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Sabesp inicia inverno com nível do Cantareira abaixo de 2014

Com o início do inverno, a Sabesp vai enfrentar este ano os meses de clima mais seco com o nível médio dos reservatórios do Sistema Cantareira abaixo do que estava um ano atrás. À seu favor, a empresa tem obras já executadas e o fato de a vazão de saída dos reservatórios ter caído em 47% entre o primeiro semestre de 2014 e 2015, conforme levantamento feito pelo Valor. Contra ela, estão os atrasos em obras importantes e as críticas sobre sua atuação durante a crise.

A redução de vazão de saída se explica pelas medidas tomadas, desde o programa de bônus implementado no início do ano passado e a aplicação de multa desde no começo deste ano, até práticas como a redução de pressão. Em algumas regiões, a redução chega a ser feita por 17 horas diariamente.

Neste primeiro semestre também pesou a favor da empresa as chuvas próximas da média histórica, embora a vazão de entrada nos reservatórios do Sistema Cantareira esteja em 47% do observado entre 2003 e 2011. Caso os próximos meses indiquem uma vazão de entrada côo a vista em 2014, um cenário bastante crítico, e com a saída mantida no nível atual, de 15m³/s, o reservatório chegaria ao fim do ano tendo esgotada a primeira cota da reserva técnica (“volume morto”), ou seja, negativo em 18,7% considerando a medição original, em comparação com os 9,3% negativos da sexta-feira.

A Sabesp conta com várias obras para amenizar os efeitos da crise. Os investimentos totais somam R$3,6 bilhões. O valor não considera obras menores que, segundo a companhia, estão dentro do orçamento da empresa. Uma parte dos projetos foi realizado e entregue, como a construção de dois canais nas represas Jaguari e Jacareí, prontos em outubro, e a nova adutora do Rio Grande, finalizada em abril. Outras obras, como a ligação entre a Billings, represa do Sistema Rio Grande, e a Taiaçupeba, do Sistema Alto Tietê, estão atrasadas. A ligação estava prevista para ser entregue em maio, conforme afirmou o governador Geraldo Alckmin. A Sabesp nega que haja atraso. Afirma que sempre previu quatro meses de execução, mas que, antes do início da obra, foi necessário obter licenças ambientais e autorização da Petrobras para utilizar faixa por onde passa um gasoduto. A previsão de entrega da ligação é início de setembro.

A empresa destaca que nem todas as obras que se devem ajudar a amenizar a crise foram formuladas somente em função da seca, mas que algumas, como o caso da PPP de São Lourenço, já estavam nos planos da companhia. O valor dos projetos também precisa ser considerado enquanto investimento, não podendo, portanto, ser contabilizado como “custo” da crise.

O que não significa que as perdas não tenham ocorrido. A concessão de bônus teve impacto de R$376,4 milhões sobre o resultado da empresa em 2014. De janeiro e abril deste ano, os bônus somam R$288,7 milhões. Já o valor com a aplicação da tarifa de contingência é de R$123,9 milhões de fevereiro a abril.

A gestão da crise continua sendo alvo de críticas. A empresa  sofreu com a aprovação do relatório final da CPI da Sabesp instalada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar os contratos firmados entre prefeitura e a estatal, que critica a atuação da companhia e pede que ela seja responsabilizada pelos danos causados à capital paulista. No dia 12 deste mês, a Federação das Indústrias de São Paulo para investigar os contratos firmados entre prefeitura e a estatal, que critica a atuação da companhia e pede que ela seja responsabilizada pelos danos causados à capital paulista. No dia 12 deste mês, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) entrou com ação contra a companhia e a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) por conta do reajuste de 15,24% aprovado para a tarifa de água e esgoto aprovado em maio deste ano.

O impacto sobre o preço da ação não é tímido. O papel encerrou sexta-feira cotado a R$16,06. Além de representar queda de 7,81% na semana, o valor está consideravelmente abaixo dos R$25,06 que ela valia no fim de 2013, antes do agravamento da crise.

 

Fonte: Valor Econômico

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