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Saneamento inicia retomada pós-crise hídrica

Com a diminuição da pressão cambial sobre as dívidas no primeiro trimestre e menor impacto do risco hídrico sobre as operações, as três empresas de saneamento com ações negociadas em Bolsa, Sabesp, Copasa e Sanepar, têm ensaiado uma melhora no seu valor de mercado e apresentam boas perspectivas para o ano. Para a sócia da GO Associados, Luciana Nazar, a avaliação é positiva para as três e o comportamento delas “não tem porque ser ruim” neste ano. Ela pondera, porém, que o cumprimento de cláusulas restritivas (“covenants”) e o nível de endividamento devem ser pontos de atenção no caso das estatais paulista e mineira. As três tiveram suas ações atingindo a maior cotação do ano na semana passada.

No caso da Sabesp, a retomada teve início já no ano passado, quando as ações subiram 13%, ante uma queda na mesma proporção do Ibovespa. Em 2014, porém, a queda havia sido de 33%. Até o fechamento de ontem, a estatal paulista registrava um crescimento de 27% no valor das ações este ano. O Ibovespa, no mesmo período, subiu 17%.

Com o papel valendo R$ 23,30, a recuperação até agora deu conta de colocar a ação da Sabesp no patamar de preço que apresentava no início de 2014, antes do agravamento da crise, quando oscilava entre R$ 20 e R$ 25.

Já no quarto trimestre, a empresa reportou resultados melhores que o esperado por analistas. Ela multiplicou o lucro registrado nos três últimos meses de 2014 por 14 e reportou R$ 461 milhões. No ano, terminou no azul, com R$ 536 milhões, mas uma queda de 40,6% ante 2014.

No início deste ano o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, decretou o fim da crise e a empresa conseguiu, para maio, o fim do programa de contingência, com cobrança de multa e pagamento de bônus conforme aumento ou redução do consumo de água. A medida havia sido implementada no auge da falta de água para conter o consumo.

Embora o nível de endividamento continue a ser uma preocupação de analistas e investidores, a empresa tem mostrado atenção com a ameaça, ajustou sua previsão de investimentos para este ano e o presidente da empresa, Jerson Kelman, fez reiteradas declarações no sentido de que a Sabesp não tem mais como se endividar para bancar a necessidade de investimentos necessários – isso deve vir do lucro, defende. O diretor financeiro, Rui Affonso, reforçou que não trabalha com a perspectiva de romper cláusulas restritivas de dívida, os “covenants”.

Cenário parecido se desenhou com a Copasa, em Minas. Além de sofrer com falta de água, a empresa viu seu nível de alavancagem crescer a ponto de te de aprovar aumento do teto estatutário para acima de 3 vezes na relação dívida líquida Ebitda.

Ontem, o papel era negociado a R$ 18,09, valor 21% maior que no fim de 2015. Os ganhos acima do Ibovespa ajudam a amenizar dois anos consecutivos de queda, de 30% em 2014 e 38% em 2015, mas não colocaram a empresa de volta ao patamar a que o papel era negociado no início de 2014, de R$ 36.

Ao longo de 2015, a estatal mineira realizou três programas de desligamento, que explicam em grande parte a redução de 4,4% no corpo de funcionários. As despesas não recorrentes previstas com indenizações e incentivos concedidos por meio dos programas, conforme a empresa, somaram R$ 172,9 milhões.

As despesas impactaram os resultados do último trimestre do ano passado e ela registrou, de outubro e dezembro, prejuízo de R$ 40,8 milhões, revertendo um lucro de R$ 21,6 milhões no mesmo período de 2014. Terminou o ano, portanto, com um prejuízo de R$ 11,6 milhões. A receita líquida de água e esgoto, porém, subiu 0,4%, para R$ 3,14 bilhões. O Ebitda ajustado caiu 5,4%, para R$ 1,03 bilhão ao mesmo tempo em que a dívida líquida recuou 3%, fechando o ano em R$ 3 bilhões.

O nível dos reservatórios do Sistema Paraopeba foi de 22,3% em dezembro do ano passado para 52,3% em março deste ano. Trata-se do sistema responsável pelo abastecimento de 42% da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A situação financeira mais confortável das três é a da Sanepar. A empresa foi indiretamente afetada pela crise hídrica já que, embora a seca não tenha atingido o Paraná no ano passado, levou a população do Estado e reduzir o nível de consumo de água, com impacto no volume faturado pela companhia – que ficou estável em relação a 2014 mesmo com o crescimento do número de clientes. Ainda assim, conseguiu manter o resultado positivo e encerrou o ano com crescimento de 4% no lucro líquido, para R$ 438 milhões. A receita líquida, por sua vez, cresceu 13,5%, para R$ 2,97 bilhões, devido principalmente a reajuste tarifário.

A estatal paranaense vem de dois anos consecutivos de queda no valor das ações. As reduções foram de 7,4% em 2014 e 37% no ano passado. Até ontem, porém, as ações da Sanepar registravam crescimento de 26% no ano, cotada a R$ 3,74.

Luciana destaca que a estatal paranaense é a que está mais folgada no que diz respeito aos “covenants”. Isso é explicado, em parte, pelo fato de a empresa ter sua dívida denominada em real, deixando-a apenas com impacto dos juros. A Sanepar ficou livre da pressão cambial que prejudicou Sabesp e Copasa.

A sócia da GO Associados pontua que também será necessário acompanhar a realização dos investimentos das empresas para se proteger de novas crises hídricas, além do bom gerenciamento do índice de perdas.

Fonte: Valor
Foto: Divulgação

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