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Lucro líquido da Casan atinge R$ 41,6 milhões, crescimento de 94,2%

Vários municípios Catarinenses já procuraram a CASAN para um futuro acordo de transferência dos serviços para a Estatal. Os eventos recentes como o escândalo nas Águas de Palhoça (que culminou com a prisão de funcionários públicos e empresários) e a CPI das Águas no Estado, fizeram com que alguns municípios suspendessem o processo de concessão e iniciassem negociações, a portas fechadas, com a diretoria da CASAN.  O próprio sindicato (SINTAEMA) de Santa Catarina é favorável a re-estruturação da empresa e luta para que os municípios, que estão sob investigação do GAECO ( Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado ) ,transfiram seus serviços para a empresa Estatal.

O plano de melhorar a gestão da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) para tornar a estatal atraente aos olhos do mercado começa a dar sinais positivos. Em 2013, enquanto a receita líquida da empresa teve avanço de 8,1%, o lucro líquido cresceu 94,2%, alcançando R$ 42 milhões. Os números foram apresentados à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na sexta-feira.

De acordo com Laudelino de Bastos e Silva, diretor financeiro da Casan, os números são resultado de controle mais rigoroso dos gastos. Em 2013, as despesas com folha de pagamento cresceram 5,7%. As despesas com material durante o mesmo período tiveram alta de 1,36%.

No ano passado, o volume de investimentos também cresceu. De acordo com o relatório, a Casan investiu R$ 115 milhões em água e esgoto — o valor foi 9,54% superior a 2012.

Segundo Silva, para 2014 já há R$ 200 milhões em investimentos previstos. O plano da companhia até 2018 é ampliar de 18% para 45% a cobertura de esgoto no Estado. O valor é composto com recursos do plano de aceleração do crescimento (PAC) do governo federal, financiamento da agência japonesa Jica e Caixa Federal, entre outras fontes de recursos.

Captação de investidor privado espera definições

O plano da Casan de captar um investidor privado e estratégico se mantém em curso. Apesar da melhora no desempenho de 2013 em comparação com 2012, o diretor financeiro acredita que isso não deve ocorrer em breve.

Segundo Silva, o mercado aguarda definições da agência reguladora sobre regras de composição tarifária que teriam influência no valuation (valor de mercado) da Casan. Em 2011, a Assembleia Legislativa aprovou mudança constitucional que aprovava venda de parte da companhia para um investidor privado. A situação financeira seria um dos fatores que teria feito o governo recuar no negócio.

Casan reforça contas para tentar atrair investidor privado

Dois anos e meio depois de conseguir aprovar em regime de urgência na Assembleia Legislativa a venda de até 49% das ações da Casan, o governo estadual mantém a operação em suspenso. Apontada como uma solução para trazer recursos e profissionalizar a gestão da estatal, a operação esbarra em um ponto fundamental: hoje seria um mau negócio.

A falta d’água do Réveillon, que tornou a Casan alvo de críticas por falhas na gestão, levou o próprio Raimundo Colombo a relembrar o assunto e declarar que o governo ainda tem planos de buscar um sócio para a estatal. De acordo com entrevista concedida ao DC em 8 de janeiro, a intenção do governo é vender 34% das ações para um investidor privado. O valor da transação seria reinvestido na empresa.

A venda foi colocada de lado em abril de 2012, quando chegaram às mãos do governador os números preliminares do valor de mercado da Casan, avaliados pela consultoria KPMG. Fatores como o elevado número de ações judiciais fizeram essa cotação ficar tão baixa que tornaria inviável o negócio pretendido pelo governo. Nos bastidores, especula-se que a Casan foi avaliada em R$ 240 milhões – o que faria a venda render cerca deR$ 81 milhões. O presidente da estatal, Dalírio Beber, nega a cifra com veemência, mas confirma que a operação foi brecada diante de números pouco animadores.

— Se nós vislumbrássemos a possibilidade de fazer um bom negócio, teríamos levado a cabo. No entanto, as primeiras análises recomendaram que algumas providências fossem tomadas antes da venda — diz.

Nesse contexto, o governo realizou aporte de R$ 200 milhões na estatal — metade do valor será depositado este ano e o resto em 2015 e 2016. Os recursos servirão de contrapartida aos financiamentos da Casan junto à Caixa, à Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Ainda assim, não suprem as necessidades da estatal.

— Temos R$ 1,5 bilhão, mas precisamos de mais R$ 6 bilhões (para a universalização dos serviços de água e esgoto) — afirma Beber.

Odebrecht Ambiental, apontada como principal candidata ao negócio, não nega estar atenta a oportunidades no Estado. Por meio da Foz, a empresa controla os sistemas de água e esgoto em 160 municípios brasileiros, incluindo Blumenau. Procurada pela reportagem, a Odebrecht afirmou ter interesse em investir onde “há a possibilidade de sinergia com a esfera pública”.

Há necessidade de fazer alguns ajustes para tornar a venda de ações mais favorável à Casan”, afirma Dalírio Beber

"Há necessidade de fazer alguns ajustes para tornar a venda de ações mais favorável à Casan", afirma Dalírio Beber Flávio Neves/Agencia RBS

 

O presidente da Casan, Dalírio Beber, conversou com o Diário Catarinense na segunda-feira. Ele afirmou que a venda de ações da companhia está em stand by e será retomada quando a empresa estiver fortalecida financeiramente. Quando perguntado sobre um projeto para diminuição de diretorias da companhia, Bebercomentou que há um estudo em andamento sobre mudanças na estrutura da Casan.

Confira a entrevista:

Diário Catarinense — Como está o projeto de vender parte das ações da Casan para um parceiro privado?
Dalírio Beber — Por enquanto está em stand by em função da necessidade de fazer alguns ajustes para tornar essa operação mais favorável à empresa. Com relação ao valor que seria levado ao mercado.

DC — A empresa chegou a fazer a valoração das ações e esse valor foi insatisfatório?
Beber — Tínhamos algumas questões a serem resolvidas, que estão sendo equacionadas. Aí, sim, faremos uma valoração definitiva. Exatamente para não correr o risco de colocarmos a venda parte da empresa a qualquer preço. Permanece a intenção de buscar recursos e também expertise em nível de gestão. A proposta continua como foi encaminhada à Assembleia. No entanto, nós estamos preocupados e atentos para que o governo só busque essa oportunidade no mercado quando puder tirar maior proveito dessa operação.

DC — Foi feita a análise do valor da companhia hoje no mercado?
Beber — A gente tem indicativos que não recomendam essa operação neste momento.

DC — Seria um valor de mercado de cerca de R$ 240 milhões?
Beber — Nunca vi esse número.

DC — É mais?
Beber — Não vamos divulgar isso. No momento em que formos divulgar essa operaçãono mercado, com certeza os números serão apresentados, uma vez que será feito através da Bolsa de Valores. Não tem como ser diferente. Será a operação mais transparente possível. Hoje, especular valores não contribui em nada para levar a operação a bom termo. Muito mais do que isso. Não vale para a própria operação da Casan, que hoje tem a responsabilidade de responder pelo serviço de água em mais de 200 cidades deSanta Catarina. Não seria bom nem para a empresa, nem para o Governo do Estado e nem para a população nós ficarmos especulando sobre o valor. No momento certo, nós vamos contratar uma ou duas empresas para fazer a avaliação. Sobre esse valor x, o governo como controlador pode dizer ‘queremos x+y”.

DC — Mas existe a percepção de que a empresa precisa se fortalecer antes da venda de ações?
Beber — Exatamente. Uns ajustes para que o negócio traga os recursos que a Casanprecisa.

DC — Qual o plano de ação da companhia para esse fortalecimento?
Beber — Temos hoje contratos de financiamento com a Caixa, com a agência japonesa, para cujos recursos temos a contrapartida. Não dependemos deste recurso (da venda de ações) para que este plano de investimento aconteça. Mas se pensarmos na universalização do serviço de água e do tratamento sanitário vamos chegar a algo em torno de R$ 7,5 bilhões. Portanto, temos R$ 1,5 bilhão, mas precisamos de R$ 6 bilhões.

DC — Nesse contexto entra a injeção de R$ 200 milhões que o governo está realizando…
Beber — Exatamente.

DC — Essa operação de venda de ações da Casan não acontece, então, ainda este ano, no mandato do governador Raimundo Colombo?
Beber — É bem provável que não. Estamos fazendo os ajustes. A qualquer tempo ela pode acontecer, porque temos a autorização. A oportunidade, o governo que vai analisar.

DC — Os projetos que permitem a operação foram aprovados na Assembleia Legislativa em regime de urgência ainda em 2011. Parecia uma necessidade imediata. Foram os financiamentos que tornaram a necessidade menos urgente?
Beber — Não, absolutamente. Se nós pudéssemos vislumbrar a possibilidade de realizar um bom negócio para o Estado, com certeza o governo teria levado a cabo. No entanto, as primeiras análises mais aprofundadas sobre o valuation recomendaram que algumas providências fossem antes executadas para permitir que lá na frente o Estado alcance um resultado melhor. Vencidas essas etapas, pode até ser que o governo dispense isso (a venda das ações).

DC — Existe uma crítica à partidarização da gestão da Casan. É uma crítica pertinente?
Beber — Gostaria que vocês fizesse essa pergunta aos funcionários concursados que estão no dia-a-dia dividindo conosco a responsabilidade de levar a bom termo a questão do saneamento no Estado. Eu sou suspeito.

DC — Existe algum projeto de diminuição no número de diretorias?
Beber — Nós fizemos uma mexida no primeiro ano, quando baixou o número de diretorias. Estamos agora com um estudo em andamento que visa mais uma mexida na estrutura com o objetivo de adequar a uma nova realidade que nós imaginamos ser necessária para a empresa daqui para frente.

 

Fonte e Agradecimentos pela excelente matéria: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2014/03/lucro-liquido-da-casan-atinge-r-41-6-milhoes-crescimento-de-94-2-4462105.html

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