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IPT busca soluções para gestão de resíduos de poda de árvores urbanas

Um grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está realizando um projeto para encontrar soluções técnicas de gerenciamento de resíduos das árvores.

 

A poda das árvores nos municípios brasileiros é, em geral, uma prática comum, executada para corrigir conflitos entre as árvores e as edificações ou equipamentos urbanos, como o conflito clássico observado entre as árvores e a rede elétrica aérea. Grandes quantidades de resíduos das podas, como galhos e folhas, são produzidos, o que sobrecarrega os aterros sanitários e gera custos para a destinação do material.

Para ajudar as administrações municipais a terem mais opções na gestão da arborização urbana, um grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está realizando um projeto para encontrar soluções técnicas para o gerenciamento de resíduos das árvores. “Muitas vezes, os resíduos de podas não são reaproveitados, mesmo tendo potencial. Isso acontece porque a tomada de decisão para a sua reutilização por parte dos gestores municipais não é trivial”, explica a pesquisadora e coordenadora do projeto, Caroline Almeida Souza.

É necessário conhecimento, continua ela, sobre os tipos de resíduos gerados (folhas, galhos e troncos) e suas características (físicas e químicas) e sobre as opções de reaproveitamento mais adequadas para a realidade de cada município (ambiental, social e econômica).

“A gestão de resíduos de poda das cidades brasileiras é um tema com grande potencial para P&D e serviços tecnológicos a ser desenvolvido no IPT, já que o instituto tem pesquisadores com competência nas áreas de arborização urbana, resíduos, tecnologia da madeira e sustentabilidade”, complementa ela, explicando o motivo da escolha do tema do projeto.

O projeto, que teve início em julho de 2020 e se encerrará em dezembro de 2021, está buscando desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e sustentáveis de gerenciamento de resíduos provenientes das árvores, tendo como área de estudo as áreas urbanas do município de Bertioga, localizado no litoral norte do estado de São Paulo. A cidade foi escolhida para o projeto-piloto devido ao conhecimento prévio da equipe do IPT sobre a cadeia de geração e de destinação final de resíduos no município, adquirido em projetos executados atualmente e anteriormente, como o RSU Energia, que avalia alternativas de separação e tratamento de resíduos sólidos urbanos.

 

REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS

A geração de resíduos de poda nos municípios do estado de São Paulo é expressiva, elevando os custos relacionados à destinação do material. Em Bertioga, com mais de 17 mil árvores cadastradas na cidade, esse desafio de gestão é relevante.

“Na prática, o resíduo de poda é disposto em aterros, triturado e, em alguns casos, utilizado em compostagem, sendo que outros usos também poderiam ser explorados, estimulando-se o empreendedorismo com base nessa matéria-prima”, afirma Souza.

Alguns exemplos de usos potenciais para os resíduos de árvores urbanas incluem o aproveitamento energético na forma de briquetes e pellets, que funcionam como combustível e são feitos à base de fragmentos de madeira prensada e ressecada; o uso de material vegetal em técnicas de bioengenharia de solos, para a contenção de processos erosivos ou de outros tipos de degradação da paisagem, e a fabricação de móveis e utensílios.

Estão envolvidos no projeto pesquisadores da Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais, do Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental, do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas, do Laboratório de Componentes e Sistemas Construtivos e do Laboratório de Celulose, Papel e Embalagem.

Os principais parceiros externos do projeto são a Prefeitura de Bertioga e a Elektro, concessionária de energia que atende a cidade de Bertioga, além das empresas terceirizadas que executam os serviços de poda.

O primeiro trabalho de campo do projeto foi realizado em dezembro de 2020 com o objetivo de caracterizar a arborização urbana de Bertioga, de maneira expedita e exploratória, complementando o levantamento de dados secundários. Este trabalho de campo gerou informações sobre as espécies que compõem a arborização urbana de Bertioga, as características das árvores, os locais mais arborizados, o tipo de poda mais observado e os tipos de resíduos gerados pela poda.

Por conta da pandemia do novo coronavírus, os pesquisadores tiveram que avaliar as atividades que seriam possíveis de serem feitas online. Toda a interação com a prefeitura está sendo feita online e a etapa de revisão bibliográfica também foi feita em home office pela equipe, que se reunia remotamente para compartilhar leituras.

Uma oficina sobre a poda e a supressão de árvores em áreas urbanas de Bertioga será realizada de modo virtual no dia 10 de fevereiro, com o objetivo de promover a interação entre a equipe do IPT e os parceiros locais que atuam no processo de poda e supressão de árvores, como os integrantes da equipe da prefeitura e representantes tanto das empresas terceirizadas pela prefeitura, para a realização de poda, quanto da Elektro, que está a cargo da poda de árvores sob a fiação elétrica.

“Essa interação é fundamental para planejarmos o trabalho de campo para a caracterização do processo de poda e de supressão de árvores e para a adequada coleta de amostras”, afirma Souza. Com isso, ela diz, será possível atender ao objetivo do projeto de elaborar um portfólio de usos potenciais dos resíduos da arborização urbana de Bertioga.

A etapa de revisão bibliográfica do projeto possibilitou a elaboração de artigo apresentado no 13º Seminário Internacional NUTAU 2020, que este ano teve como tema a valorização de resíduos da arborização urbana e o potencial para pesquisas e projetos de urbanismo, arquitetura e design. O artigo intitulado: “Reaproveitamento de resíduos de poda e sua colaboração para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” foi apresentado pela pesquisadora e está publicado nos anais do evento, que é organizado pelo Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura, do Urbanismo e do Design da Universidade de São Paulo.

Fonte:  IPT

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