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Para cientistas, escassez de água dá pista sobre futuro com aquecimento global

SÃO PAULO – A escassez de água que o Estado de São Paulo enfrenta neste verão traz uma pista do tamanho do problema que podemos esperar nos próximos anos, com o avanço das mudanças climáticas. Essa foi uma das mensagens passadas nesta terça-feira, 11, por um grupo de especialistas em recursos hídricos reunidos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em torno de uma questão: como melhorar a gestão de água.

“A gente ainda não pode apontar o dedo e falar que o que está acontecendo é por causa das mudanças climáticas, mas o que estamos vendo agora nos mostra exatamente o que podemos esperar no futuro, que é essa maior variabilidade climática entre seca e chuvas extremas. É preciso começar a se preparar para lidar com isso, mas não vemos o setor de água trabalhando nesse sentido. Não estamos nos adaptando para um problema que vai ser enorme”, diz Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Américo Sampaio, superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Sabesp, admitiu que isso é uma realidade. “A verdade é que ninguém ainda está se preparando para essas variabilidades. A preocupação maior ainda é com a universalização do serviço de água e esgoto. Estamos buscado resolver a situação atual, mas ninguém começou a pensar em como lidar com o clima futuro.”

Para o momento atual, diz, a solução continua sendo buscar água cada vez mais longe, o que ele mesmo diz ser uma “loucura”. “Não podemos ficar dependentes só de aumentar a capacidade dos reservatórios ou de buscar água cada vez mais longe. Mas é o que conseguimos fazer agora. Estamos fazendo isso, buscando água no Vale do Ribeira. Mas é uma loucura. Corremos o risco de repetir o Cantareira.”

Segundo ele, é preciso investir no que ele chama de técnicas de conservação de água. “Precisamos pesquisar mais formas de reuso de água e diminuir o consumo”, disse, mas sem detalhar quais são os planos da Sabesp para agir nesses dois caminhos. “E planejar o crescimento das cidades. É ilógico ter 20 milhões de pessoas vivendo na nascente de um rio. Simplesmente não tem água para todo mundo e, por enquanto, nossa saída é só buscar cada vez mais longe…”

O pesquisador Sunil Naramulani, da Universidade de Nebraska, que compartilhou as experiências com água do Estado norte-americano, resumiu o problema para lidar com o impacto das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos,. “Precisamos de uma mudança cultural. Sempre fomos tão mimados. Água, energia, comida, tudo é barato e essas coisas não vão mais ser baratas no futuro próximo. Como espécie, temos de pensar que mudar esses hábitos será uma questão de sobrevivência.”

Fonte: ESTADÃO

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