saneamento basico

Frente Parlamentar da Alepe visita comunidades e comprova descaso

“O esgoto não cai direto no canal porque a gente quer. Mas, se não tem saneamento, a urina e as fezes vão para onde?”. O desabafo é da auxiliar de serviços gerais, Maria do Carmo, de 32 anos. Ela é apenas uma das cerca de 800 pessoas que moram na comunidade do Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro, na Zona Oeste do Recife, e que vivencia diariamente os problemas causados em decorrência da falta de saneamento básico.

Segundo a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), 80% da comunidade não tem saneamento nem asfaltamento e a saída de esgoto das casas são despejadas diretamente num canal que corta a comunidade e deságua no Rio Capibaribe. A localidade em que Maria do Carmo mora foi uma das comunidades ribeirinhas visitadas pela Frente Parlamentar de Revitalização do Rio São Francisco e demais Rios. O grupo foi criado pela Assembleia Legislativa a fim de fazer um diagnóstico de pontos vulneráveis dos rios Capibaribe e Beberibe e discutir políticas públicas de defesa desses mananciais.

Sem instalações sanitárias adequadas, o esgoto a céu aberto também causa uma outra preocupação nos moradores da Caranguejo Tabaiares: a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. “Aqui (na comunidade) todo mundo já pegou. Esse esgoto chama muito mosquito, fora rato, barata, tudo o que não presta entra nas nossas casas. Se nós tivéssemos saneamento, a realidade seria outra.

Viveríamos com dignidade e não ia sobrar para o Capibaribe “, queixou-se Maria. Porém, enquanto alguns têm a preocupação de não deixar água parada, o vigilante Edmilson de Santana, 42 anos e morando há 20 na comunidade, vem na contramão. No terraço, voltado para o canal, Edmilson faz da carcaça de uma geladeira, o seu tanque. Porém, nenhuma lona protege a água limpa do mosquito. Como se não bastasse, uma grande quantidade de lixo “mora” ao lado da casa de Santana. Lá, há de tudo: potes de iogurte, tampas, garrafas e bacias, ótimos criadouros para o Aedes. “Mas, esse lixo todo não é só minha culpa. A comunidade toda joga lixo no canal”, defendeu-se.

O cenário também é preocupante num terreno situado logo na entrada do bairro de Salgadinho, em Olinda, no Grande Recife. A Folha esteve no local e comprovou o que a frente parlamentar denuncia: as margens do local, banhadas pelo Rio Beberibe, estão assoreadas e tomadas por um mar de lixo. Saneamento básico por lá também não existe. “Esta foi a primeira de uma série de vistorias.

Constatamos o sofrimento da população ribeirinha e ficou claro que o projeto de saneamento básico é o princípio básico da revitalização de um rio. Os canais foram feitos para drenar a água da chuva, mas acabam escoando os dejetos dos esgotos”, salientou o presidente da frente, o deputado Odacy Amorim. O parlamentar também ressaltou que todos os registros feitos na visita farão parte do relatório final do colegiado. Além da Caranguejo Tabaiares e o terreno no bairro de Salgadinho, a Vila dos Pescadores, em Afogados, e a comunidade dos Coelhos, na área Central do Recife, também foram vistoriados.

Fonte: Folha de Pernambuco
Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco

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