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Para onde foi a crise hídrica? Veja como está a situação em São Paulo

Governador Geraldo Alckmin anunciou que a falta de água foi superada; entenda o cenário

Após mais de dois anos de crise hídrica, o governador Geraldo Alckmin disse, no último dia 7, que a Grande São Paulo não enfrenta mais problemas de falta de água.

— Essa questão não tem mais risco, mesmo que haja seca. E teremos a partir do ano que vem uma superestrutura em São Paulo. A região metropolitana estará bem preparada para as mudanças climáticas, teremos mais resiliência.

Veja alguns pontos importantes sobre a questão hídrica no Estado.

RECUPERAÇÃO CANTAREIRA

Começou-se a falar de crise quando o nível do Cantareira atingiu 25% de abastecimento. Com o tempo e a seca, a Sabesp conseguiu autorização para usar duas reservas técnicas do manancial (conhecidas como volume morto) e, mesmo assim, o nível chegou a 5% em janeiro de 2015. Hoje, o reservatório está em pouco mais de 30% (sem contar as reservas técnicas). Durante a crise, o Cantareira, que abastecia 8,8 milhões de pessoas chegou a atender cerca de 5 milhões e, agora, é responsável pela água de 6,7 milhões.

ECONOMIA DE ÁGUA

A recuperação dos sistemas de abastecimento ocorreu pela junção de fatores: economia de água (estimulado por bônus e multas), obras hídricas, redução de pressão de água (o que fez com que muita gente ficasse sem abastecimento durante dias) e as chuvas. No entanto, especialistas alertam que podemos deixar de lado medidas de economia agora que a situação está melhor. Paulo Roberto Moraes, professor de Ciências do Ambiente da PUC-SP, destaca a importância de manter a mudança de comportamento.

— Entramos em uma situação muito crítica e, se entrássemos em um período de seca, se não voltassem as chuvas, teríamos um colapso total. Saímos da margem de emergência e sufoco, mas temos que encarar da mesma maneira que estávamos encarando. Essa experiência tem que ser aproveitada como uma lição para o futuro, tanto para a população quanto para o governo.

A Sabesp alerta que “o uso racional da água continua sendo importante, sendo uma tendência mundial e uma atitude de respeito ao meio ambiente”.

FALTA DE ÁGUA

Apesar de Alckmin ter dito que a situação foi superada, ainda há relatos de corte de água na cidade. Laudênia Costa de Aguiar, 51 anos, é moradora da Freguesia do Ó, zona norte da cidade, relata que ainda sofre com falta de água.

— Está cruel. Desligam 20h e fica sem água a noite toda e volta pela manhã. Geralmente chega umas 8h30, 9h. Hoje chegou mais cedo.

Segundo ela, ao ligar para a Sabesp para reclamar, a companhia informou que o abastecimento estava normal. No site da Sabesp, consta que há redução de pressão no bairro das 23h às 5h.

Mesmo com a melhoria da situação, Laudênia conta que ainda armazena água.

— Guardo pelo menos duas garrafas para uma emergência

MEDIDAS QUE CONTINUAM

A Sabesp informa que mantém a redução de pressão na rede, sendo que os horários voltaram aos estabelecidos antes da crise hídrica (durante a crise haviam sido ampliados). De acordo com a companhia, “a medida é uma técnica importante, adotada desde 1997, para a redução de perdas por vazamentos e ocorre no período noturno, em horários de menor consumo de água”. Os horários ajustados, no período máximo das 23 às 5h, já estão disponíveis no site da Sabesp.

Além disso, tanto o programa de bônus quando a multa para os consumidores que gastarem de mais continuam valendo e a Sabesp e a Arsesp estão avaliando o momento oportuno de descontinuá-los.

MELHORIAS NO SISTEMA

​A Sabesp informa que as principais obras hídricas em andamento são o Sistema Produtor São Lourenço, a interligação Jaguari-Atibainha e a nova captação no Itapanhaú. Para 2017, está prevista a nova captação no rio Itapanhaú, que permitirá transferir até 2.500 litros por segundo para a represa Biritiba, que pertence ao Sistema Alto Tietê. O Itapanhaú nasce na cabeceira da Serra do Mar e parte da sua vazão será bombeada para aumentar o nível do Alto Tietê e esta obra está em fase de projeto e licenciamento.

Também para o ano que vem, a Sabesp trabalha no novo Sistema Produtor São Lourenço, que está sendo construído por PPP e que vai levar água nova para a Grande São Paulo. Serão até 6.400 litros por segundo, captados da represa Cachoeira do França, na região de Ibiúna.

Em fase inicial e também previsão de entrega para o ano que vem, a Interligação Atibainha-Jaguari é uma obra estruturante que vai beneficiar tanto a Grande São Paulo quanto o Vale do Paraíba. Trata-se da conexão entre duas represas de bacias diferentes: a Atibainha, que pertence ao Sistema Cantareira, e a Jaguari, que fica na cidade de Igaratá e pertence à bacia do rio Paraíba do Sul e que bombeará uma média de 5.100 litros por segundo, ajudando a recompor as reservas do Cantareira.

Fonte: R7
Foto: Divulgação

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