elas não fazem nenhum controle e gastam sem consciência”, disse Mello.
As irregularidades mais comuns são: retirada de medidor, desvio de ramal, ligações clandestinas e irregularidade de fraude no medidor. As irregularidades, de acordo com o órgão, representam uma perda de 35% do volume produzido anualmente. Além de prejudicar o abastecimento, as ligações clandestinas apresentam um grande risco à saúde, segundo Melo. “Muitas pessoas têm poços clandestinos ou fazem ligações irregulares, o que faz com que a qualidade da água seja comprometida. Cerca de mil análises são feitas por dia para garantir que a água que chega na porta do consumidor seja boa para o uso. Quando se tem uma ligação, a água é desviada e os riscos de contaminação são enormes”, relatou.
Segundo a Manaus Ambiental, economizar água não é sinônimo de privação, mas sim de usá-la de forma adequada pra o benefício da população e da natureza. Verificar vazamentos em canos e torneiras, deixar pratos e talheres de molho antes de lavá-los, aproveitar a água da chuva para aguar as plantas do jardim, entre outras ações, são algumas das medidas apontadas para otimizar o uso da água, o que, além de contribuir para a diminuição dos índices de desperdício, poderá ainda reduzir o valor da conta mensal paga pelo consumidor.
Fonte: G1
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