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Arboviroses no caminho do saneamento

O saneamento básico está diretamente relacionado à maior ou menor incidência de arboviroses. Dito de outra forma, onde precisa acumular água, tem-se ali um lugar propício à reprodução do temido Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

O epidemiologista Luciano Pamplona, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), adverte que se a muriçoca acompanha quadros de precariedade, sobretudo em periferias, o mosquito ‘Aedes’ não tem classe social. Não havendo plenitude na cobertura de saneamento (água, esgoto e resíduos sólidos) nas cidades e estados do País, estão todos suscetíveis.

Isso porque a intermitência no fornecimento de água – e não tem exemplo melhor que nas regiões com estiagem, a necessidade de acumular água cria lugar de perigo.

“A partir do momento em que a população não tem água suficiente, ela vai acumular. Mesmo em áreas nobres de Fortaleza, como Meireles e Aldeota, se abrisse a torneira, não teria água, não fosse a caixa para acúmulo, pois o fornecimento de água não ocorre de forma contínua. A intermitência do fornecimento de água prejudica porque aumenta os focos”, diz Luciano Pamplona.

Dengue

O estado de São Paulo viveu, no ano de 2015, epidemia de dengue com raros precedentes. Foram mais de 690 mil casos e, aproximadamente, 450 mortes no mesmo ano. A explicação da Secretaria de Saúde do Estado, apoiada por infectologistas: Com a seca ocorrida na região, as pessoas tiveram que acumular água em recipientes, e o Aedes aegypti fez sua casa.

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Toda a família de Ana Lúcia, no Passaré, pegou chikungunya. O esposo, Fernando, não está na foto porque, mesmo doente, precisou ir trabalhar. Há um lixão na rua, e moradores decidiram proibir a entrada do agente de endemias nas casas

“Estou preocupado com o surto que Fortaleza está vivendo”, disse o epidemiologista João Bosco Siqueira Júnior, doutor em medicina tropical, enquanto ministrava palestra em São Paulo, acompanhada pelo Diário do Nordeste, para jornalistas da América Latina. Falava no já distante 23 de maio de 2017, quando os números indicavam mais de 16 mil casos e ao menos cinco mortes.

Cenário epidêmico

Ao fim da primeira semana de junho, boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará já apontava situação mais grave. E recorrente, segundo boletim epidemiológico de 9 de junho: “em 2016, houve transmissão sustentada da chikungunya no Estado, caracterizando um cenário epidêmico, com 49.516 casos suspeitos, sendo que 63,6% foram confirmados, distribuídos em 139 municípios. Em 2017, observa-se uma tendência crescente de notificações. Dos casos confirmados, 67,2% (ou 20.596), concentraram-se nas faixas etárias entre 20 e 59 anos, e o sexo feminino foi predominante em todas as faixas etárias à exceção das idades até 14 anos”

“Não basta ter água, tem que ser de qualidade e com fornecimento pleno. Não é suficiente tratar o esgoto, é preciso limpar o meio ambiente. Problema dos países pobres para combater as arboviroses? Não necessariamente. Cingapura, um dos países mais ricos do mundo, enfrentou epidemia de dengue, mas mudou de tal forma a maneira de combater a doença, com educação e controle do vetor, que hoje é referência”, afirma o epidemiologista João Bosco, considerado, pelo próprio Ministério da Saúde, uma das maiores autoridades em investigações de surtos e epidemias. Continua preocupado com o Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste

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