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O que Petrópolis tem a ver com resiliência e sustentabilidade

 

Imagem Ilustrativa

 

É urgente mapear onde e quais são os principais riscos e populações mais expostas às mudanças climáticas e colocar em prática planos de ação

 

A tragédia de Petrópolis nos lembra que eventos climáticos extremos possuem custos sociais, ambientais e econômicos tão altos que são difíceis de medir. Se por um lado a mobilização da sociedade civil para socorrer pessoas impactadas reacende a esperança de que há algo de bom na humanidade, por outro a lembrança de que parte do desastre poderia ter sido evitada deixa a sensação de que falhamos como civilização.

Eventos como este funcionam como reforço para aprendermos o fato de que os efeitos das mudanças climáticas produzidas pelo homem já são parcialmente inevitáveis: desdobramentos como maior frequência de eventos climáticos extremos, degelo das calotas polares e geleiras, aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos devem continuar acontecendo mesmo em cenários de cortes abruptos nas emissões de gases de efeito estufa.

É uma realidade difícil de encarar, mas que tem feito crescer a discussão sobre estratégias de mitigação e adaptação climáticas. Contudo, apesar da relevância, parece que continuamos a cair na armadilha de ignorar riscos. Na COP 26, por exemplo, a regulamentação do mercado internacional de carbono destinou menos recursos do que o inicialmente programado para o Fundo de Adaptação que será destinado a países mais vulneráveis.

Precisamos correr com boa governança e capacidade de implementação para compensar o atraso e a falta de recursos destinados à construção de sistemas resilientes. Nesse ponto, vale aprofundar um pouco o conceito, defendido pelas professoras Melinda Harm Benson e Robin Kundis Craig no livro The End of Sustainability — Resilience and the Future of Environmental Governance in the Anthropocene (University Press of Kansas, 2017. Sem tradução para o português).

 

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Elas argumentam que o entendimento de sustentabilidade como a capacidade de continuar realizando uma atividade, processo ou uso específico dos recursos naturais no longo prazo não é suficiente para provocar as mudanças de comportamento na velocidade e escala necessárias para combater as emergentes mudanças climáticas.

Como alternativa para representar a realidade dos sistemas complexos que regem a interação dos seres humanos com o ecossistema de forma mais eficiente e assim estabelecer metas e sistemas de governança que permitam superar os desafios do desenvolvimento sustentável, as autoras propõem o conceito de resiliência, que foca na capacidade de adaptação mais do que na busca por um (às vezes inalcançável) ponto de equilíbrio.

 

“Resiliência pode ser caracterizada de três maneiras: (1) a quantidade de mudança que o sistema pode sofrer enquanto mantém os mesmos parâmetros de função e estrutura; (2) o grau em que o sistema é capaz de se auto-organizar; e (3) a habilidade de construir e aumentar a capacidade de aprendizado e adaptação”.

 

O debate teórico soma-se aos casos reais que tornam explícito o custo da inação. Ficar parado é caro demais — social, ambiental e economicamente. É fundamental avançar na definição de políticas públicas e na própria governança do desenvolvimento sustentável, considerando também a complexidade e interdependência dos sistemas ecossociais. Petrópolis evidencia que mitigação e resiliência não são temas do futuro, mas do presente.

É urgente mapear onde e quais são os principais riscos e populações mais expostas às mudanças climáticas e colocar em prática planos de ação específicos para elevar a resiliência dos sistemas e/ou desenvolver estratégias de mitigação e adaptação à nova realidade que, diga-se de passagem, será imposta a populações vulneráveis como consequência das ações de quem concentra poder e recursos para evitar o pior, mas prefere terceirizar os riscos de suas decisões.

Fonte: Bússola Exame
Por: Danilo Maeda

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